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Freitas do Amaral diz que situação da Crimeia foi criada por "provocações" do Ocidente

O antigo presidente da assembleia-geral da ONU Freitas do Amaral afirmou que a situação da Crimeia foi criada pela "provocação" e "desestabilização" que o "Ocidente, e em particular a Alemanha," andou a provocar na Ucrânia.

Bruno Simão
04 de Abril de 2014 às 20:57
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"É óbvio que a Rússia violou o direito internacional ao incorporar a Crimeia da forma como o fez. Agora também é óbvio, a meu ver, que o mundo ocidental, e em particular a Alemanha da senhora Merkel, está há dois ou três anos a desestabilizar a vida interna da Ucrânia para ver se consegue que a Ucrânia venha para a NATO e para União Europeia; coisa que a Rússia nunca vai aceitar", disse.

 

Freitas do Amaral falava, na Covilhã, à margem de uma conferência que proferiu sobre as "Funções Visíveis e Invisíveis da ONU", uma iniciativa organizada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior.

 

Questionado pela Lusa sobre a situação na Crimeia, Freitas do Amaral não teve dúvidas em referir que a "Rússia não devia ter feito as coisas de maneira tão brutal" e defendeu que havia uma forma mais pacífica de reincorporar a Crimeia: "Bastava que o parlamento Russo tivesse anulado, por lei, o decreto que ofereceu a Crimeia, que sempre foi russa, à Ucrânia".

 

O também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que essa atitude teria sido "irrepreensível do ponto de vista constitucional e jurídico" e que "a partir daí [a Rússia] podia efectivamente ocupar um território que tinha voltado a ser seu e que nunca deveria ter deixado de ser".

 

Freitas do Amaral acrescentou ainda que a resposta dada pela Rússia, ao que classificou como uma "desestabilização" e uma "Provocação" levadas a cabo pelo Ocidente e pela Nato, "já era de esperar".

 

Para ilustrar melhor a situação, o ex-ministro fez mesmo um paralelo com uma eventual ocupação de Espanha em Portugal. "A Ucrânia é parte integrante da Rússia, embora tenha recebido uma independência formal, a Rússia começou na Ucrânia. (...) Era a mesma coisa que se Espanha andasse às turras connosco dissesse, 'bom nós respeitamos a vossa soberania, mas Guimarães passa para cá'. Guimarães onde Portugal nasceu? Onde D. Afonso Henriques manteve a capital durante os primeiros anos da nossa história? Ora não seria possível", sublinhou.

 

Relativamente a uma eventual intervenção contundente da ONU, o antigo presidente da assembleia-geral considerou que a mesma não poderia ter sido realizada porque este "é um caso em que ninguém arrisca".

 

"A Rússia tem na Crimeia não só a sua maior base naval, mas - uma coisa que normalmente não se diz - a sua maior esquadra naval, designadamente submarinos com misseis nucleares. Alguém vai admitir que a Rússia alguma vez deixaria que a Crimeia deixe de lhe pertencer? Temos de ser realistas", concluiu.

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