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EUA preparados para combater recessão? Antigos responsáveis mostram preocupação

Ben Bernanke, ex-presidente da Fed, e dois antigos secretários do Tesouro reuniram-se para discutir a resiliência da economia americana. Os três apontam motivos de preocupação, embora não prevejam um choque em breve.

Bloomberg
18 de Julho de 2018 às 15:51
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Os graus de preocupação variam, mas o ex-presidente da Fed, Ben Bernanke (na foto), e dois ex-secretários do Tesouro, Paulson e Geithner, concordam que os EUA registam falhas nos meios para responder a uma futura crise, relata a Bloomberg. Este trio pronuncia-se num evento em Washington depois de ter assistido à última crise no papel de altos-cargos das finanças da maior economia do mundo.

"Temos melhores defesas contra os choques mais típicos e leves mas, num cenário de crise extrema, provavelmente teremos mais condicionantes do que seria ideal", apontou Geithner. Este, classificou os mecanismos de emergência, essenciais há uma década atrás, como "algo mais fracos".

Paulson concordou e nomeou as limitações impostas pelo congresso à Federal DepositInsurance Corporation (FDIC), que serve de contrabalanço em situação de falência das instituições bancárias. "Há alguma preocupação neste ponto", validou ainda Bernanke.

Outro dos factores mais alarmantes em foco na discussão foi o nível da dívida, que já vai no dobro daquela verificada na última recessão. Segundo Geithner, isto reduz a capacidade do governo de estimular a procura, à semelhança do que fez para resolver a crise passada. Para mais, a taxa directora da Fed, que se fixou agora no intervalo entre 1,75 e os 2%, deixa menos margem ao banco central para estimular a economia. Em 2007, esta situava-se acima dos 5%. Bernanke sublinhou, contudo, que neste aspecto a Europa está em piores lençóis, dada a taxa directora de 0%.

Para o antigo presidente da Fed, também as políticas de cortes nos impostos e de aumento na despesa são inoportunas, dado o contexto de emprego quase pleno que vive a economia americana.

E a política, vai atrapalhar(-se)?

Bernanke notou "muito progresso" em termos de aliviar a economia do peso dos resgates a instituições financeiras, as quais é mais fácil neste momento deixar cair. Paulson deixa a ressalva: "É bom ter esta autoridade mas alguém tem de estar preparado a usar, e usá-la de forma controversa". Na opinião do ex-secretário do Tesouro, a forma como as divergências políticas em Washington poderão influenciar um bom desfecho em cenário de crise é simultaneamente "imprevisível" e a "verdadeira questão".

Crise ainda deve demorar

Bernanke é o maior defensor da economia americana entre os três, também no que toca à proximidade de uma futura recessão. Aproveitou para desconstruir um indicador que podia levantar preocupações, a inversão na curva das obrigações americanas. "Historicamente tem sido um bom sinal de recessões económicas, mas desta vez pode não ser", defendeu, conforme avançado pelo Financial Times. O ex-presidente da Fed acredita que alterações na regulação e programas de "quantitative easing" estarão a distorcer os dados. "Tudo o que vemos nas perspectivas económicas para o curto-prazo é bastante forte", conclui.

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