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Governo dos EUA processa agência de 'rating' S&P
A agência de notação financeira Standard&Poor's (S&P) anunciou esta segunda-feira que foi visada num processo judicial do Governo dos EUA, por a empresa de 'rating' ter subavaliado os riscos de activos imobiliários, causando a crise financeira actual.
O Departamento de Justiça informou a agência da sua intenção de apresentar uma queixa civil contra ela, indicou a S&P, em comunicado, garantindo que se vai defender "vigorosamente" de acusações que considera "erradas" e "injustificadas".
O Departamento de justiça não reagiu de imediato, mas o Wall Street Journal tinha revelado antes que as autoridades norte-americanas iriam apresentar uma queixa durante esta semana, à qual se iriam juntar procuradores de vários estados.
A S&P, uma filial do grupo de comunicação norte-americano McGraw-Hill, adiantou que a queixa do Ministério da Justiça se centrava "nas notações de 2007 atribuídas a algumas obrigações norte-americanas garantidas por dívida", as designadas CDO ('collateralized debt obligations').
Estes títulos financeiros resultavam de montagens financeiras complexas e estavam ligados a empréstimos imobiliários de alto risco, designados em inglês como 'subprime'.
A exposição muito elevada de numerosos bancos a este tipo de produtos foi apontada como uma das causas principais da crise financeira mundial, começada em 2007-2008, que veio a conduzir à falência de bancos como o Lehman Brothers, mas também à ruína de numerosos particulares.
As grandes agências de notação, designadamente a S&P, mas também a Fitch e a Moody's, foram muito criticadas e os legisladores europeus e norte-americanos regularam mais a sua actividade.
Mas seria a primeira vez que uma delas seria conduzida directamente à justiça pelas autoridades norte-americanas, que, até ao momento, se tinham centrado nos bancos.
O anúncio conduziu à queda acentuada da cotação da acção McGraw-Hill na bolsa de Wall Street, acabando a sessão a perder 13,78% para os 50,30 dólares.
No seu comunicado, a S&P assegura que "lamenta profundamente que as suas notações dos CDO tenham falhado a antecipação total da rápida deterioração das condições do mercado hipotecário norte-americano neste período tumultuoso".