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Trump avisa Irão de que "está a brincar com o fogo". Teerão diz não ter medo

Tem vindo a crescer de tom a troca de argumentos entre as autoridades dos Estados Unidos e do Irão. Donald Trump avisou o Irão dizendo que "está a brincar com o fogo", ao que Teerão respondeu garantindo ser "indiferente às ameaças" do presidente americano.

O Irão cumpriu, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, as determinações para a redução das actividades nucleares. E com isso as sanções ocidentais foram, parcialmente, levantadas. Hassan Rouhani, presidente iraniano, congratulou-se com o que disse ser o fim do isolamento do país, para escrever uma 'página dourada na história' do Irão. O levantamento das sanções quer por parte dos Estados Unidos, quer pela União Europeia abriu ao mundo um mercado de 78 milhões de consumidores. Um novo capítulo económico e diplomático.
Reuters
03 de Fevereiro de 2017 às 14:09
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Depois da distensão não veio a bonança. As relações entre os Estados Unidos e o Irão vivem novamente um período de tensão, que tem vindo a crescer nos últimos dias. Esta sexta-feira, 3 de Fevereiro, o presidente americano, Donald Trump, avisou, no Twitter, que "o Irão está a brincar com o fogo", acrescentando que Teerão não percebeu ainda o quão "gentil" foi o ex-presidente Barack Obama para o país. "Mas eu não", atirou.

 

Não tardou a resposta das autoridades iranianas, que pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, também através rede Twitter, garantiu que o "Irão é indiferente a ameaças".

 

Esta declaração de Trump segue-se ao aviso ontem feito pelo próprio, invariavelmente pelo Twitter. "O Irão foi formalmente colocado sob aviso por ter disparado um míssil balístico", disse Trump notando que as autoridades iranianas deviam "estar agradecidas pelo terrível acordo assinado com os Estados Unidos".

 

No passado domingo o Irão terá realizado um ensaio com um míssil balístico, embora as autoridades do país recusem confirmar a realização do referido teste militar. Apesar das preocupações demonstradas pela França e pelos Estados Unidos quanto a um eventual desrespeito do acordo sobre o programa nuclear iraniano assinado entre Teerão e o P5+1 (membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha), Javad Zarif afiançou que os mísseis balísticos do país "não foram projectados para carregar uma ogiva nuclear" mas para garantir a sua "legítima defesa".

 

Já esta sexta-feira, o ministro iraniano reiterou que "nós nunca iniciaremos uma guerra, mas só podemos confiar nos nossos próprios meios de defesa".

 

Esta quinta-feira a agência Reuters citava fontes anónimas segundo as quais Washington poderia aplicar sanções a oito entidades do Irão por actividades alegadamente relacionadas com práticas terroristas. Referia ainda a possibilidade de outras 17 entidades iranianas serem sancionadas devido à suposta ligação à montagem de mísseis balísticos.

 

Se estas sanções, que estariam já a ser preparadas antes ainda do míssil disparado no último fim-de-semana, forem mesmo aplicadas, isso significará um importante recuo da política americana face ao Irão, isto numa altura em que o essencial das sanções impostas pela comunidade internacional na sequência do programa nuclear iraniano já tinha sido levantado.

Antes ainda desta polémica, Trump já assinara uma ordem executiva que restringe fortemente a entrada em território americano de cidadãos originários de sete países de maioria muçulmana, entre os quais o Irão. A esta decisão as autoridades ripostaram com o anúncio de que uma medida equivalente e recíproca - relativamente a cidadãos americanos - seria também adoptada pelo Irão. 

Sobre esta questão, esta quarta-feira foi a vez de o presidente iraniano, Hassan Rouhani, classificar Trump como um amador em termos políticos. "Ele é novo na política. Ele viveu num mundo diferente. Agora está num ambiente totalmente novo", afirmou Rouhani de forma condescendente. 

Certo é que ao longo da campanha eleitoral que o levou até à Casa Branca, Donald Trump criticou duramente o acordo alcançado em torno da prossecução do nuclear iraniano, que teve em Obama o principal promotor. Um acordo que colocou um ponto final a largos anos de relações tensas entre Washington e Teerão e que permitiu o normalizar das relações diplomáticas entre o Irão e a generalidade da comunidade internacional. 


Trump chegou mesmo a classificar o acordo sobre o nuclear iraniano como o "mais estúpido" e "pior acordo da história dos acordos", criticando ainda o facto de os Estados Unidos serem altamente penalizados com o levantamento das sanções. Questão a que voltou esta quinta-feira, também no Twitter.

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