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PS chocado? Marcelo responde, socialistas põem água na fervura

Arrufos ou fim do estado de graça? O jornal Público desta quinta-feira trouxe para a praça pública uma questão que já se adivinhava desde o discurso de Marcelo em Oliveira do Hospital que levaria à demissão da ministra da Administração Interna.

Miguel Baltazar/Negócios
Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt 27 de Outubro de 2017 às 01:02

"Há duas maneiras de encarar a realidade. Uma maneira é o diz que disse especulativo de saber quem ficou mais chocado: se foi A com o discurso de B, se foi B com o discurso de A. E, depois, há uma segunda maneira, que é a de compreender que chocado ficou o país com a tragédia vivida, com os milhares de pessoas atingidas". Em poucas palavras, o Presidente da República arrumou assim o tema político que marcou o dia de ontem.

 

Segundo o jornal Público, que cita fontes socialistas, o Governo ficou "chocado" com o discurso de Marcelo em Oliveira do Hospital, quando o Presidente exigiu a António Costa que retirasse "todas, mas mesmo todas as consequências da tragédia de Pedrógão" e que desse início a um "novo ciclo".

 

O discurso de Marcelo terá apanhado de surpresa as hostes socialistas, uma vez que, segundo o Público, o Chefe de Estado estaria já informado das medidas que estavam a ser preparadas, do respectivo calendário e, até, da saída da ministra da Administração Interna.

 

Costa queria que a Constança Urbano de Sousa saísse só depois da apresentação das medidas, uma vez que foi ela quem as preparou. Nesse contexto, o discurso do Presidente apanharia todos de surpresa, já que esperavam que fosse "duro", mas não que trouxesse o ultimato que acabou por ser feito.

 

Não é esta a primeira vez que o discurso sobe de tom entre Marcelo e o Governo. O Chefe de Estado já por várias vezes vetou politicamente diplomas provenientes do Governo. Aconteceu com o diploma que obrigava os bancos a informar a Autoridade Tributária sobre as contas bancárias de residentes em território nacional com saldo superior a 50 mil euros. Ou com o diploma sobre gestação de substituição, o Estatuto dos Militares da GNR ou, ainda, com a transferência da Carris para a câmara. O Governo recuou, melhorou diplomas  e as situações foram ultrapassadas.

 

Desta vez, o verniz acabou por estalar. E isso aconteceu numa altura em que o Executivo se encontrava debaixo de grande pressão e a atravessar a fase mais difícil do seu mandato, na sequência da repetição da tragédia dos incêndios. Se António Costa nada disse, não faltaram vozes do PS a mostrar o seu desagrado. No jornal oficial do partido, Simões Ilharco escreveu que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "exorbitou" os seus poderes, revelando "demagogia e populismo". Na mesma linha, Porfírio Silva, membro do secretariado nacional do PS acusou-o de "aproveitamento politiqueiro" da tragédia dos incêndios.

 

Lançada a polémica, ao longo desta quinta-feira, foram várias as vozes socialistas que acorreram a colocar água na fervura. Edite Estrela, deputada socialista e directora oficial do jornal do partido, já veio demarcar-se das críticas a Marcelo feitas no "Acção Socialista".

 

Pouco depois seria a vez de Carlos César vir também acalmar as vozes. O presidente do partido afirmou à Lusa que as relações entre o Governo e o Presidente da República "são boas" e muito relevantes para o actual quadro de estabilidade política "e assim devem continuar". 

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