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Governo destina menos de um terço das subvenções da Europa para apoiar empresas

O deputado único da IL não ficou com muita esperança sobre o Plano de Recuperação Económica que o Governo está a preparar com base na Visão Estratégica de Costa Silva. Cotrim Figueiredo critica intenção de canalizar apenas um terço das subvenções para gerar riqueza com medidas para apoiar empresas e emprego.

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21 de Setembro de 2020 às 11:28
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O Governo planeia investir menos de um terço dos 15,3 mil milhões de euros que poderá receber da União Europeia a fundo perdido para financiar medidas de apoio às empresas e à criação de emprego, adiantou esta manhã João Cotrim Figueiredo, deputado único e líder da Iniciativa Liberal, no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa. 

Depois do encontro mantido em São Bento, o líder da IL confirmou a intenção já revelada pelo Executivo socialista de privilegiar os dinheiros europeus atribuídos via subvenções (sem custos associados) em detrimento do recurso aos empréstimos em condições favoráveis que serão também colocados à disposição dos Estados-membros por parte de Bruxelas. 

"Talvez menos de um terço é aplicado diretamente em investimentos reprodutivos, capitalização de empresas e geração de emprego e isso, para nós, é insuficiente", declarou. Já em declarações ao Negócios, o deputado especifica que, "na melhor das hipóteses, chegamos a 4 mil milhões de euros" de dinheiro a fundo perdido para apoiar o tecido empresarial. O deputado conta ainda ter feito esta mesma crítica na reunião desta manhã, tendo ouvido do Governo a explicação de que, habitualmente, o país destina 25% a 30% dos fundos comunitários para medidas de apoio às empresas.

Para o deputado, "dois terços [de 15,3 mil milhões de euros] afetos a outro tipo de prioridades parece errado".


Cotrim Figueiredo considera que o Governo deveria, "primeiro, ter uma estratégia clara de geração de riqueza". "Essa riqueza, até o próprio Costa Silva defende, é criada pelas empresas e não pelo Estado", argumentou lembrando as palavras do consultor independente que propôs as medidas da Visão Estratégica que servem de base ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o Executivo agora começa a negociar com os partidos com assento parlamentar a fim de poder enviar, até 15 de outubro, um primeiro esboço para a Comissão Europeia.

Além do pouco dinheiro para as empresas, a Iniciativa Liberal aponta outra crítica às prioridades do Governo para o PRR e que se mantém idêntica à crítica já feita à Visão Estratégica de Costa Silva. "É um catálogo de ideias sem prioridades escaladas, demasiado dirigista" e com "alguns aspetos propagandísticos do ponto de vista poítico". 

Capacidade de execução é motivo de apreensão
João Cotrim Figueiredo mostrou ainda preocupação em relação à capacidade do país para executar 6 a 7 mil milhões de euros de fundos comunitários por ano no próximo pacote europeu quando está habituado a executar em média 3 a 3,2 mil milhões anuais. 

"O Governo prepara-se para ter o mesmo tipo de gestão, de governação, desses fundos", disse aos jornalistas presentes em São Bento para depois, em súmula feita ao Negócios, acrescentar: "O Governo está a preparar-se para fazer as mesmas coisas, do ponto de vista das medidas e do programa, e esperar um resultado diferente", critica sustentando que tal estratégia consiste em ser "o Estado a impor prioridades e projetos" quando devia apostar em "alterar a estrutura económica e social do país".

A finalizar, o deputado liberal lamenta ainda que o PRR do Governo seja um "aparente decalque do plano de Costa Silva" e que não mostra "nenhuma das caraterísticas de gestão que mobilize as pessoas", tudo motivos que o levam a sentir "desapontamento", a temer poder ser um "indício de oportunidade perdida" e a concluir que a IL não fica "com muita esperança". 

Depois da apresentação dos contributos públicos para a sua Visão, Costa Silva esteve, na semana passada, no Parlamento para discutir o plano para a próxima década com os deputados, tendo ouvido críticas de todos os partidos à exceção do PS.

Ao longo do dia, o primeiro-ministro vai receber os restantes partidos representados na Assembleia da República. 

 

(Notícia atualizada)

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