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Jovem paquistanesa Malala Yousafzai vence Prémio Sakharov do Parlamento Europeu (act.)
A jovem militante paquistanesa Malala Yousafzai, que defende o direito das mulheres à educação, foi galardoada com o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu.
A decisão foi tomada esta quinta-feira pela Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu, constituída pelo presidente da instituição e pelos líderes dos grupos políticos. A cerimónia de entrega do prémio realiza-se no dia 20 de Novembro, em Estrasburgo.
"Ao atribuir o Prémio Sakharov a Malala Yousafzai, o Parlamento Europeu reconhece a força incrível desta jovem. Malala bate-se com coragem pelo direito de todas as crianças à educação, um direito que é frequentemente negligenciado em relação às raparigas ", disse o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, ao anunciar a vencedora do prémio, segundo um comunicado do Parlamento Europeu.
"Gostaria de recordar que cerca de 250 milhões de raparigas no mundo não podem ir livremente à escola. O exemplo de Malala relembra-nos do dever e da responsabilidade de garantir o direito à educação das crianças. Este é o melhor investimento no futuro", acrescentou Martin Schulz.
"A Malala obteve reconhecimento global como defensora dos direitos humanos", afirmaram os eurodeputados que a nomearam para o prémio, militando "pelo direito das mulheres à educação, liberdade e autodeterminação".
"Hoje, decidimos dizer ao mundo que a nossa esperança por um futuro melhor está em jovens como Malala Yousafzai", disse o líder do Partido Popular Europeu (PPE, o maior grupo político do Parlamento Europeu), Joseph Daul.
Também o líder dos Socialistas e Democratas, Hannes Swoboda, sublinhou que Malala Yousafzai é "uma jovem que arrisca a vida por valores e princípios em que ela - e nós - acreditamos: igualdade entre homens e mulheres e o direito à educação para todos".
A candidatura de Malala Yousafzai, que aos 11 anos, em 2009, começou a defender a educação
feminina no vale de Swatt, no Paquistão, era apoiada pelos líderes dos três maiores grupos políticos do Parlamento Europeu.
Malala Yousafzai sobreviveu ao ataque de um talibã, que a baleou na cabeça, tendo-se tornado um símbolo da luta pelos direitos das mulheres e pelo acesso à educação.
O seu nome integrava a lista de três finalistas ao Prémio Sakharov, tendo batido os dissidentes bielorrussos Ales Bialatski, Eduard Lobau e Mykola Statkevich e ainda o analista informático que denunciou os programas de vigilância dos Estados Unidos, Edward Snowden.
O Prémio Sakharov para a liberdade de pensamento foi atribuído em 2012 ao cineasta Jafar Panahi e à advogada e activista Nasrin Sotoudeh, ambos iranianos, tendo esta última sido entretanto libertada da prisão.
Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoly Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988. Em 1999, o prémio Sakharov foi entregue a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e, em 2001, a Zacarias Kamwenho (Angola).
Malala Yousafzai, de 16 anos, é uma estudante da cidade de Mingora, no distrito de Swat, Paquistão, conhecida pelo seu activismo pelos direitos das mulheres no vale de Swat, onde o regime talibã proibiu as raparigas de frequentar a escola.
A activista fez o seu primeiro discurso público em Setembro de 2008, intitulado "Como se atrevem os talibã a retirar o meu direito básico à educação?". Quando todas as escolas para raparigas sob o controlo talibã foram encerradas em janeiro de 2009, Malala começou um blog para a BBC Urdu sob o pseudónimo Gul Makai, uma heroína popular.
O blog trouxe a fama para a estudante e a sua luta. Logo que a sua identidade foi revelada, a sua família foi alvo de ameaças, levando a uma tentativa de homicídio em Outubro de 2012, quando Malala foi atingida a tiro na cabeça e no pescoço por atiradores talibã quando regressava a casa num autocarro escolar.
Fonte: Parlamento Europeu