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António Costa acredita que processo vai “acabar numa não acusação, arquivamento ou absolvição”

O primeiro-ministro em exercício pede rapidez à Justiça e reafirma a opção que tomou no dia 7 de novembro de se demitir na sequência do comunicado da Procuradoria-Geral da República.

Tiago Petinga / Lusa
O primeiro-ministro acredita que o processo aberto no Supremo Tribunal de Justiça que o envolve na investigação da operação "Influencer" vai acabar numa "não acusação, arquivamento ou absolvição".

"Não tenho a menor das dúvidas que isto acabará tudo ou numa não acusação ou arquivamento se houver acusação ou, no limite, com a absolvição se chegar à fase de julgamento", afirmou António Costa em entrevista à CNN/TVI, indicando que ainda não sabe de que é suspeito. "Sei o que fiz, sei o que não fiz, portanto, tenho a minha consciência absolutamente tranquila", frisou. "Agora o que também sei e é esse o meu entendimento é que a figura de um primeiro-ministro não pode estar sob suspeição e tirei a conclusão óbvia" de demissão, rematou.

António Costa insiste na necessária rapidez da Justiça. "A única esperança que eu tenho é que a Justiça trate com a diligência possível este caso, que ele seja esclarecido", acreditando que também é do "interesse geral dos portugueses" que todo o caso seja esclarecido.

O primeiro-ministro em exercício mantém a oposição à opção do Presidente da República. "Fez uma avaliação errada", indicou António Costa quando questionado sobre a opção de dissolução da Assembleia da República, esperando que "das eleições do próximo dia 10 de março resulte uma situação mais estável."

António Costa admitiu, por outro lado, que, mesmo sem o polémico parágrafo do comunicado da PGR, outros factos, como o dinheiro encontrado no gabinete de Vitor Escária nas buscas à residência oficial do primeiro-ministro teriam sido suficientes para apresentar a demissão.

"Depois houve factos novos, que eu não conhecia naquela altura e que podiam ter contribuído seriamente para que eu tivesse tomado esta decisão, independentemente do comunicado", afirmou António Costa. Questionado sobre se um desses factos dizia respeito ao dinheiro encontrado no gabinete de Vitor Escária, Costa confirmou.

O primeiro-ministro voltou também a reiterar o seu total desconhecimento sobre essa quantia encontrada na sua residência oficial e acrescentou também que não considerou outro caminho que não a demissão depois da publicação do parágrafo.

"A única coisa que lhe posso dizer é o seguinte, é que no momento em que o comunicado saiu, em que eu tomei conhecimento do comunicado, aí não tive a menor das dúvidas que só tinha um caminho a fazer", afirmou.


"Cativações nunca impediram a realização de nenhuma das políticas"

Questionado sobre a política orçamental das cativações seguida pelo Executivo nos últimos anos, António Costa garantiu que essas cativações "nunca impediram a realização de nenhuma das políticas" e que a "falta de investimento público não teve a ver com cativações".

"As cativações é só uma técnica da gestão do orçamento ao longo do ano. O país fez uma opção política, que eu fiz", acrescentou o primeiro-ministro.

António Costa recusou também a ideia de uma grande carga fiscal em Portugal, insistindo na importância de "explicar às pessoas o que é a carga fiscal".

"É preciso explicar às pessoas o que é carga fiscal. A carga fiscal é a soma do que pagamos de impostos e do que pagamos de contribuições à Segurança Social. O que é que tem aumentado em Portugal na carga fiscal? Não são os impostos. São as contribuições para a Segurança Social [...] as contribuições para a Segurança Social aumentaram porque hoje temos mais 600 mil pessoas a trabalhar", argumentou.

Novo aeroporto vai ser o "grande teste à credibilidade do PSD"

Sobre o processo do novo aeroporto de Lisboa, António Costa diz que a resposta do PSD aos resultados apresentados pelo relatório apresentado pela comissão independente serão "um grande teste à credibilidade do PSD".

"Quando veio Luís Montenegro, eu que tinha a maioria absoluta e tinha toda a legitimidade para ter tomado a decisão que bem entendesse, entendi que era uma decisão que tínhamos que tomar em consenso com o PPD-PSD. Precisamos decidir para algo que é pelo menos para 50 anos. [...] E, portanto, trabalhámos numa solução que nos deixasse a todos confortável e da constituição de uma Comissão Técnica Independente. Aquela comissão não tem uma única pessoa nomeada pelo Governo, nem uma única pessoa nomeada pelo PSD", lembrou o primeiro-ministro.

António Costa diz que o que os sociais-democratas querem, agora, é mudar o "árbitro", porque "não gosta da decisão". "O árbitro foi escolhido da forma mais independente possível, por pessoas de altíssima idoneidade e respeitabilidade", acrescentou Costa.

O primeiro-ministro, no encerramento da entrevista, escolheu, inclusive, a decisão de ter chegado a acordo como aquela de que mais se arrepende de ter tomado ao longo dos seus anos de governação.

"Enfim, se o PSD não honrar o compromisso que tem, eu diria que foi o ter confiado que podíamos trabalhar em conjunto para ter uma decisão de consenso sobre uma infraestrutura fundamental para o país, como é o futuro aeroporto", concluiu o primeiro-ministro.

Qualquer candidato do PS "é melhor que o líder da oposição"

Como tem feito até agora, António Costa preferiu não se posicionar em relação às eleições internas no Partido Socialista para eleger o seu sucessor, mas não evitou atirar na direção de Luís Montenegro e do PSD.

"O que eu digo do meu ponto de vista pessoal, eu sempre disse que nunca expressaria qualquer opinião em termos públicos e estou muito satisfeito de o PS ter dois candidatos que qualquer deles é melhor que o líder da oposição", afirmou Costa.

O primeiro-ministro, entre críticas ao PSD, lembrou também Cavaco Silva, com ironia, questionando os sociais-democratas sobre como é que "isto é o melhor que têm para dar energia" ao partido. "Impressiona bastante", argumenta António Costa.

Sobre as legislativas agendadas para 10 de março, António Costa deixou votos de que, das urnas, "saia uma solução estável", mas que não acredita "em nenhuma solução estável que não tenha por base o Partido Socialista". O primeiro-ministro usou o que considera ser um "fiasco da solução inventada naquela barafunda que a direita organizou nos Açores" como exemplo de acordo à direita que não foi solução.

"Qualquer solução com base em arranjos entre o PSD, a Iniciativa Liberal, o Chega, o PPM, o CDS, deu no que deu nos Açores. Nem três anos aquilo durou. Portanto, aquilo foi um ensaio geral do que o PSD pretende fazer a nível nacional", disse.
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