Notícia
BCE afasta “grande bazuca” para aumentar crédito às PME
Parece afastada o cenário de o BCE intervir directamente para fomentar o crédito às empresas dos países periféricos, ao contrário do que a autoridade monetária chegou a indiciar no passado.
O Banco Central Europeu não vai avançar com nenhuma iniciativa de grande impacto para impulsionar o crédito às pequenas e médias empresas (PME) dos países do Sul da Europa, noticia esta segunda-feira o Financial Times.
Na visão da autoridade monetária, o problema da falta de financiamento às empresas e os elevados custos de financiamento das companhias dos países periféricos está mais nos balanços dos bancos do que na necessidade de uma intervenção directa por parte do BCE.
“Não vai ser uma nova bazuca”, salientou ao jornal britânico uma fonte do BCE. Outro responsável da autoridade monetária acrescentou que as expectativas sobre o que a autoridade monetária poderia fazer neste âmbito foram colocadas muito altas.
Foi o próprio presidente do BCE, Mário Draghi, que alimentou a expectativa de uma intervenção do BCE para forçar o crescimento do crédito às PME a custos mais baixos.
Segundo avançou a imprensa internacional, a autoridade monetária estava a ponderar avançar com a compra directa de crédito malparado às instituições financeiras dos países da periferia, o que funcionaria como um incentivo para o sector aumentar o financiamento às PME.
A autoridade monetária da Zona Euro pretende reavivar os mercados de obrigações titularizadas ("Asset Backed Securities", ou ABS) para permitir que os bancos possam desfazer-se de parte do risco de crédito, mas ponderava avançar mesmo com a compra directa desses activos detidos pelos bancos do Sul da Europa. Um cenário que gerou receios, sobretudo na Alemanha, de que a autoridade monetária deteriorasse o seu balanço com créditos de cobrança duvidosa.
Segundo noticia o FT, o BCE parece agora favorecer uma abordagem bem menos agressiva, apesar de persistirem os sinais de fragmentação financeira na Zona Euro, com as PME dos países do Sul da Europa a suportarem custos bem mais elevados do que as congéneres do Centro e Norte da Europa para se financiarem.
A autoridade monetária estará agora mais crente que o problema está sobretudo na debilidade dos balanços dos bancos, que dificultam o crédito às PME para não deteriorarem os seus rácios de capital, temendo o aumento do crédito mal parado.
Com a concretização da união bancária o BCE vai ganhar a supervisão dos maiores bancos europeus, tendo já previsto para Setembro ou Outubro uma revisão à qualidade dos activos das instituições financeiras.