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Crise na Tunísia: Presidente suspende Parlamento e demite chefe do Governo
O Presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou na noite de domigno ter suspendido as atividades do Parlamento e demitido de funções o chefe do Governo, após uma jornada de manifestações de protesto em todo o país.
Vários milhares de tunisinos manifestaram-se domingo contra os dirigentes do país, nomeadamente contra o partido islamita Ennahdha, maioritário no Parlamento e que apoia o primeiro-ministro, Hichem Mechichi.
Os protestos decorreram em várias cidades do país, apesar do amplo dispositivo policial mobilizado para limitar os movimentos.
"A Constituição não permite a dissolução do Parlamento, mas permite que se congelem as suas atividades", declarou Kais Saied, apoiando-se no artigo 80.º, que admite essa situação em caso de "perigo iminente".
O chefe de Estado vai assumir o poder executivo, com "a ajuda do Governo", que será dirigido por um novo líder, que ele designará.
Após uma reunião de emergência, o Presidente anunciou ainda que vai levantar a imunidade parlamentar dos deputados.
Pouco depois do anúncio, as buzinas fizeram-se ouvir nas ruas de Tunes, a capital, constatou a agência AFP.
Durante todo o dia, manifestantes exigiram "a dissolução do Parlamento" e "uma mudança de regime", reclamando um período transitório com a liderança do chefe de Estado e o apoio do Exército.
Além da profunda crise política, que opõe Saied ao Ennahdha, a Tunísia enfrenta um pico na pandemia de covid-19, sendo o segundo país africano com mais vítimas mortais (a seguir à África do Sul), com 18.369 óbitos e 563.930 casos.