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Putin critica ambições imperialistas ocidentais e considera Panama Papers uma "provocação"

Vladimir Putin afirma que as potências internacionais "não devem ditar aspirações imperialistas", mas agir com respeito em relação a Moscovo. E classifica de "provocação" o caso Panama Papers, iniciado por um jornal alemão ligado ao Goldman Sachs.

Bloomberg
14 de Abril de 2016 às 14:33
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Após mais de três horas e meia terminou a décima quarta maratona de perguntas e respostas ao presidente da Rússia, uma prática instituída em 2001 já durante o primeiro mandato presidencial de Vladimir Putin. Designada de Linha Directa, esta é uma oportunidade para Putin, num programa televisivo, responder a questões que vão desde a política local russa às questões internacionais mais sensíveis.

 

Fiel ao seu estilo, citado pela agência Reuters, Vladimir Putin defendeu que as principais potências internacionais não devem ditar os termos da acção russa. "Não devem agir a partir de uma posição de força, ditando ambições imperiais, mas deve, agir respeitosamente face a todos os parceiros [internacionais], incluindo, naturalmente, a Rússia".

 

O governante russo aproveitou ainda para dizer que as contra-sanções aplicadas pela Rússia a vários países ocidentais, em resposta às sanções aplicadas pela comunidade internacional na sequência da anexação russa da Crimeia e das acções de Moscovo no Donbass (parte oriental da Ucrânia), são para continuar em vigor.

 

Putin falou também sobre o tema que marca a actualidade nos media internacionais, a divulgação dos Panama Papers, resultantes de uma fuga de documentos relacionados com esquemas "offshore" constituídos com o apoio da firma de advogados panamiana Mossack Fonseca.

 

Putin foi mesmo o líder político com maior peso relacionado com o processo. Os Panama Papers indiciam que o presidente russo terá recorrido ao seu melhor amigo, o violoncelista Sergei Roldugin, para esconder numa sociedade "offshore" mais de dois mil milhões de dólares. 

 

Contudo, no entender de Putin todo este processo que envolve também o seu nome não passa de uma "provocação", que sublinha ainda a curiosidade de o jornal alemão, Süddeutsche Zeitung, por detrás da fuga de documentos ter importantes ligações ao banco norte-americano Goldman Sachs.

 

Putin lamenta que Estados Unidos não tenham aprendido a lição

 

A situação na Síria, que vive há mais de cinco anos sob uma guerra civil, foi também abordada. Vladimir Putin assegurou que Moscovo está a fazer tudo para evitar que a situação do país se deteriore e sublinhou como fundamental que todas as partes envolvidas no conflito aceitem sentar-se à mesa para negociar.

 

Apesar de Moscovo ter sido acusada de entrar, no Verão passado, no conflito sírio para fragilizar as posições da forças da oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad, aliado de Putin, e não para atacar grupos terroristas, a entrada em cena da Rússia tem sido fundamental para os ganhos territoriais alcançados nos últimos meses pelo exército de Damasco.

 

Como tal, um dia depois do reinício das conversações de paz para a Síria, que decorrem em Genebra, Putin garante que qualquer solução terá de passar por um compromisso entre todas as partes, e não por um simples afastamento de Assad. Para exemplificar a ineficácia de decisões precipitadas, Vladimir Putin lembrou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, parece não ter aprendido a lição relacionada com a invasão do Iraque, em 2013, quando se tratou de intervir na Líbia, país onde o poder institucional está absolutamente ausente.

 

Já em relação à Ucrânia, onde prosseguem há já quase dois anos confrontos entre o exército leal a Kiev e forças separatistas pró-russas, o presidente russo, que sempre assegurou que Moscovo não está de forma alguma envolvida no conflito, garantiu que o exército russo não tem qualquer intenção de intervir militarmente naquela ex-República soviética.

 

Vladimir Putin prometeu que no próximo ano a economia russa regressará ao crescimento, após três anos de recessão motivada pela queda dos preços do petróleo e pelo impacto das sanções do Ocidente. Já a terminar, Putin disse ser ainda muito cedo para anunciar uma decisão sobre uma eventual recandidatura à presidência da Rússia nas eleições que terão lugar em 2018.


Putin promete que Rússia voltará a crescer no próximo ano
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Putin promete que Rússia voltará a crescer no próximo ano



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