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Venâncio Mondlane só aceita reunião com Presidente de Moçambique com agenda
Candidato presidencial faz comunicação pelo Facebook a anunciar que aceita encontro com Filipe Nyusi. Exige que a reunião tenha uma agenda mas não indica os pontos a incluir na mesma.
Venâncio Mondlane anunciou esta quinta-feira, 21 de novembro, que aceita a reunião pedida pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, com os quatro candidatos presidenciais às eleições de outubro, para resolver o conflito pós-eleitoral que afeta o país há um mês, fazendo depender da agenda da reunião.
"Eu, Venâncio Mondlane, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito sem reservas esse diálogo, aceito essa mesa de diálogo (…). Mas esse diálogo, como qualquer diálogo, como qualquer negociação, como qualquer tipo de encontro institucional, deve ter uma agenda", anunciou o candidato presidencial, numa transmissão através da sua conta oficial na rede social Facebook.
Para "não ir ao encontro no vazio, sem nenhuma agenda", avançou que vai submeter nas primeiras horas de sexta-feira, no gabinete da Presidência da República, um ofício com uma proposta "sustentada" pelos contributos dos moçambicanos sobre os passos a seguir no processo de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, resumidos em cerca de 20 pontos que irá apresentar publicamente e que "representam os anseios do povo moçambicano".
"Quarenta mil pessoas escreveram [e-mail] para mim e está tudo resumido na carta que vai dar entrada na Presidência da República", disse Venâncio Mondlane.
"A soberania de Moçambique reside no povo, então é o povo que determina o que deve ser a agenda desse diálogo", frisou.
O candidato presidencial, que não aceita os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional, apontando várias irregularidades ao processo eleitoral, rejeita um diálogo "à porta fechada" e com "segredinhos".
"Diálogos abertos, em que a imprensa tenha acesso, em que a sociedade civil tenha acesso, em que os mediadores internacionais tenham acesso.
Vamos fazer história", acrescentou o candidato, que afirma estar fora de Moçambique por questões de segurança, sendo atualmente visado por vários processos judiciais desencadeados pelo Ministério Público, nomeadamente conspiração para golpe de Estado, na sequência das manifestações e protestos do último mês.
O Presidente moçambicano convidou na terça-feira os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o "caos" e que "espalhar o medo pelas ruas" fragiliza o país.
"Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique (...). Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas", disse Nyusi, numa mensagem à nação, de cerca de 45 minutos, sobre a "situação do país no período pós-eleitoral".
Apelando à "libertação do egoísmo" neste processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo último mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está "aberto" para, "juntos", se encontrar "uma solução" para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
"Precisamos inclusivamente dos diferentes candidatos a Presidente da República. Precisamos do envolvimento do Lutero Simango, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e do Ossufo Momade. Precisamos do envolvimento dos seus colaboradores e apoiantes", disse Nyusi.
Nestes protestos, Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.
Sobre estas manifestações, Nyusi afirmou que não obedeceram aos preceitos legais, como a "falta" de informação sobre as "rotas" por quem as pediu, admitindo que a forma de convocação estava concebida para "criar ódio e desejo de vingança" entre moçambicanos, justificando assim a intervenção policial.