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Presidentes da China e Taiwan num encontro "entre senhores"

Xi Jinping e Ma Ying-Jeou são, respectivamente, os presidentes da China e de Taiwan, mas, quando se reunirem no sábado, ambos deverão evitar tratar-se por aquele termo, acautelando assim um atrito que dura desde 1949.

A quinta posição é ocupada pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping. Segundo a Forbes o líder chinês “lutou mais do que os seus antecessores contra a corrupção e a favor de maiores alianças na área económica e na área da segurança”.
Bloomberg
06 de Novembro de 2015 às 11:58
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"Vão chamar um ao outro 'senhor'", revelou esta semana um alto funcionário chinês, qualificando como um marco o primeiro encontro entre os líderes dos dois lados do Estreito de Taiwan.

 

"A reunião promoverá a comunicação e confiança mútuas entre as duas partes, ajudará a gerir conflitos e diferenças e consolidará uma base política comum", acrescentou sobre a cimeira a realizar-se em Singapura. 

 

Depois da guerra civil chinesa ter acabado, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o antigo Governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.

 

Do ponto de vista da diplomacia internacional, passou a existir a República Popular da China, governada pelo PCC, e a República da China, dirigida pelos nacionalistas, mas ambos os lados rejeitaram sempre uma divisão definitiva.

 

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica", segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau ("Um país, dois sistemas"). Porém, ameaça "usar a força" se a ilha declarar independência.

 

Na prática, Taiwan funciona como uma entidade política soberana, com o seu próprio exército e Constituição. Até 1971, era quem tinha direito a um representante no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

 

A ilha era então um dos quatro "tigres asiáticos", ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura, enquanto a República Popular da China vivia mergulhada no caos e isolamento, fruto de uma "Grande revolução Cultural Proletária".

 

No início da década de 1970, a visita do presidente norte-americano Richard Nixon a Pequim viria a ditar o fim do isolamento da China comunista, e consequente perda de protagonismo da República da China.

 

No final da década, o "gigante" asiático adoptava a política de "Reforma Económica e Abertura ao Exterior", que viria a transformar o país na segunda maior economia do mundo.

 

Hoje, as relações com Taiwan, cada vez mais estreitas no plano económico, são consideradas as melhores de sempre, numa aproximação vista com desconfiança pela opinião pública taiwanesa e que poderá ditar o resultado das eleições legislativas previstas para Janeiro.

 

"Qualquer tipo de interacção entre os dois lados pode apenas acontecer quando for benéfica para o desenvolvimento livre e democrático do país", afirmou o Partido Democrático Progressista, mais céptico em relação a Pequim e favorito a ganhar o exercício.

 

O Presidente de Taiwan, do Kuomintang, partido pró-Pequim, rejeitou, entretanto, que a cimeira com o seu homólogo chinês tenha objectivos eleitoralistas, e que pretende apenas "consolidar a paz e a estabilidade nas relações com a China e em toda a região".

 

Em editorial, um jornal do PCC disse que o encontro vai merecer "aplausos de todas as partes do mundo, pela vitória da paz e racionalidade".

 

Por outro lado, a República Popular da China tem vindo a revelar-se cada vez mais assertiva no Mar do Sul da China, com a construção de ilhas artificiais e reivindicações de quase todo o território.

 

Em Setembro, uma parada militar sem precedentes em Pequim serviu para a China exibir novo armamento, entre o qual o míssil Dongfeng-21D, capaz de destruir um porta-aviões.

 

O estreito de Taiwan é também palco de frequentes ensaios militares pelo exército do continente, que fontes ocidentais estimam ter 1.600 mísseis apontados à ilha.

 

"As pessoas em Taiwan devem perguntar: Se Pequim realmente quer enviar uma mensagem de paz, então que remova os mísseis e pare com estes jogos de guerra", comentou à France Presse Willy Lam, analista político da Universidade Chinesa de Hong Kong.

 

"Até lá, terão que esperar muito", concluiu.

 

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