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CDS-PP: António Pires de Lima anuncia desfiliação

O ex-ministro da Economia António Pires de Lima anunciou este sábado a sua desfiliação do CDS-PP, afirmando que o faz com "enorme tristeza", mas que não tem "condições" para continuar a ser militante depois do Conselho Nacional de sexta-feira.

Miguel Baltazar
31 de Outubro de 2021 às 01:17
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"O partido bateu no fundo, e para mim, digo com a maior das tristezas, isto é o fim da linha. Para mim, a partir de amanhã [domingo], deixarei de ser militante do CDS", afirmou António Pires de Lima em entrevista ao canal televisivo SIC Notícias.

Segundo o ex-ministro da Economia, o Conselho Nacional do partido que teve lugar na sexta-feira à noite -- e onde, apesar da impugnação do Conselho Nacional de Jurisdição da reunião, foi aprovado o adiamento do Congresso do partido, que iria ter lugar a 27 e 28 de novembro e onde a presidência atual de Francisco Rodrigues dos Santos ia ser disputada pelo eurodeputado Nuno Melo -- feriu "as mais elementares regras de democracia e respeito pelos militantes do CDS".

"Há um dever sagrado que um presidente do partido tem, e um direito sagrado que os militantes do CDS têm, que é poderem reunir-se em Congresso e poderem escolher o seu presidente e, em função disso, esse presidente estar ou re-legitimado ou refrescado na direção do CDS para se apresentar às legislativas. Portanto, aquilo que o atual presidente do CDS fez nas últimas 48 horas é a maior desqualificação dos militantes do CDS", apontou.

Pires de Lima afirmou assim que, "face àquilo que se passou", não está "em condições de recomendar a ninguém que vote" em Francisco Rodrigues dos Santos nas próximas eleições legislativas.

"E isso tem uma coincidência: É que eu, com muita tristeza e com muita dor interior, não estou em condições de continuar a ser militante do CDS, se não tenho nenhuma intenção de votar no atual presidente em legislativas se ele se candidatar autonomamente e diretamente", indicou.

Pires de Lima afirmou assim que quer "chegar às próximas eleições legislativas com a liberdade interior de poder votar" em quem entender, "no espaço do centro e da direita democrática".

Questionado sobre se, caso a nulidade das deliberações do Conselho Nacional pedida por Nuno Melo seja aprovada, pondera recuar com a desfiliação do partido, Pires de Lima respondeu que, "como ele bem sabe", a decisão de adiar o congresso feita por Francisco Rodrigues dos Santos "é irreparável".

"É irreparável porque não há tempo útil para nenhum tribunal se pronunciar sobre uma questão interna da vida do CDS a tempo de permitir a realização de um congresso que ontem [sexta-feira] ou hoje foi desmarcado e que se ia realizar daqui a três semanas", indicou.

O ex-ministro da Economia afirmou assim que "aquilo que vai acontecer inevitavelmente depois desta decisão é que Francisco Rodrigues dos Santos se vai apresentar como presidente do CDS nas próximas legislativas fugindo a um congresso que era um congresso eletivo e onde havia uma liderança em disputa".

Fazendo um balanço dos últimos anos do partido, Pires de Lima indicou que não está "surpreendido" com a situação atual, defendendo que se tem vindo a "assistir a um processo de degradação democrática, da vida democrática do partido".

António Pires de Lima anunciou a sua desfiliação no mesmo dia em que o ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes também o fez, assim como a antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa.


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