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França promete resposta a ameaça de tarifas de Trump sobre vinho
A reação ocorre na sequência do Presidente norte-americano ter ameaçado tributar o vinho, o champanhe e as bebidas espirituosas europeias em 200% se a União Europeia (UE) não retirasse o imposto europeu proposto de 50% sobre o whiskey norte-americano, conhecido como bourbon.
O ministro francês do Comércio Externo, Laurent Saint-Martin, afirmou esta quinta-feira que a França responderá contra a ameaça norte-americana de tarifas aduaneiras de 200% sobre bebidas alcoólicas, que alarmou o setor vinícola no país.
"Donald Trump está a intensificar a guerra comercial que decidiu lançar. A França continua determinada a ripostar com a Comissão Europeia e os nossos parceiros. Não cederemos a ameaças e protegeremos sempre as nossas indústrias", disse Laurent Saint-Martin na rede social X.
Esta reação ocorre na sequência do Presidente norte-americano ter ameaçado hoje tributar o vinho, o champanhe e as bebidas espirituosas europeias em 200% se a União Europeia (UE) não retirasse o imposto europeu proposto de 50% sobre o whiskey norte-americano, conhecido como bourbon.
Em resposta, os exportadores franceses de vinho e bebidas espirituosas afirmam estar "fartos de serem sistematicamente sacrificados" nas guerras comerciais, segundo o diretor executivo da Federação dos Exportadores de Vinho e Bebidas Espirituosas (FEVS), Nicolas Ozanam.
"Isto confirma o que temíamos: ao apresentar disposições deste tipo (sobre o bourbon americano), estávamos a colocar-nos na mira direta do Presidente dos Estados Unidos", afirmou Nicolas Ozanam à agência France-Presse, apelando "à Comissão Europeia para que mostre algum realismo".
Os produtores europeus de bebidas espirituosas tinham apelado à UE e aos EUA para manterem o seu setor "fora das suas disputas", depois de Bruxelas ter anunciado o aumento das tarifas aduaneiras sobre uma série de produtos americanos importados, incluindo o bourbon.
O grupo Spirits Europe, que detêm o lóbi europeu do setor, declarou estar "profundamente desapontado" e "extremamente preocupado" com o aumento dos direitos europeus sobre as bebidas espirituosas americanas "como parte de uma guerra não relacionada com o aço e o alumínio".
De acordo com o gabinete do ministro francês do Comércio Externo, com o aumento dos direitos aduaneiros está-se a defender a indústria vinícola, "mantendo um equilíbrio de poder".
"O objetivo é fazer com que os Estados Unidos recuem em relação a estas tarifas. Não responder seria abandonar os setores. Estes setores estão a ser atacados e nós estamos a defendê-los", defendeu Laurent Saint-Martin.
Por enquanto, as maiores organizações do setor francês, como o Comité champagne, o grupo LVMH ou a Pernod Ricard, ainda não comentaram a decisão do Governo francês em resposta à medida americana.
Na quarta-feira, a UE anunciou tarifas sobre uma série de produtos americanos, incluindo bourbon, motas e barcos, que entrarão em vigor a 01 de abril, em retaliação às sobretaxas de 25% dos EUA sobre o aço e o alumínio, que entraram em vigor no mesmo dia.
Um acordo transatlântico de 1997 eliminou as barreiras alfandegárias, o que permitiu que o comércio crescesse 450% até 2018, altura em que a anterior administração Trump lançou a sua primeira guerra comercial.
Os Estados Unidos são o maior mercado internacional do setor. As vendas francesas cresceram 5% em 2024, atingindo 3,8 mil milhões de euros, com destaque para as exportações de vinho e conhaque, de acordo com a Federação Francesa de Exportadores de Vinho e Bebidas Espirituosas.