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"Gostaríamos de continuar a confiar nos Estados Unidos da América", diz Marcelo
O Presidente da República afirmou hoje que Portugal gostaria de "continuar a confiar nos Estados Unidos da América", numa intervenção em que salientou a importância dos valores da confiança e do conhecimento mútuo para as relações bilaterais.
"Sabemos que toda a verdadeira aliança e amizade tem de ser cultivada todos os dias. E que actos e omissões unilaterais devem visar reforçá-la e não enfraquece-la. Mas estamos naturalmente cientes de que o significado destes gestos só pode ser inteiramente apreendido se houver conhecimento mútuo, empatia, e é por isso que temos vindo a apostar em dar-nos a conhecer melhor nos Estados Unidos da América", declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no encerramento da conferência "Os Estados Unidos e Portugal: Uma Parceria para a Prosperidade", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, subscreveu a ideia defendida pelo primeiro-ministro, António Costa, na sessão de abertura deste encontro, de que Portugal pode ser uma "segunda casa" para investidores norte-americanos após a saída do Reino Unido da União Europeia.
O chefe de Estado apresentou Portugal "a primeira porta da América do Norte para a União Europeia do futuro" e como "um país fiável, que trilha um caminho consistente, que foi capaz de lidar com a crise". Neste contexto, sustentou: "Como dizia o senhor primeiro-ministro esta manhã, o destino ideal para investimento americano na nova Europa pós-Brexit".
Perante o embaixador norte-americano em Lisboa, George E. Glass (na foto com Marcelo Rebelo de Sousa), o Presidente da República apontou a confiança como um valor fundamental no plano das relações bilaterais e realçou que Portugal foi "o primeiro país neutral" a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América: "Tratou-se de um gesto político ousado na altura, porque a Inglaterra era o nosso mais velho aliado. Isso não obstou à decisão que tomámos".
"Nós confiámos. Percebemos que podíamos continuar a confiar. E gostaríamos de continuar a confiar nos Estados Unidos da América, independentemente das conjunturas políticas específicas dos nossos percursos históricos. Nós confiamos em vocês, confiem em nós de volta", acrescentou.
Nesta conferência, promovida pela embaixada norte-americana em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa não mencionou a decisão da administração norte-americana de impor tarifas alfandegárias nas importações de aço e alumínio da União Europeia nem abordou a situação da base das Lajes, nos Açores, mas apelou à "cooperação energética ou geoestratégica no Atlântico" entre Portugal e Estados Unidos.
"Gostaríamos não só de poder continuar a confiar nos Estados Unidos da América, como gostaríamos que os Estados Unidos continuassem a confiar em nós como aliado que somos. Queremos que a aliança entre os nossos países seja reconhecida e valorizada por todos", insistiu.
No seu entender, Portugal tem dado "sinais muito claros" nesse sentido, por exemplo, ao contribuir "para os esforços colectivos em matéria de segurança internacional".
Frisando a importância do conhecimento mútuo, prosseguiu: "É por isso que temos vindo a apostar em dar-nos a conhecer melhor nos Estados Unidos da América. E também nos temos querido aproximar para conhecer de forma mais aprofundada a realidade norte-americana".
Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou como "diplomacia pública" a celebração do Dia de Portugal nos Estados Unidos, bem como a subsequente visita do primeiro-ministro a várias cidades norte-americanas, até 14 de Junho, e a sua deslocação a Washington, no final deste mês, para um encontro com o Presidente Donald Trump.
Os Estados Unidos têm em Portugal um aliado europeu "com os olhos no Atlântico", aberto ao mundo, empenhado no diálogo e preocupado em fazer pontes, disse.
"É por isso que, numa altura de maior inquietação a nível internacional, mesmo entre velhos amigos e aliados, ficamos preocupados e desejamos poder contribuir para contrariar essa tendência. Portugal estará permanentemente empenhado na procura de caminhos de entendimento entre os dois lados do Atlântico", acrescentou, concluindo: "Estamos condenados a estarmos juntos. E tenho a certeza de que nada nem ninguém nos afastará dessa convergência secular".