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Costa: Homenageamos Mário Soares continuando combate por um Portugal melhor
O primeiro-ministro, que não esteve nas cerimónias fúnebres de Mário Soares, há um ano, por se encontrar em visita de Estado à Índia, prestou-lhe hoje homenagem no lugar da sua sepultura e recordou-o com "um homem exemplar".
O primeiro-ministro e secretário-geral do PS considerou hoje que a mais justa homenagem a Mário Soares é continuar o seu combate por um Portugal melhor e que esse desígnio é cumprido diariamente honrando as suas lutas.
António Costa falava numa cerimónia de tributo ao antigo Presidente da República, um ano após a sua morte, na capela do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
O primeiro-ministro, que não esteve nas cerimónias fúnebres de Mário Soares, há um ano, por se encontrar em visita de Estado à Índia, prestou-lhe hoje homenagem no lugar da sua sepultura e recordou-o com "um homem exemplar", que "aliou o idealismo e o realismo" e "construiu a história, e por isso a história guardará o seu nome, a sua obra e o seu exemplo".
"A nossa mais justa homenagem a Mário Soares é continuarmos o seu combate por um Portugal melhor. Cumprimos diariamente esse desígnio honrando as suas lutas. Sempre que lutamos por um Portugal mais desenvolvido e mais justo, homenageamos Mário Soares", afirmou, num discurso de cerca de cinco minutos.
Perante a família de Mário Soares, o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República, António Costa acrescentou: "Sempre que promovemos a liberdade e a cultura, homenageamos Mário Soares. Sempre que nos batemos por uma Europa mais solidária, homenageamos Mário Soares".
"Sempre que lutamos por um mundo de paz e de progresso, homenageamos Mário Soares. E o nosso dever é todos os dias homenagearmos Mário Soares. Republicano, laico e socialista, assim se disse e assim se quis. E podemos acrescentar: humanista, universalista, português, europeu e cidadão do mundo", completou.
"Mário Soares invoca-nos a não trocarmos o sonho pelo acomodamento"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que Mário Soares invoca Portugal a não trocar "o sonho pelo acomodamento" e a lutar por "mais liberdade, mais igualdade, mais democracia e mais Europa dos europeus".
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, "um ano volvido, Mário Soares continua vivo". "Fechou-se com ele um ciclo decisivo da nossa democracia, da passagem da ditadura e, depois, da gesta dos militares de Abril para a plena soberania popular. Mas ele, o homem, ele, o testemunho, continuam vivos", acrescentou.
O Presidente da República descreveu o testemunho de Mário Soares como "a liberdade sem peias, a justiça sem delongas, a democracia sem tergiversações, a solidariedade sem guetos, a proximidade sem complexos, travão de messianismos, sebastianismos e providencialismos, a Europa sem medo dos europeus, o mundo sem guerras e opressões".
Na presença do primeiro-ministro, do presidente da Assembleia da República e dos filhos e netos de Mário Soares, Marcelo Rebelo de Sousa questionou: "É um sonho utópico, é um desafio impossível, é um programa inviável?".
"Pode ser que sim, para muitos. Mas não era para Mário Soares. Não deve ser para nós, hoje. Ele nos conjura a não trocarmos o sonho pelo acomodamento, o combate pela resignação, a convicção pela concessão", defendeu.
O Presidente da República prosseguiu: "Mais liberdade, mais igualdade, mais democracia, mais Europa dos europeus, mais paz, mais justiça, mais fraternidade universal. Um ano depois, Mário Soares continua connosco nesta saga, como sempre esteve, de cabeça erguida, sorriso confiante, peito feito ao vento, olhos no futuro".
"Mário Soares está vivo, e nós estamos mais vivos com ele", concluiu.
"Não faltar a Soares é valorizar a democracia e o europeísmo"
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, considerou hoje que a melhor forma de evocar o antigo Presidente Mário Soares é "valorizar as suas causas de sempre: a democracia, o europeísmo, a justiça social, os direitos humanos".
"Mário Soares faz-nos falta, Maria Barroso faz-nos falta. Não esqueço o que lhe devo, não esqueço o que lhe devemos. A melhor forma de não lhe faltarmos é valorizarmos hoje as suas causas de sempre: a democracia, o europeísmo, a justiça social, os direitos humanos", afirmou Eduardo Ferro Rodrigues, na sua intervenção no tributo.
Ferro Rodrigues recordou que Mário Soares "defendia o direito à indignação, o dever de lutar pelas suas convicções e a superioridade do debate e da tolerância".
"Na Assembleia da República e fora dela, vamos continuar a bater-nos por tudo isto", disse.
Mário Soares, acrescentou, "era um lutador, alguém que sabia que nada estava eternamente adquirido" e que "tudo tinha de ser conquistado e defendido de forma democrática".
Para o presidente da Assembleia da República, o antigo Presidente "mudou" a vida dos portugueses, porque foi a partir da sua visão que Portugal embarcou "na aventura da democracia, da Europa e do progresso social".
Soares "nunca precisou de ser populista para ser popular" e era um homem que "respirava liberdade e democracia", comentou ainda.
"Como ele costumava dizer, quase todos os eleitores portugueses acima dos 45 anos votaram nele pelo menos uma vez. Não deixava ninguém indiferente, tocava-nos a todos", sublinhou.
Cerca de 300 pessoas, incluindo membros do Governo e do município e deputados socialistas, assistiram hoje à cerimónia de homenagem a Mário Soares, na capela do Cemitério dos Prazeres, uma iniciativa da Câmara de Lisboa.
Intervieram no tributo, na capela do cemitério, o presidente do município lisboeta, Fernando Medina; os dois filhos de Mário Soares, João e Isabel Soares; o primeiro-ministro, António Costa; o presidente da Assembleia da República e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O tributo teve início com uma breve cerimónia de deposição de quatro coroas de flores junto ao jazigo de Maria Barroso e Mário Soares.
As coroas, da Câmara Municipal de Lisboa, do Governo, da Assembleia da República e da Presidência da República, foram sendo depositadas por elementos da guarda de honra da GNR.
Sucessivamente, o autarca Fernando Medina, António Costa, Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa ajeitaram as fitas das coroas e prestaram uma breve homenagem junto ao jazigo.
Depois, a guarda de honra entoou os toques do silêncio e o toque de alvorada.
Após os discursos, foi inaugurada a exposição "A Cerimónia do Adeus - O Funeral de Estado de Mário Soares Visto pelos Fotógrafos", composta por 49 fotografias de fotojornalistas portugueses que acompanharam, há um ano, as cerimónias fúnebres.
A exposição estará patente na galeria de exposições temporárias da capela do Cemitério dos Prazeres até ao dia 10 de junho.