Notícia
População chinesa em queda pela primeira vez em 60 anos
O cenário de que "a China vai ficar velha antes de ficar rica" ganha cada vez mais força. Em 2022, de acordo com o gabinete de estatísticas chinês, há menos 850 mil pessoas, algo que não acontecia desde 1961, o ano da Grande Fome.
Entre os dados divulgados pela China esta terça-feira está o crescimento económico, que registou o segundo ritmo mais lento desde os anos 1970. No entanto, o destaque vai para a população chinesa que diminuiu pela primeira vez em seis décadas - iniciando assim uma viragem histórica com implicações para a economia e para o mundo. A última quebra populacional foi registada em 1961, no ano da Grande Fome chinesa.
A China tinha, no final de 2022, 1.411,75 mil milhões de pessoas, comparando com 1.412,6 mil milhões em 2021. A queda de 850 mil pessoas marca, de acordo com os especialistas, o início de um declínio populacional no país, apesar dos esforços de Pequim para inverter a tendência.
De acordo com as Nações Unidas é esperado que a população chinesa diminua em 109 milhões até 2050, mais do que triplicando a redução que tinha sido prevista em 2019.
Esta quebra já era expectável, como explicou o vice-presidente do Comité de Agricultura e Assuntos Rurais do Congresso Nacional, Cai Fang, no dia anterior à divulgação dos dados: "Os especialistas em demografia e economia tinham previsto que em 2022, ou mais tardar em 2023 a China ia entrar numa era de crescimento negativo da população".
O governo chinês, face às previsões, tem encorajado as pessoas a ter mais filhos. Entre as medidas, está o fim da política de filho único e o aumento da licença de maternidade, bem como os subsídios. Algumas províncias e cidades têm inclusive anunciado pagamentos em dinheiro a pais que tenham um segundo ou terceiro filho.
Ao mesmo tempo, a idade média da força de trabalho também tem vindo a diminuir, uma questão que pode gerar mais dificuldades no crescimento económico e colocar pressão adicional nas finanças do país. A China pode "ficar velha antes de ficar rica" temem os demógrafos.
"As perspetivas económicas e demográficas da China são mais desanimadoras do que o esperado. A China vai ter de ajustar as políticas sociais, económicas, de defesa e política externa", revelou o demógrafo Yi Fuxian, à Reuters. O especialista acrescentou que a redução da força de trabalho e a queda na produção manufatureira devem exacerbar a subida da inflação e dos preços a um nível superior aos Estados Unidos ou mesmo à Europa.
Ainda assim, o responsável pelo gabinete de estatísticas chinês, Kang Yi, afirmou que "a força de trabalho disponível ainda ultrapassa a procura" e que não há atualmente motivos de preocupação com o declínio populacional.
Muito do que vemos agora na demografia chinesa é resultado da política de filho único, imposta entre 1980 e 2015, bem como os elevados custos educacionais. A somar a esta política estão três anos de política de covid-zero que também terão contribuído para o cenário atual.
Índia perto de ultrapassar a China
A China, que tem sido por muitos anos o país mais populoso do mundo, está perto de ser ultrapassado pela Índia, se tal ainda não tiver acontecido, aponta a Al Jazeera. As estimativas colocam a Índia com mais de 1,4 mil milhões de habitantes.
O atual declínio dá força ao argumento de que o país liderado por Narendra Modi deverá ultrapassar a China já este ano.
A China tinha, no final de 2022, 1.411,75 mil milhões de pessoas, comparando com 1.412,6 mil milhões em 2021. A queda de 850 mil pessoas marca, de acordo com os especialistas, o início de um declínio populacional no país, apesar dos esforços de Pequim para inverter a tendência.
Esta quebra já era expectável, como explicou o vice-presidente do Comité de Agricultura e Assuntos Rurais do Congresso Nacional, Cai Fang, no dia anterior à divulgação dos dados: "Os especialistas em demografia e economia tinham previsto que em 2022, ou mais tardar em 2023 a China ia entrar numa era de crescimento negativo da população".
O governo chinês, face às previsões, tem encorajado as pessoas a ter mais filhos. Entre as medidas, está o fim da política de filho único e o aumento da licença de maternidade, bem como os subsídios. Algumas províncias e cidades têm inclusive anunciado pagamentos em dinheiro a pais que tenham um segundo ou terceiro filho.
Ao mesmo tempo, a idade média da força de trabalho também tem vindo a diminuir, uma questão que pode gerar mais dificuldades no crescimento económico e colocar pressão adicional nas finanças do país. A China pode "ficar velha antes de ficar rica" temem os demógrafos.
"As perspetivas económicas e demográficas da China são mais desanimadoras do que o esperado. A China vai ter de ajustar as políticas sociais, económicas, de defesa e política externa", revelou o demógrafo Yi Fuxian, à Reuters. O especialista acrescentou que a redução da força de trabalho e a queda na produção manufatureira devem exacerbar a subida da inflação e dos preços a um nível superior aos Estados Unidos ou mesmo à Europa.
Ainda assim, o responsável pelo gabinete de estatísticas chinês, Kang Yi, afirmou que "a força de trabalho disponível ainda ultrapassa a procura" e que não há atualmente motivos de preocupação com o declínio populacional.
Muito do que vemos agora na demografia chinesa é resultado da política de filho único, imposta entre 1980 e 2015, bem como os elevados custos educacionais. A somar a esta política estão três anos de política de covid-zero que também terão contribuído para o cenário atual.
Índia perto de ultrapassar a China
A China, que tem sido por muitos anos o país mais populoso do mundo, está perto de ser ultrapassado pela Índia, se tal ainda não tiver acontecido, aponta a Al Jazeera. As estimativas colocam a Índia com mais de 1,4 mil milhões de habitantes.
O atual declínio dá força ao argumento de que o país liderado por Narendra Modi deverá ultrapassar a China já este ano.