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Rússia decide unilateralmente fazer entrar ajuda humanitária na UCrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo revelou que "a Rússia decidiu agir" e fazer entrar cerca de um terço dos camiões que compõem o comboio de ajuda humanitária que partiu em direcção à Ucrânia há dez dias. Kiev fala em invasão sob pretexto humanitário.
O Kremlin decidiu agir unilateralmente e fazer entrar, em território ucraniano, sem autorização das autoridades daquele país, parte do comboio de ajuda humanitária que aguardava permissão para passar a fronteira há já cerca de uma semana.
"A Rússia decidiu agir", declarou num comunicado Sergey Lavrov, chefe da diplomacia russa, depois de considerar que "todas as desculpas para atrasar a entrada do apoio humanitário foram esgotadas" por Kiev.
Moscovo considera que a actual situação, de "grave crise humanitária" na parte oriental da Ucrânia, não se compadece com a demora imposta pelas autoridades ucranianas à entrada dos camiões russos.
O comboio humanitário, anunciou Lavrov, segue agora em direcção a Luhansk, um dos bastiões dos rebeldes separatistas pró-russos, e, segundo a BBC, está a ser escoltado por elementos pertencentes às forças rebeldes separatistas. A Cruz Vermelha Internacional já esclareceu não fazer parte da escolta porque a situação na região leste da Ucrânia "permanece muito volátil".
As autoridades ucranianas já reagiram e falam mesmo em invasão sob pretexto humanitário. Foi esta a conclusão inicial do chefe do conselho de segurança ucraniana, Valentyn Nalyvaychenko, citado pela Bloomberg.
Apesar das divergências quanto ao número de camiões que deram entrada na Ucrânia – a imprensa e as agências internacionais referem números entre 60 e 80 camiões – trata-se de cerca de um terço dos 280 camiões que há dez dias partiram, apesar das advertências da comunidade internacional, para a Ucrânia.
Tanto Kiev como a União Europeia e os Estados Unidos defenderam que a missão humanitária russa teria de seguir as regras internacionais e ser enquadrada pela Cruz Vermelha, algo que foi, com esta decisão unilateral, negligenciado por Moscovo.
No entanto o Governo russo já avisou que não irá aceitar qualquer intervenção ou sabotagem da operação humanitária, que agora se aproxima do culminar, depois de uma semana de espera na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
"Estamos a avisar contra qualquer tentativa de sabotagem de uma missão puramente humanitária, preparada há muito tempo, sob uma atmosfera de total transparência e em cooperação com a Ucrânia e a Cruz Vermelha Internacional", declarou Sergey Lavrov citado pela BBC.