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Morreu a economista portuguesa Maria da Conceição Tavares, referência da esquerda no Brasil

Nasceu em Aveiro, em 1930, e formou-se em matemática pela Universidade de Lisboa antes de mudar-se para Brasil, em 1954, para escapar da ditadura liderada por António de Oliveira Salazar. Tinha 94 anos

”Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos”, reagiu Lula da Silva, presidente do Brasil. Ricardo Stuckert/Instituto Lula
08 de Junho de 2024 às 20:03
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A professora e economista portuguesa Maria da Conceição Tavares, considerada uma das referências da esquerda no Brasil, morreu hoje aos 94 anos em Nova Friburgo, na região serrana do estado brasileiro do Rio de Janeiro.

 

A informação foi confirmada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual chegou a ser eleita deputada federal entre os anos de 1995 e 1999.

 

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte de Maria da Conceição Tavares em mensagem publicada nas redes sociais, referindo-se a ela como uma amiga de longa data.

 

"Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, economista e matemática, uma das maiores da nossa história. Nascida em Portugal, adotou o Brasil e nosso povo com o seu coração e paixão pelo debate público e pelas causas populares. Foi uma economista que nunca esqueceu a política e a defesa de um desenvolvimento económico com justiça social", escreveu Lula da Silva na rede social X (antigo Twitter).

 

"Formou gerações de economistas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalhou no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil], em projetos importantes para a industrialização do nosso país e com a CEPAL [Comissão Económica para a América Latina e o Caribe] em defesa do desenvolvimento da América Latina. Escreveu centenas de artigos e muitos livros", acrescentou.

 

Lula da Silva também lembrou que as aulas da intelectual portuguesa radicada no país sul-americano desde a década de 1950 são até hoje consultadas pelos jovens em vídeos que viralizaram na internet pela "sua fala sempre franca e direta".

 

"Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e económicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil. Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, aos muitos amigos, alunos e admiradores de Maria da Conceição Tavares", concluiu o Presidente brasileiro.

 

Maria da Conceição Tavares nasceu em Aveiro, Portugal, em 1930, e formou-se em matemática pela Universidade de Lisboa antes de mudar-se para Brasil, em 1954, para escapar da ditadura liderada por António de Oliveira Salazar.

 

Vivendo no Brasil, cursou Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se graduou em 1960.

 

Em 1968, foi enviada para o escritório da Cepal no Chile, e foi convidada a lecionar na Escolatina, ligada à Universidade do Chile. Sua mudança também impediu que fosse punida pela ditadura militar instalada no país sul-americano entre 1964 e 1985.

 

Foi professora titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde formou gerações de economistas, sendo uma das vozes mais lembradas entre a corrente que defende que o Estado atue como um dos vetores do desenvolvimento económico.

 

Além de Lula da Silva outros políticos do Partido dos Trabalhadores lamentaram a morte da intelectual portuguesa e prestaram homenagem a ela nas redes sociais.

 

"Maria da Conceição Tavares deixa um rico legado. Seu pensamento, sua crítica e sua defesa inegociável da justiça social será sempre uma estrela guia para o pensamento económico brasileiro", escreveu Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do Brasil, na rede social X.

 

"Maria da Conceição Tavares foi acima de tudo uma mulher corajosa, que colocou sua inteligência e conhecimento a serviço da transformação social de nosso país. Sua contribuição para o debate económico e para a formação académica neste campo é inestimável (...) É uma grande perda, especialmente num momento em que o Brasil precisa de vozes em defesa da democracia e do desenvolvimento económico", concluiu também em mensagem no X a deputada federal e atual presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann.

 

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