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Covid vai deixar cicatriz na economia global mesmo após recuperação

Assim como algumas pessoas que recuperaram da Covid-19 apresentam sintomas no longo prazo, começa a ficar claro que o mesmo acontecerá com a economia global assim que a recuperação em forma de V deste ano perder força.

19 de Abril de 2021 às 19:04
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Apesar do apoio de 26 biliões de dólares durante a crise e a chegada das vacinas tenham estimulado uma recuperação mais rápida do que muitos previam, os legados da educação abalada, destruição de empregos, níveis de dívida de tempos de guerra e as crescentes desigualdades entre raças, géneros, gerações e geografias vão deixar cicatrizes duradouras, sobretudo nos países mais pobres.

 

"É muito fácil sentir-se aliviado assim que as coisas voltam aos carris depois de um ano exaustivo", disse Vellore Arthi, da Universidade da Califórnia, Irvine, que estuda o impacto de longo prazo na saúde e na economia causado por crises anteriores. "Mas muitos dos efeitos que vemos historicamente duram décadas, e não são facilmente resolvidos."


A queda do PIB no ano passado foi a maior desde a Grande Depressão. A Organização Internacional do Trabalho estima que o impacto eliminou o equivalente a 255 milhões de empregos formais. Investigadores do Pew Research Center afirmam que a classe média global encolheu pela primeira vez desde os anos 1990.

 

Os custos serão distribuídos de forma desigual. Uma análise de 31 métricas de 162 nações elaborado pela Oxford Economics destacou Filipinas, Peru, Colômbia e Espanha como as economias mais vulneráveis a cicatrizes de longo prazo. Austrália, Japão, Noruega, Alemanha e Suíça foram considerados os mais bem colocados.

 

"Voltar ao padrão pré-Covid vai levar tempo", disse Carmen Reinhart, economista-chefe do Banco Mundial. "As consequências da Covid não serão revertidas em muitos países. Longe disso."

 

Nem todos os países serão afetados igualmente. O Fundo Monetário Internacional acredita que economias avançadas serão menos afetadas pelo coronavírus este ano e depois, enquanto países de baixos rendimentos e mercados emergentes vão sofrer mais. Um contraste com 2009, quando países ricos foram mais atingidos. A previsão para o PIB dos EUA no próximo ano é ainda maior do que o projetado antes da Covid-19, impulsionado por biliões de dólares em estímulos. Com isso, as projeções do FMI mostram poucas cicatrizes residuais da pandemia na maior economia do mundo.

 

Depois do V

A forma como a confiança dos consumidores e os padrões de consumo serão influenciados por preocupações constantes em relação à saúde e ao mercado de trabalho pode ser um dos legados económicos mais importantes da crise, assim como a Grande Depressão na década de 1930 estimulou uma maior poupança. Isso é um risco, embora muitas pessoas tenham guardado mais dinheiro no último ano. 

 

"Há uma incerteza genuína sobre o quanto o comportamento das pessoas em termos de padrões de consumo mudará em resultado desta crise", disse Adam Posen, presidente do Peterson Institute for International Economics. "Se as pessoas voltarem a comer em restaurantes, a fazer viagens de lazer, a ir ao ginásio, muitos desses setores vão renascer. Mas também é possível que os gostos das pessoas mudem genuinamente, caso em que haverá mais desemprego transicional, e não há uma boa solução dos governos para isso."

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