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Passos Coelho: Desigualdade social "não foi agravada pela crise"
O primeiro-ministro afirmou, na abertura do último debate quinzenal do ano, que a economia tem registado uma trajectória positiva. Apesar de o crescimento ser “moderado”, é também “sustentável”. E as desigualdades não foram agravadas pela crise, garantiu.
A economia traz notícias positivas, garantiu Passos Coelho esta manhã no Parlamento, na abertura do debate quinzenal. "Creio poder dizer com segurança que nós temos registado um crescimento moderado da nossa economia, mas, no entanto, trata-se de crescimento sustentado", sublinhou. "Esse crescimento sustentado está apoiado em contas externas positivas" e "também em exportações que mantêm uma tendência de crescimento apesar da adversidade externa", destacou.
Sobram alguns problemas, nomeadamente com o desemprego e com as desigualdades sociais. Estas últimas, congratulou-se, não foram agravadas pela situação de crise. "Temos problemas sérios com a desigualdade social que tem de ser corrigida. É matéria que, felizmente, não foi agravada pela crise, mas que temos, de há muitos anos a esta parte, uma assimetria demasiado cavada que tem de ser corrigida e que permanece como risco", sustentou.
Mais à frente no debate, e acossado por críticas da oposição, nomeadamente de Jerónimo de Sousa, do PCP, Passos Coelho deu mais explicações. "A crise podia ter agravado as desigualdades, mas não agravou", assegurou, citando dados do Eurostat. "Vê-se bem, na distribuição do rendimento, aonde é que a quebra foi mais elevada: foi nos rendimentos mais elevados".
Dirigindo-se a Jerónimo de Sousa, Passos afirmou: "pode dizer: o que é que me interessa que quem tem muito perca muito? Não vou dizer o contrário, mas não está à espera que eu negue que houve uma preocupação clara do Governo para que os sacrifícios não estivessem concentrados em quem tem menos", justificou. O primeiro-ministro deixou uma garantia. "Não ignoro que ainda há portugueses que passam sérias dificuldades".
Desemprego baixou à custa de emigração, reconhece Passos
O outro risco "muito considerável para 2015", segundo Passos Coelho, é o desemprego. "Continuamos a ter uma taxa de desemprego muito elevada", apesar de "não tão elevada quanto em outros países europeus". O primeiro-ministro reconheceu que a descida da taxa de desemprego este ano se baseou na emigração. "O desaceleramento do desemprego tem sido feito à custa de todos os que buscaram outras economias para se empregar e para encontrar, no imediato, alternativa ao que não encontraram no seu país", admitiu.
Mas "também à custa da criação de emprego", assinalou. "E o emprego que tem vindo a ser criado é um emprego que, no essencial, é progressivamente menos precário, e portanto, um emprego que não vive de expedientes, é um emprego que tem vindo a corresponder a contratações pelo sector privado e não pelo público". E, em parte, esse emprego "tem vindo a corresponder a uma consequência positiva das políticas activas de emprego", ou seja, estágios.