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PS em silêncio sobre declarações de Jerónimo e Catarina

A discussão em torno da durabilidade da geringonça voltou à ribalta, primeiro com uma entrevista de Catarina Martins, e depois com declarações de Jerónimo de Sousa. Líderes deixam avisos e desabafos ao mesmo tempo que reafirmam compromissos com o PS.

Partido Socialista e Bloco de Esquerda aproximam-se em algumas medidas, como a devolução dos salários ou os cortes nas pensões, embora os distinga o alcance e a profundidade.
Miguel Baltazar/Negócios
22 de Agosto de 2016 às 17:57
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Nem o Partido Socialista, nem o Governo quiseram comentar a polémica em torno das declarações dos líderes dos dois partidos que apoiam o Executivo de António Costa no Parlamento.

Em dois dias, declarações de Catarina Martins e de Jerónimo de Sousa vieram reacender a questão sobre a durabilidade da actual solução governativa, também conhecida como geringonça. No sábado, o Público intitulou uma entrevista com Catarina Martins com a seguinte frase: "Todos os dias me arrependo da geringonça".

Rapidamente, as redes sociais se encheram de comentários sobre a exactidão e razoabilidade do título, uns a favor e outros contra. No Facebook, a entrevistada limitou-se a dizer: "Se o título vos despertar curiosidade, convido-vos a ler a entrevista. Bom dia".

 

Na entrevista, Catarina Martins é questionada sobre se "não houve nenhum momento em que se arrependesse da criação da geringonça". "Todos os dias me arrependo. Faz parte", respondeu a líder do Bloco, explicando que "todos os dias somos confrontados com as limitações. Agora, naturalmente, enquanto os objectivos que estiverem a ser traçados forem cumpridos, cá estamos. Com as dificuldades de todos os dias".

Perante a insistência do jornal sobre o significado daquela formulação, a coordenadora do Bloco aprofundou a ideia: "todos os dias sou confrontada com os limites da geringonça. Isso custa. O que não é mau, é o que temos de fazer. Há dois objectivos essenciais no acordo que o BE fez, mas fizemo-lo e lutámos por ele: travar o empobrecimento do país e afastar a direita do Governo". 

No dia seguinte, foi a vez de uma declaração de Jerónimo de Sousa dar fôlego às especulações sobre a saúde da geringonça. Tal como Catarina Martins, também o secretário-geral do PCP reforçou o compromisso do partido com a actual solução governativa, mas deixou sair os habituais avisos à navegação. "Temos a consciência da limitação, da insuficiência que constitui a posição conjunta PS/PCP/Bloco. Estamos dispostos, designadamente no Orçamento do Estado para 2017, a concretizar aquilo que está nessa posição conjunta", em concreto ao nível da reposição de direitos e salários. E concretizou: "Votaremos a favor daquilo que for bom para os trabalhadores e para o povo; votaremos contra aquilo que for negativo, não estando de acordo que se retome esse caminho de andar para trás". 

O discurso de Jerónimo de Sousa aguçou-se quando se referiu à Europa e aos tratados europeus. "O Governo (PS) continua com uma certa ilusão de que é possível neste malha apertada dar um jeito, com alguma flexibilidade, e continuar uma política de desenvolvimento. Ora, não bate a bota com a perdigota e a contradição vai acentuar-se", disse o líder comunista, citado pela Lusa. 

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