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António Guterres enfrenta sete candidatos na corrida à ONU

Pela primeira vez na história da ONU, a escolha do novo secretário-geral vai ser precedida de uma audição pública de todos os candidatos perante a Assembleia-Geral. António Guterres será ouvido às 20:00 durante duas horas. Conheça os outros sete candidatos.

12 de Abril de 2016 às 18:44
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António Guterres vai enfrentar, a partir das 20h00 desta terça-feira, uma das principais provas na corrida para a liderança da ONU. Pela primeira vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu criar um conjunto de audições informais, públicas, em que os candidatos a secretário-geral serão submetidos às perguntas dos 193 estados membros com assento na Assembleia-Geral. As audições começam esta terça-feira e terminam na quinta-feira, dia 14 de Abril.

 

Além de Guterres, há outros sete candidatos oficiais, que serão igualmente entrevistados neste rol de audições informais. O primeiro a ser ouvido foi o vice-primeiro-ministro de Montenegro Igor Lukšic, seguido pela búlgara Irina Bokova, actual directora-geral da Unesco e uma das favoritas a segurar a nomeação. O último a ser entrevistado esta terça-feira será Guterres, às 20:00 de Lisboa (15:00 de Nova Iorque), ao longo de duas horas. No final, cada um fala à imprensa.

 

Como é que se vai processar a audição do ex-primeiro-ministro António Guterres (e dos restantes candidatos)? De acordo com as regras definidas pelo presidente da Assembleia-Geral da ONU, o dinamarquês Mogens Lykketoft, cada um dos candidatos teve que entregar uma curta declaração (com um máximo de duas mil palavras) com a respectiva visão para o futuro da organização. Essa declaração foi entregue a cada um dos 196 estados membros. A de Guterres tem cinco páginas e pode ser consultada aqui.

 

Quando forem 20:00, Guterres terá 10 minutos para fazer uma declaração inicial. Depois, os estados membros poderão questioná-lo até estarem cumpridas as duas horas da audição informal. Cada pergunta deve ter, no máximo, dois minutos, sendo que Guterres responderá, depois, às questões em "intervalos regulares". Se o tempo o permitir, será ainda dada oportunidade a uma ou duas pessoas da sociedade civil para colocarem perguntas.

As audições podem ser acompanhadas em directo aqui.

 

Rotação regional e mudança de género?

 

Dos oito candidatos, quatro são mulheres e a esmagadora maioria, seis, são originários da Europa de Leste. Até agora, o secretário-geral da ONU tem sido escolhido com base num sistema informal de rotação regional. Isso gerou uma expectativa de que a Europa de Leste pudesse ser agora a contemplada com a atribuição da liderança da organização.

 

Adicionalmente, tem havido uma grande pressão por parte de organizações cívicas para que o próximo secretário-geral seja uma mulher, algo que nunca aconteceu. A candidatura de Guterres parece, perante estes dados, estar em desvantagem. Já Irina Bokova parece reunir as duas características consideradas ideais.

Em Fevereiro, o ex-conselheiro de Ban Ki-moon, Edward C. Luck, afirmava à Lusa que "António Guterres estará, sem dúvida, entre os candidatos mais fortes a próximo secretário-geral da ONU".

 

A prestação nesta audição informal ganha, assim, importância acrescida. No final de contas, é o poderoso Conselho de Segurança (composto por China, França, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos) que escolhe o candidato que vai a votos perante a Assembleia Geral.

 

Quem são os outros candidatos?

António Guterres tem 66 anos e foi Alto Comissário da ONU para os Refugiados entre 2005 e 2015, além de primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002. Conheça os sete candidatos com quem Guterres vai disputar a ONU.

 

Igor Lukšic

É o actual vice-primeiro-ministro da República de Montenegro, acumulando essa pasta com a de ministro dos Negócios Estrangeiros e Integração Europeia desse pequeno país dos Balcãs. Entre 2004 e 2010, Lukšic foi ministro das Finanças. Foi no seu consulado que Montenegro obteve a primeira notação de crédito da dívida (em 2004). Entre 2010 e 2012, Lukšic foi também primeiro-ministro de Montenegro, e iniciou nessa altura as conversações para a entrada do país na União Europeia.

 

Srgjan Kerim

Acumulou, ao longo das últimas duas décadas, vários cargos governativos na Macedónia, de onde é natural, mas também na federação da Jugoslávia, que se desmembrou no início dos anos 1990. Kerim ainda chegou a ser vice-ministro do Negócios Estrangeiros da Jugoslávia entre 1988 e 1991. Posteriormente, foi embaixador da Macedónia e ministro dos Negócios Estrangeiros e presidiu à Assembleia-Geral da ONU entre 2007 e 2008. É doutorado em Economia. Actualmente, lidera o maior grupo de média do país.

 

Vesna Pusic

É a vice-primeira-ministra da Croácia, cargo que acumula com o de ministra dos Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus. Além de deputada, é também professora de Sociologia e Teoria Política na Universidade de Zagreb. É doutorada em Sociologia pela mesma universidade. Em 1979 fundou uma organização feminista na então Jugoslávia e já escreveu cinco livros, além de ter publicado mais de 50 artigos científicos.

 

Danilo Türk

Danilo Türk foi presidente da Eslovénia entre 2007 e 2012 e é, actualmente, professor emérito da Universidade de Liubliana. Doutorado em Direito, foi o responsável por redigir o capítulo de Direitos Humanos da Constituição da Eslovénia, em 1991. Tem estado ligado a ONG e colaborou com a Amnistia Internacional na denúncia de violações de direitos humanos na então Jugoslávia. Foi o primeiro embaixador da Eslovénia na ONU e foi nomeado secretário-geral assistente para a Política por Kofi Annan. Tem 64 anos.

 

Irina Bokova

É a actual directora-geral da UNESCO, a organização da ONU dedicada à Educação, Ciência e Cultura. Bokova vai no segundo mandato à frente deste órgão, tendo sido eleita pela primeira vez em 2009. É a primeira mulher e europeia de leste a consegui-lo. Tem um mestrado em Relações Internacionais e já foi ministra dos Negócios Estrangeiros da Bulgária. Fez parte de diversas delegações da Bulgária na ONU e também participou na redacção da Constituição búlgara.

 

Natalia Gherman

Foi vice-primeira-ministra da Moldávia, bem como ministra dos Negócios Estrangeiros e da Integração Europeia, até Janeiro último. É diplomata de carreira e foi embaixadora moldava em diversos países. Tem um mestrado em Estudos de Guerra do King’s College, na Universidade de Londres. Tem 47 anos e é filha do primeiro presidente da Moldávia, Mircea Snegur.

 

Helen Clark

É a actual administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cargo que desempenha desde 2009. Antes disso, foi primeira-ministra da Nova Zelândia durante dez anos. No seu currículo constam ainda outros cargos governamentais, como ministra da Saúde e vice-primeira-ministra, além de deputada. Foi a última a apresentar a candidatura à ONU, tendo-o feito apenas no dia 4 de Abril. Tem 66 anos.

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