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Aumento de ajuda do FMI não afasta risco de Angola reestruturar dívida

Apesar do reforço do programa de assistências financeira em 645 milhões de euros, a Capital Economics considera que cenário de reestruturação da dívida não está afastado.

João Lourenço tem ensaiado aproximações à Europa e também aos Estados Unidos.
João Lourenço, presidente de Angola José Coelho/Lusa
20 de Setembro de 2020 às 10:13
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A consultora Capital Economics considerou hoje que o aumento do montante do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Angola vai ajudar o país mas não afasta a eventual necessidade de reestruturar a dívida privada.

"A aprovação da expansão do programa de assistência financeira a Angola em 765 milhões de dólares [645 milhões de euros] vai ajudar a aliviar a pressão sobre a balança de pagamentos, mas uma reestruturação ainda não está fora de questão", escrevem os analistas desta consultora britânica.

Num comentário sobre a aprovação da terceira tranche da ajuda financeira, agora elevada de 3,7 mil milhões de dólares, cerca de 3 mil milhões de euros, para quase 4,5 mil milhões de dólares, cerca de 3,8 mil milhões de euros, e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "devido à escala do peso da dívida, em cerca de 95% do PIB no ano passado, e ao impacto nas finanças públicas dos preços baixos do petróleo, a reestruturação de dívida aos credores privados pode ser necessária no futuro".

De acordo com a Capital Economics, "as questões à volta da sustentabilidade da dívida parecem ter sido a causa para a demora no desembolso do Fundo", que na quarta-feira anunciou o desembolso imediato de mil milhões de dólares e o aumento do valor total do empréstimo, tal como Angola tinha pedido.

Possível acordo com a China
"Angola recebeu recentemente um alívio da dívida por parte dos credores do Clube de Paris num valor que ronda os 300 milhões de dólares, e há rumores de que está à beira de chegar a acordo com os bancos chineses, num montante que pode chegar a 2,3 mil milhões de dólares", escrevem os analistas, concluindo que "este acordo pode ter aliviado as preocupações do Fundo relativamente à sustentabilidade da dívida".

A decisão do FMI, anunciada na quarta-feira, eleva o total do programa de assistência financeira a Angola para quase 4,5 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros).

No comunicado de imprensa que acompanha o anúncio, o FMI explica que esta terceira avaliação positiva da ajuda financeira dada ao abrigo da Linha de Financiamento Ampliada (Extended Fund Facility, no original em inglês) permite o desembolso de mais mil milhões de dólares (845 milhões de euros), perfazendo cerca de 2,5 mil milhões de dólares (2,11 mil milhões de euros) já entregues desde a assinatura do acordo, em 07 de dezembro de 2018.

O acordo tem como principais objetivos "restaurar a sustentabilidade externa e orçamental, melhorar a governação e diversificar a economia, para promover o crescimento económico sustentável, liderado pelo setor privado".

Na conclusão da terceira avaliação, o Fundo avaliou também o pedido das autoridades para reforçar o empréstimo em 765 milhões de dólares, que eleva o total para 4.465 milhões de dólares (3.760 milhões de euros), com o objetivo de apoiar "os esforços das autoridades para controlar a propagação da pandemia de covid-19, atenuar o seu impacto económico e avançar na aplicação de reformas estruturais".

Angola anunciou em junho a adesão à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) do G20 no sentido de negociar com os seus pares soberanos a paralisação do serviço da dívida em empréstimos bilaterais num acordo que exclui os credores privados.
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