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Moção de Cristas aprovada de madrugada no Congresso do CDS-PP

O 26.º Congresso do CDS-PP termina este domingo, 13 de Março, com a eleição dos novos órgãos nacionais do partido, depois de a moção de Assunção Cristas ter sido aprovada já de madrugada com 877 votos.

Bruno Simão/Negócios
13 de Março de 2016 às 11:21
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A nova presidente do CDS-PP, que sucede a Paulo Portas, fará este domingo, 13 de Março, o discurso de encerramento do Congresso de Gondomar, depois de serem anunciados os resultados da votação para as estruturas nacionais do partido.

Assunção Cristas irá ter quatro vice-presidentes (em vez dos oito da direcção de Paulo Portas): Nuno Melo, que se mantém, Adolfo Mesquita Nunes e Cecília Meireles, que sobem de vogais da comissão executiva, além de Nuno Magalhães, que continua na vice-presidência por inerência por ser líder parlamentar.

O novo secretário-geral será Pedro Morais Soares, presidente da Junta de Freguesia Cascais/Estoril (concelho de Cascais), e o porta-voz vai ser João Almeida, até agora vice-presidente, enquanto Diogo Feio vai presidir ao Gabinete de Estudos.

Para número um da lista do Conselho Nacional, Cristas faz regressar à vida partidária o "histórico" António Lobo Xavier, mantendo Telmo Correia na presidência da Mesa deste órgão e Luís Queiró à frente da Mesa do Congresso.

O deputado e porta-voz do CDS-PP Filipe Lobo D'Ávila vai encabeçar uma lista alternativa à de Assunção Cristas ao Conselho Nacional, o órgão máximo do partido entre congressos, confirmou o próprio à Lusa.

Ana Rita Bessa, deputada responsável pelo pelouro da Educação, e Teresa Anjinho, ex-deputada, irão integrar a Comissão Executiva, o "núcleo duro" da direcção. Para a Comissão Política, Cristas chamou sete personalidades independentes, entre as quais as professoras universitárias Mariana França Gouveia e Raquel Vaz Pinto.

O primeiro dia ficou marcado pela despedida, com lágrimas, do presidente cessante Paulo Portas, que deixou em aberto o que fará no futuro, dizendo que especulações a mais de seis meses ou a dez anos são "atrevimento".

O discurso de despedida não deixou de ter conteúdo político, com críticas ao governador do Banco de Portugal, comentários sobre as relações de Portugal com Angola, e apelos aos eleitores do CDS para que deixem de ter medo de votar "na sua primeira escolha" por medo de uma vitória da esquerda.

O tema foi retomado por vários congressistas, entre os quais Assunção Cristas, que disse que "caiu em definitivo o mito do voto útil", depois dos resultados das últimas eleições legislativas.

Telmo Correia foi mais longe e disse que o CDS irá disputar eleitorado ao centro e até à esquerda, enquanto Adolfo Mesquita Nunes afirmou que "os votos não têm dono", numa referência ao anterior parceiro de coligação, o PSD, cujo líder, Pedro Passos Coelho, estará hoje no encerramento do congresso.

O debate entre um CDS pragmático e outro mais doutrinário foi outra tónica do primeiro dia do Congresso de Gondomar, com Assunção Cristas a defender que o partido tem de responder aos problemas concretos das pessoas, sendo secundada nesta abordagem por Diogo Feio, João Almeida e Mesquita Nunes.

Noutro sentido, Filipe Lobo d’ Ávila pediu um partido definido, que não se dilua nos seus aliados, e o antigo líder José Ribeiro e Castro defendeu a matriz democrata-cristã, considerando que foi este debate, no passado, que levou o CDS a ser o "partido do táxi".

Já Lobo Xavier pediu a Cristas que não se deixe influenciar por nada e Nuno Melo, que se retirou da corrida à liderança do CDS-PP, teve uma das intervenções mais aplaudidas do Congresso, no qual prometeu apoio total a Assunção Cristas.

Cristas falou três vezes ao Congresso no primeiro dia, e numa intervenção à hora dos telejornais, fez um retrato pessoal, no qual justificou a sua candidatura com a sua experiência familiar, profissional, condição de mulher e mãe e até com a sua fé católica.

Moção aprovada

A moção de Assunção Cristas, intitulada "Ambição e Responsabilidade", foi aprovada com 877 votos, contra 11 votos da única moção que foi a votos em alternativa.

Das dez moções globais apresentadas ao 26.º Congresso do CDS-PP, apenas duas foram a votos: a moção encabeçada por Assunção Cristas e a moção D, "Uma estratégia para Portugal", que tem como primeiro subscritor Miguel Mattos Chaves, a qual obteve apenas 11 votos.

Todos os subscritores das restantes oito moções abdicaram de ir a votos. A apresentação de uma moção de estratégia global, que é votada em alternativa, não implica uma candidatura à liderança, mas sem ela não se pode ser candidato. As moções de estratégia global são, de acordo com os estatutos, um documento que fixa "a orientação geral do partido".

Há dois anos, no Congresso de Oliveira do Bairro, a moção "Responsabilidade e Identidade", do líder Paulo Portas, obteve 82% dos votos, contra 16,6% da moção encabeçada por Filipe Anacoreta Correia, do movimento Alternativa e Responsabilidade.

Na moção de 31 páginas, Assunção Cristas remete para um futuro Conselho Nacional a definição da estratégia nas eleições autárquicas, e afirma que a oposição ao "governo das esquerdas" é a marca do partido.

Assunção Cristas tem reiterado que não afasta a possibilidade de um novo Governo PSD/CDS sair do atual quadro parlamentar, em caso de o executivo do PS falhar, embora considere que tal é altamente improvável com o actual secretário-geral socialista, António Costa.

Não se comprometendo com medidas, a moção de Cristas aponta para a necessidade de ser estudada uma reforma do sistema eleitoral, admite a possibilidade de a ADSE ser um sistema aberto a trabalhadores do privado, e defende a necessidade de abrir o já existente Gabinete de Estudos à participação de pessoas fora do partido.

 

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