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Washington sanciona Irão por alegada "tentativa de ingerência" nas eleições dos EUA
Os Estados Unidos sancionaram esta quinta-feira a Guarda Revolucionária do Irão, bem como os media iranianos, por alegada "tentativa de ingerência" nas eleições presidenciais norte-americanas de 03 de novembro.
22 de Outubro de 2020 às 23:50
"O regime iraniano tem como alvo o processo eleitoral dos Estados Unidos com tentativas descaradas de semear a discórida entre os eleitores, espalhando desinformação 'online' e realizando operações mal intencionadas para induzi-los em erro", declarou hoje o Departamento do Tesouro norte-americano.
"Entidades do governo iraniano, disfarçadas de media, têm como alvo os Estados Unidos com o fim de minar o processo democrático" norte-americano, acrescentou.
Endereçados como se fossem da extrema-direita, do grupo pró-Trump Proud Boys, os 'mails' falsos parecem ter o objetivo de intimidar os eleitores.
John Ratcliffe, o diretor das informações nacionais, disse que a intenção era atingir o Presidente norte-americano, Donald Trump, na corrida contra o democrata Joe Biden, embora não tenha precisado como.
Uma das possibilidades é que as mensagens podem ter sido destinadas a alinhar Trump com os Proud Boys na mente dos votantes, depois de ter sido criticado por não ter denunciado inequivocamente o grupo durante o primeiro debate presidencial
A Google afirmou, num comunicado, que os seus filtros impediram 90% dos cerca de 25.000 mails enviados aos utilizadores de Gmail (conta de 'mail' da tecnológica).
As autoridades não forneceram evidências específicas sobre como chegaram à conclusão do Irão, mas atividades ligadas a Teerão marcariam uma escalada significativa para um país, que segundo alguns especialistas de cibersegurança consideram um jogador de segunda categoria na espionagem 'online'.
As alegações evidenciam as preocupações do Governo norte-americano relativamente aos esforços de países estrangeiros em influenciar as eleições através da disseminaçção de falsa informação, com o objetivo de reduzir a participação eleitoral e minar a confiança dos americanos no voto.
Estas tentativas diretas de mudar a opinião pública são mais frequentemente associadas com Moscovo, que conduziu uma campanha secreta nos redes sociais em 2016 com o objetivo de semear a discórida e está novamente a interferir este ano, mas a ideia de que o Irão poderia ser responsável sugere que aquelas táticas estão também a ser adotadas por outros países.
"Estas ações são tentativas desesperadas por adversários desesperados", afirmou Ratcliffe que, com o diretor do FBI, Christopher Wray, insistiu que os Estados Unidos imporão custos a qualquer país estrangeiro que interfira nas eleições de 2020.