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Governo reforça fiscalização às câmaras nas áreas de urbanismo e contratação pública

IGF vai ter um núcleo destinado à realização de auditorias regulares nas câmaras municipais. Foco é a prevenção da corrupção em áreas como contratos públicos ou urbanismo. Governo anuncia contratação de 50 inspetores para fiscalizar autarquias, de onde chega metade das suspeitas denunciadas ao Menac.

Manuel de Almeida / Lusa
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A Inspeção Geral de Finanças (IGF) vai passar a ter um núcleo de inspetores dedicado à realização de "auditorias regulares vocacionadas para a prevenção da corrupção, em áreas como a contratação pública, o urbanismo e a própria gestão e administração dos órgãos autárquicos". Já a Inspeção-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) terá idêntica competência na área do ordenamento do território. 

A medida foi aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros e concretiza uma das previsões da agenda para a prevenção da corrupção, anunciada em junho do ano passado pelo Governo. Segundo fonte oficial, "ganha maior relevância face à progressiva descentralização e transferência de competências do Estado para as autarquias locais".

Ora, "a transferência de competências do Estado para as autarquias, acompanhada de financiamento, deve também ter a correspondente fiscalização", afirmou a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião semanal do Executivo. 

Tanto a IGF como a IGAMAOT terão, em simultâneo, um reforço de meios humanos, por forma a responderem a este aumento da sua capacidade de intervenção e necessidade de um maior  número de inspetores especializados em matérias autárquicas. Assim, o Governo aprovou também um plano plurianual de recrutamento de 50 inspetores alocados à inspeção de autarquias, dos quais 30 serão recriutados, para as duas entidades, durante o ano de 2025. 

"A IGF, que conta com 30 inspetores, quase duplica o número de inspetores exclusivamente dedicados à prevenção e deteção de fenómenos corruptivos nas autarquias locais", assinalou a ministra.

O Governo pretende, por outro lado, que em tudo o que tenha a ver com a fiscalização às câmaras municipais passe a haver uma maior colaboração não só entre a IGF e a IGAMAOT, mas, também, com outras entidades autónomas, mas com competências na matéria, como a direção-geral das Autarquias Locais (DGAL); a Polícia Judiciária (PJ); o Mecanismo Nacional Anticorrupção (Menac); a Procuradoria-geral da República ou o Tribunal de Contas. 



Menac com 48,5% de susteitas relacionadas com câmaras 

O Governo chegou a equacionar a criação de uma nova entidade, com competências próprias especificamente na área das autarquias, mas a opção acabaria por ser a de reforçar os mecanismos e competências já existentes. 

O tema é apontado como de grande relevância numa altura em que, além da já referida transferência de competências para as câmaras,  quase metade (48,5%) das denúncias sobre suspeitas de corrupção que chegam ao Menac respeitam a atividades desenvolvidas nas autarquias locais, sendo que, no Ministério Público, o número é igualmente relevante. 

O gabinete de Rita Alarcão Júdice refere, também, que os próprios autarcas dizem sentir "falta desse apoio" e de a "ajuda técnica e especializada para prevenir e detetar irregularidades em matérias como a contratação pública, o urbanismo, o ordenamento do território, urbanização e edificação, as obras públicas, a gestão dos recursos humanos, os fornecimentos e concessões, o setor empresarial local e a gestão e administração das autarquias."

Mecanismo com Nova lei orgânica

O Governo aprovou também esta quinta-feira uma nova  lei orgânica para o MENAC que, explicou a ministra, " vem criar um Conselho de Administração, alterando a gestão assente num órgão unipessoal". Dessa forma, "o Conselho de Administração do MENAC terá três elementos, nomeados por Resolução de Conselho de Ministros com mandatos de quatro anos, renováveis".

 

A nova lei vem, por outro lado, dotar o Menac de um quadro de pessoal próprio, não restringindo os seus trabalhadores aos oriundos da carreira de inspetor. "Queremos um Menac atuante, um Menac visível e dissuasor, mas também lhe exigimos mais, aumentando a capacidade de fiscalização da Assembleia da República sobre a sua atividade", sublinhou Rita Alarcão Júdice.

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