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Biden leva ao Congresso crença de que EUA converteram "a crise em oportunidade"

O discurso do democrata no Capitólio vai decorrer sob um forte dispositivo de segurança, já que persiste o receio de uma reedição da tentativa de insurreição que ocorreu em 6 de janeiro, quando apoiantes de Trump tentaram invadir o Congresso para impedir a confirmação da vitória de Biden nas presidenciais de 3 de novembro.

Lusa_EPA/reuters
29 de Abril de 2021 às 01:03
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O Presidente dos Estados Unidos da América, o democrata Joe Biden, vai aproveitar a sua primeira declaração ao Congresso, esta noite, para dizer que o país vai "converter o perigo em possibilidade, a crise em oportunidade".

Biden chegou ao 100.º dia como Presidente dos EUA e o país está a emergir de uma confluência de crises sem precedentes, provocadas pela pandemia e pela polarização da sociedade impulsionada nos últimos anos pela governação do antecessor, o republicano Donald Trump.

O discurso do democrata no Capitólio vai decorrer sob um forte dispositivo de segurança, já que persiste o receio de uma reedição da tentativa de insurreição que ocorreu em 6 de janeiro, quando apoiantes de Trump tentaram invadir o Congresso para impedir a confirmação da vitória de Biden nas presidenciais de 3 de novembro.

O Presidente dos EUA vai apresentar uma proposta para um serviço pré-escolar universal, dois anos de frequência gratuita nas faculdades públicas, 225 mil milhões de dólares em cuidados infantis e pagamentos mensais de pelo menos 250 dólares para os encarregados de educação.

A ideia da administração Biden é abranger as camadas mais frágeis da população que ficaram a descoberta com a subida 'em flecha' do desemprego por causa do encerramento de empresas para mitigar a propagação do SARS-CoV-2.

O chefe de Estado norte-americano também vai tentar apresentar um argumento que até hoje ganhou poucos adeptos no Congresso: o aumento dos impostos sobre os cidadãos com maior poder económico e o auxílio económico das classes média e baixa da sociedade norte-americana.

"Posso dizer à nação: os Estados Unidos estão outra vez em movimento", deverá dizer Biden ao Congresso, de acordo com excertos do discurso divulgados pela Casa Branca. O Presidente dos EUA também deverá enfatizar que o país está a "converter o perigo em possibilidade, a crise em oportunidade" e "os contratempos em força".

O discurso também deverá servir com uma atualização do combate à covid-19 no país que Biden herdou quando iniciou o mandato, em 20 de janeiro.

A pandemia já provocou a morte a mais de 573.000 pessoas nos EUA, mas a administração tem propagandeado uma campanha massiva de vacinação, cujos objetivos já foram ultrapassados inúmeras vezes, de acordo com as informações divulgadas pelas autoridades norte-americanas, incluindo a Casa Branca.

No discurso também deverá constar a alusão a um investimento de 2,3 biliões de dólares em infraestruturas.

Entretanto, a Casa Branca também confirmou à Associated Press, através de um elemento que falou sob a condição de anonimato, que Joe Biden deverá exortar os legisladores para a necessidade de baixar o preço dos medicamentos.

Esta decisão terá impacto na prescrição de fármacos através do Medicare - o serviço de seguros de saúde gerido pelo Governo norte-americano para cidadãos que cumpram certos requisitos de rendimentos, normalmente mais baixos -, que atualmente está impedido de negociar diretamente o preço dos medicamentos com as farmacêuticas. Enquanto candidato, Biden prometeu reverter este impedimento, mas a legislação ainda não foi submetida a apreciação do Congresso.

Recorde-se que Joe Biden discursa hoje (madrugada de quinta-feira em Portugal) pela primeira vez numa sessão conjunta do Congresso, sem convidados, por causa da pandemia, mas com uma agenda recheada de temas.

O convite para o discurso - que será lido na véspera de Biden completar 100 dias de mandato - partiu da líder da maioria democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, que desafiou o Presidente a "compartilhar a sua visão para enfrentar os desafios e oportunidades deste momento histórico".

As restrições por causa da pandemia colocarão Biden a falar para uma sala com poucos ouvintes presenciais e os receios de segurança obrigam a um forte dispositivo policial à volta do Capitólio, o que tem servido para vários congressistas republicanos declinarem os raros convites que foram feitos para esta sessão.

O presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, foi o único elemento do mais alto organismo judicial a ser convidado, e já disse que estará presente, mas não é provável que ouça Biden falar sobre a possibilidade de reforço do número de membros daquele tribunal - um tema que divide politicamente as bancadas dos dois partidos.

Os analistas são consensuais a prever que o Presidente norte-americano saliente no seu discurso as virtudes do seu pacote de recuperação económica, no valor de quase dois biliões de euros, mas Biden deve aproveitar ainda para fazer uma resenha da sua agenda política para os próximos meses.

Os últimos seis presidentes dos EUA escolheram discursar perante uma sessão conjunta do Congresso (Câmara de Representantes e Senado) no primeiro ano de mandato, replicando o que em anos seguintes constitui o discurso do Estado da Nação, olhando para esta ocasião como uma oportunidade para defender a sua estratégia junto dos dois partidos, mas também junto dos cidadãos.

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