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CDS: Cinco candidatos a líder entre as diferenças e as "colagens" ao passado

Os cinco candidatos a líder do CDS-PP enfrentaram-se na segunda-feira na televisão, expuseram diferenças e trocaram acusações de "colagem" à direção de Assunção Cristas que levou o partido aos 4,2% nas legislativas.

Tiago Sousa Dias
21 de Janeiro de 2020 às 00:42
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No único debate televisivo, de 54 minutos, a cinco dias do 28.º congresso, no sábado e domingo, em Aveiro, Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), o deputado João Almeida, Filipe Lobo d´Ávila, do grupo "Juntos pelo Futuro", Carlos Meira, ex-presidente da concelhia de Viana do Castelo, e Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular (JP), discutiram o passado, como recuperar o partido e com que "bandeiras".

João Almeida, que pertence à comissão diretiva de Cristas, logo no início, tentou dizer que todos os que estiveram na direção tiveram uma quota de responsabilidade no mau resultado de 06 de outubro e apontou falhas na "mensagem" da anterior líder. Se os eleitores "votam para formar uma maioria ou impedir uma maioria" ou se votam "por ideias que defendem ou por ideias que querem combater", o CDS ficou a meio da ponte", afirmou.

Filipe Lobo d'Ávila, o ex-deputado que foi um dos rostos dos críticos internos a Cristas, apontou como "principal erro" a "descaracterização da mensagem" e Abel Matos Santos apontou a uma "descafeinização" do partido, a sua "perda de rumo e de bandeiras", enquanto Francisco Rodrigues dos Santos não entrou, logo, na polémica.

Quando chegou a vez de Carlos Meira, o ex-presidente da concelhia de Viana do Castelo optou por usar a linguagem "do lavrador": "O CDS quis transformar isto numa vaca leiteira, para dar de mamar a muita gente" e hoje o partido tem uma vaca "com mamite (uma infeção)".

Depois, já na segunda ronda, lembrou, e foi repetindo isso ao longo do debate, que João Almeida era um dos responsáveis pelo estado do partido e desafiou-o, uma e outra vez, a dizer o que pensava sobre os "funcionários maltratados", que estão sem funções, ou a venda de uma sede do partido do Porto.

"Tática velha", ripostou Almeida, "falar do passado" para "não falar do futuro", ao que Meira ia repetindo que é porta-voz de Cristas. Mas o deputado disse recusar "trazer para a praça pública" questões que "já foram tratadas" dentro do partido e nenhum dos restantes adversários o defendeu.

E foi na discussão sobre a situação financeira do partido que voltou a questão de quem esteve ou não e quem votou as contas dos centristas, quando Lobo d'Ávila afirmou que estavam naquela mesa de debate três membros da comissão política -- João Almeida, Matos Santos, da TEM, e Rodrigues dos Santos, líder da JP.

Antes, Rodrigues dos Santos não gostou de ouvir João Almeida dizer que eram três à mesa que estiveram na direção de Assunção Cristas. Algo que, acusou, "revela desonestidade intelectual" por o líder da JP pertencer à comissão política por inerência.

Uma questão que dividiu os candidatos foi a atitude quanto aos novos partidos, como o Chega ou a Iniciativa Liberal.

Tanto Almeida como Lobo d'Ávila deram respostas a favor de fortalecimento do partido, com um entendimento mais ao centro e secundarizando, nesta fase, o Chega, enquanto Francisco Rodrigues dos Santos optou pela via de um partido autónomo que tem como objetivo "formar maiorias" no centro direita.

A frase valeu um comentário de Lobo d'Ávila que acusou o líder da JP de ter apoiado a tese da "ambição máxima" de Assunção Cristas, em 2016, de que pretendia vir a ser primeira-ministra.

Carlos Meira explicou que o partido tem de se preocupar com o Chega e a Iniciativa Liberal, porque perdeu eleitores para eles, e Abel Matos Santos admitiu que mais facilmente se entende com o partido de André Ventura do que com o Bloco de Esquerda.

Politicamente, o CDS, declarou o líder da JP, deve afirmar-se como um partido "da família", "de direita" e defendeu uma "chicotada psicológica" para "devolver a esperança" aos eleitores, enquanto Lobo d'Ávila fez a defesa da "matriz democrata-cristã".

E se é apontado pelos adversários como candidato da continuidade, João Almeida até concorda se for "da continuidade" dos líderes do CDS, de Adriano Moreira a Freitas do Amaral, de Manuel Monteiro a Ribeiro e Castro e Paulo Portas.
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