Notícia
Catarina Martins: "Esquerda não está condenada simplesmente a impor limites à acção do PS"
Catarina Martins lembra que, em 2015, quem passou muito tempo a desenhar cenários, "falhou-os todos", porque os partidos da esquerda conseguiram entender-se com o PS para travar o Governo PSD/CDS-PP e a política de austeridade de cortes dos rendimentos.
09 de Novembro de 2018 às 07:27
A coordenadora do BE, Catarina Martins, admite que o partido pode vir a ser chamado a "desenhar programas" após as legislativas de 2019, mas adverte que "o Bloco não vai integrar um governo que não é o seu".
"A esquerda não está condenada a, simplesmente, impor alguns limites à acção do Partido Socialista. A esquerda pode ter a responsabilidade de desenhar programas", realça a dirigente bloquista, numa entrevista à agência Lusa em que sublinha que, após as próximas legislativas, voltará a ser "a relação de forças a determinar as soluções" de Governo.
Catarina Martins lembra que, em 2015, quem passou muito tempo a desenhar cenários, "falhou-os todos", porque os partidos da esquerda conseguiram entender-se com o PS para travar o Governo PSD/CDS-PP e a política de austeridade de cortes dos rendimentos.
A dirigente bloquista recusa-se, contudo, a indicar a fasquia eleitoral que poderá levar, desta vez, os bloquistas para um governo de esquerda, defendendo que ainda há um caminho longo a percorrer até às eleições legislativas de 2019.
"Nós só estaremos no governo quando tivermos os votos para estar", assegura, depois de reconhecer que a execução da estratégia económica do partido será "mais fácil se o Bloco tiver votos e força para isso".
"É preciso ter a clareza de dizer para onde é que nós queremos ir depois deste percurso. Fizemos o acordo para parar o empobrecimento do país - era tão modesto, mas tão importante quanto isso em 2015 -, afastámos a direita, acabámos com os cortes em salários e pensões, parámos a privatizações", lembra a líder do BE.
E, agora, "o que fazer daqui para a frente?". "Para o Bloco, este é o tempo de pensarmos que isto não é tudo o que o país precisa, porque nós temos problemas estruturais gravíssimos e precisamos de olhar para o país que temos", defende.
"Nós achamos que falta muito. Falta reequilibrar as relações laborais, porque a precariedade ainda é regra... regras laborais mais fortes, um Estado social mais capaz, recuperar o universalismo do estado social", indica.
Catarina Martins aproveita para salientar que, em Portugal, "ter filhos é um sinal de empobrecimento", sustentando que "questões como recuperar o universalismo do Estado social ou os passes dos transportes serem para toda a gente são pequenos passos que devem ser alargados" na próxima legislatura.
Mas, a coordenadora do BE adverte que "uma coisa é fazer convergências sobre matérias centrais, outra coisa é achar que um partido político pode governar com um programa que não é seu".
"Isso é impossível, isso não existe", acentua, manifestando "muita preocupação com a política europeia", designadamente quanto à "retórica sobre uma invasão de imigração".
Catarina Martins elogia o "trabalho extraordinário" desempenhado pela eurodeputada do BE, Marisa Matias, que "é reconhecido não só em Portugal, mas em toda a Europa e mesmo do ponto de vista internacional".
No entanto, questionada sobre se Marisa Matias voltará a ser cabeça de lista nas eleições europeias do próximo ano, remete a decisão para os órgãos próprios do partido.
"Vamos fazer esse percurso de debate. Acho que a Convenção é também um momento muito importante e eu diria que esse é um tema que não pode ficar de fora", salienta.
Sobre a possibilidade de "convergência" no apoio a um candidato presidencial, nas eleições de 2021, a líder do BE diz ser cedo e haver ainda "muito tempo".
"Nós no Bloco gostamos de convergências, mas as convergências devem ser sobre programas políticos claros", frisa, para logo a seguir concluir: "A legislatura ainda não acabou e ainda se pode fazer muito trabalho. Nós não desistimos".
Já quanto ao mandato do Presidente da República, Catarina Martins distingue a parte institucional da política, chegando a sublinhar as intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa "contra determinados tipos de populismos que alimentam ódios na sociedade".
"Aí o Presidente da República tem tido um papel que é importante na defesa do Estado de Direito", sustenta.
Faz também a distinção relativamente ao antecessor no Palácio de Belém, Cavaco Silva, que "achava que os partidos da esquerda não poderiam negociar políticas para o país".
Marcelo é diferente e até há matérias em que "há convergência" com o BE, como na defesa do estatuto do cuidador informal, afirma.
"O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa é um homem que se coloca na direita do espectro político, que acha normal a presença do sector privado na saúde, por exemplo - quando nós defendemos uma separação clara entre público e privado - tem essa história, é nisso que acredita, foi com esse programa que foi eleito, aliás, com absoluta clareza", afirma, considerando "absolutamente normal e legítimo que as intervenções do PR promovam o tipo de programa em que acredita".
"A esquerda não está condenada a, simplesmente, impor alguns limites à acção do Partido Socialista. A esquerda pode ter a responsabilidade de desenhar programas", realça a dirigente bloquista, numa entrevista à agência Lusa em que sublinha que, após as próximas legislativas, voltará a ser "a relação de forças a determinar as soluções" de Governo.
A dirigente bloquista recusa-se, contudo, a indicar a fasquia eleitoral que poderá levar, desta vez, os bloquistas para um governo de esquerda, defendendo que ainda há um caminho longo a percorrer até às eleições legislativas de 2019.
"Nós só estaremos no governo quando tivermos os votos para estar", assegura, depois de reconhecer que a execução da estratégia económica do partido será "mais fácil se o Bloco tiver votos e força para isso".
"É preciso ter a clareza de dizer para onde é que nós queremos ir depois deste percurso. Fizemos o acordo para parar o empobrecimento do país - era tão modesto, mas tão importante quanto isso em 2015 -, afastámos a direita, acabámos com os cortes em salários e pensões, parámos a privatizações", lembra a líder do BE.
E, agora, "o que fazer daqui para a frente?". "Para o Bloco, este é o tempo de pensarmos que isto não é tudo o que o país precisa, porque nós temos problemas estruturais gravíssimos e precisamos de olhar para o país que temos", defende.
"Nós achamos que falta muito. Falta reequilibrar as relações laborais, porque a precariedade ainda é regra... regras laborais mais fortes, um Estado social mais capaz, recuperar o universalismo do estado social", indica.
Catarina Martins aproveita para salientar que, em Portugal, "ter filhos é um sinal de empobrecimento", sustentando que "questões como recuperar o universalismo do Estado social ou os passes dos transportes serem para toda a gente são pequenos passos que devem ser alargados" na próxima legislatura.
Mas, a coordenadora do BE adverte que "uma coisa é fazer convergências sobre matérias centrais, outra coisa é achar que um partido político pode governar com um programa que não é seu".
"Isso é impossível, isso não existe", acentua, manifestando "muita preocupação com a política europeia", designadamente quanto à "retórica sobre uma invasão de imigração".
Catarina Martins elogia o "trabalho extraordinário" desempenhado pela eurodeputada do BE, Marisa Matias, que "é reconhecido não só em Portugal, mas em toda a Europa e mesmo do ponto de vista internacional".
No entanto, questionada sobre se Marisa Matias voltará a ser cabeça de lista nas eleições europeias do próximo ano, remete a decisão para os órgãos próprios do partido.
"Vamos fazer esse percurso de debate. Acho que a Convenção é também um momento muito importante e eu diria que esse é um tema que não pode ficar de fora", salienta.
Sobre a possibilidade de "convergência" no apoio a um candidato presidencial, nas eleições de 2021, a líder do BE diz ser cedo e haver ainda "muito tempo".
"Nós no Bloco gostamos de convergências, mas as convergências devem ser sobre programas políticos claros", frisa, para logo a seguir concluir: "A legislatura ainda não acabou e ainda se pode fazer muito trabalho. Nós não desistimos".
Já quanto ao mandato do Presidente da República, Catarina Martins distingue a parte institucional da política, chegando a sublinhar as intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa "contra determinados tipos de populismos que alimentam ódios na sociedade".
"Aí o Presidente da República tem tido um papel que é importante na defesa do Estado de Direito", sustenta.
Faz também a distinção relativamente ao antecessor no Palácio de Belém, Cavaco Silva, que "achava que os partidos da esquerda não poderiam negociar políticas para o país".
Marcelo é diferente e até há matérias em que "há convergência" com o BE, como na defesa do estatuto do cuidador informal, afirma.
"O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa é um homem que se coloca na direita do espectro político, que acha normal a presença do sector privado na saúde, por exemplo - quando nós defendemos uma separação clara entre público e privado - tem essa história, é nisso que acredita, foi com esse programa que foi eleito, aliás, com absoluta clareza", afirma, considerando "absolutamente normal e legítimo que as intervenções do PR promovam o tipo de programa em que acredita".