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Membro do SIS acusado de espionagem para a Rússia
O Ministério Público deduziu acusação contra Frederico Carvalhão Gil, funcionário do SIS, e contra um cidadão russo dos serviços de espionagem do seu país, que está em parte incerta. Em causa crimes agravados de espionagem, violação de segredo de Estado e corrupção.
A Operação Top Secret, no âmbito da qual foi detido em Itália, há cerca de um ano, o espião português Frederico Carvalhão Gil (na foto), conheceu esta quinta-feira, 8 de Junho, um novo desenvolvimento, com o Ministério Público a avançar com uma acusação formal pelos crimes de espionagem, violação de segredo de Estado e de corrupção activa e passiva agravados.
Juntamente com o membro das secretas portuguesas, foi acusado um funcionário dos quadros do Serviço Externo da Federação Russa, o SVR.
Segundo a acusação, "o arguido funcionário do SIS foi recrutado pelo SVR para, a troco de pagamento de quantias em dinheiro, prestar informações cobertas pelo segredo de Estado a que acedia em razão das suas funções", informa a Procuradoria-Geral da República num comunicado emitido hoje.
O ex-funcionário do SIS foi detido em Roma em 21 de Maio de 2016 e entregue às autoridades portuguesas em 5 de Junho. Foi colocado então em prisão preventiva, medida de coacção posteriormente substituída por prisão domiciliária com vigilância electrónica. Quando ao espião russo, apesar dos pedidos de Portugal, Itália recusou entrega-lo às autoridades portuguesas e acabou por ser libertado. Actualmente, diz a PGR, é desconhecido o seu paradeiro.
Segundo a PGR, o Ministério Público conseguiu apurar que entre espião português e o oficial da SVR foram realizados três encontros. Um deles, precisamente a 21 de Maio do ano passado, altura em que a Polícia Judiciária mandou a Itália três elementos para vigiarem o encontro, marcado para Roma, em conjunto com as autoridades locais.
Com a detenção dos dois suspeitos, foram apreendidos documentos, dinheiro e outros objectos que ambos tinham em seu poder e nos respectivos quartos de hotel. Entre eles, na posse do agente russo, "um documento manuscrito que lhe havia sido entregue pelo funcionário do SIS, contendo informação que foi considerada protegida pelo segredo de Estado". O português tinha na sua posse 10 mil euros recebido do russo "como contrapartida das informações que indevidamente recebera".