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Ricardo Salgado "não tem noção" da decisão final do caso EDP, diz advogado

O ex-ministro da Economia Manuel Pinho, a sua mulher, Alexandra Pinho, e o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado conhecem a esta hora a decisão do tribunal no julgamento do Caso EDP.

Pedro Catarino
06 de Junho de 2024 às 11:34
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À chegada ao Campus da Justiça, esta manhã, Manuel Pinho preferiu não falar aos jornalistas, nem a sua mulher, também ela arguida, Alexandra Pinho. "Falamos no fim", disse o ex-ministro, acrescentando: "Toda a gente sabe o que se passou neste julgamento".

Por seu lado, Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, chegou ao tribunal sozinho. "Isto não é um jogo de futebol, não tenho expectativas", começou por dizer, sublinhando que "pelas razões que já são conhecidas, [Ricardo Salgado] não vem" ouvir a sentença. 

Na opinião do advogado,uma decisão justa para o caso EDP será "a absolvição, ponto final". "O julgamento foi arrasador para as teses da acusaçãoo, esse é o resultado que esperaria", acrescentou. 

"Não falei com Ricardo Salgado e ele não tem noção da decisão de hoje. Não sei se está a ver televisão. Não falei com ele porque o nosso cliente tem a doença de Alzheimer e não nos dá instruções, deixou de o fazer, é uma característica da doença, ir-se ausentando. Tenho vivido isso na pele como profissional. A minha cliente é a mulher do meu clientes, que é quem afetam estas decisões", contou ainda o advogado.  

Sobre a possibilidade de uma pena efetiva de prisão para Ricardo Salgado, disse que não vê esse cenário como uma hipótese real "num país da UE e num estado vinculado aos princípios dos direitos humanos. "É uma hipótese de estado ditatorial". 

A leitura do acórdão pelo coletivo de juízes presidido pela magistrada Ana Paula Rosa está marcada para as 11h desta quinta-feira, no Juízo Central Criminal de Lisboa, e coloca um ponto final no julgamento que começou em outubro de 2023 e pelo qual passaram cerca de uma centena de testemunhas, entre as quais os antigos primeiros-ministros Pedro Passos Coelho, José Sócrates e Durão Barroso.

Nas alegações finais, o Ministério Público (MP) pediu uma pena não inferior a nove anos de prisão para Manuel Pinho. Já para Ricardo Salgado foram pedidos pelo MP seis a sete anos de pena de prisão efetiva, enquanto para a mulher do ex-governante, Alexandra Pinho, foi defendida a aplicação de uma pena de quatro anos, suspensa na execução.

Já as defesas dos três arguidos reclamaram a absolvição dos seus clientes neste processo, cuja acusação foi conhecida em dezembro de 2022.

O antigo governante foi acusado pelo MP de estar ao serviço dos interesses do Grupo Espírito Santo (GES) e de Ricardo Salgado enquanto ocupou o cargo de ministro da Economia, entre 2005 e 2009, na sequência de um alegado pacto corruptivo que teria sido dissimulado através de uma demissão de Manuel Pinho e a aceitação da desvinculação por Salgado, estabelecendo-se então um conjunto de contrapartidas.

Entre estas contrapartidas estaria o pagamento de 15 mil euros mensais, de uma verba de 500 mil euros e outros benefícios que se estenderiam também à mulher do ex-governante, Alexandra Pinho.

O MP argumentou que Manuel Pinho tomou decisões não em nome do interesse público, mas segundo os interesses do GES, indicando a promoção de projetos PIN (projetos de interesse nacional) aos quais o BES estava ligado, a reversão de uma decisão da Autoridade da Concorrência na compra da Autoestradas do Atlântico pela Brisa e o papel na candidatura da Comporta para a organização da Ryder Cup.

Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, está a ser julgado no caso EDP por corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

A sua mulher, Alexandra Pinho, responde por branqueamento e fraude fiscal - em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-banqueiro Ricardo Salgado responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento.

Na origem deste caso está a investigação à EDP e aos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), envolvendo, entre outros, os ex-gestores da empresa elétrica António Mexia e João Manso Neto, num inquérito aberto em 2012 e cujos factos continuam a ser investigados noutro processo.
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