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Caso extraconjugal motivou fraude do Credit Suisse em Moçambique

Um profissional que atuava na área de banca de investimento do Credit Suisse Group declarou a um tribunal federal em Nova Iorque que a sua decisão de aceitar milhões de dólares em subornos foi influenciada por um relacionamento extraconjugal com uma subordinada.

Detelina Subeva e Andrew Pearse, ex-funcionário do Credit Suisse participaram na fraude em Moçambique Bloomberg
26 de Outubro de 2019 às 20:00
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Andrew Pearse, de 49 anos, admitiu ter recebido pelo menos 45 milhões de dólares pela sua atuação na concessão de 2 mil milhões de dólares em empréstimos a empresas em Moçambique. Pearse é a primeira testemunha do governo americano no julgamento de Jean Boustani, profissional de vendas do Privinvest Group que é acusado de fraudar investidores nos EUA.

 

Pearse revelou que estava sentado perto da piscina de um hotel em Maputo, em 2013, quando Boustani lhe ofereceu um suborno em troca da redução nas taxas de transação que o Credit Suisse cobraria para conceder um empréstimo.

 

"Eu lembro-me claramente porque foi a primeira vez na vida que me ofereceram um suborno", revelou Pearse aos jurados no Brooklyn.

 

Pearse afirmou que estava a tentar sair do Credit Suisse e se dispôs não somente a reduzir as taxas que os seus colegas embolsariam com a operação, mas também pediu ajuda de Boustani para montar uma nova empresa em conjunto com o presidente da Privinvest, Iskandar Safa.

 

Segundo Pearse, estas decisões foram influenciadas pelo romance dele com a subordinada Detelina Subeva, que também se declarou culpada e vai atuar como testemunha da acusação no processo contra Boustani.

 

O promotor-assistente Mark Bini perguntou a Pearse se o caso com Subeva afetou a decisão dele de sair do banco, em 2013. Ele respondeu que estava a tentar esconder um "relacionamento amoroso muito profundo" dos seus superiores.

 

"Nós dois éramos casados na altura e era difícil ficarmos juntos se não estivéssemos a viajar", contou Pearse. "Eu queria que aquele relacionamento continuasse. Eu queria sair do Credit Suisse. Eu queria estabelecer um relacionamento mais profundo com Subeva."


Boustani é acusado de montar um "esquema criminoso internacional descarado" que ajudou um dos países mais pobres do planeta a receber milhares de milhões de dólares em empréstimos para projetos marítimos duvidosos, incluindo um de combate a piratas.


O Ministério Público acusa representantes da Privinvest de inflacionar preços de equipamentos e serviços prestados a Moçambique, gerando dinheiro para o pagamento de subornos. Autoridades do país africano, executivos de empresas e profissionais de bancos de investimento roubaram aproximadamente 200 milhões de dólares, segundo o governo americano.

 

Stephen Hauss, advogado da Privinvest, nega todas as irregularidades. "Obviamente, Pearse tem um acordo generoso com o governo e diz o que o governo quer que ele diga", afirmou.

 

Os jurados tiveram acesso a registos que mostram que a Privinvest fez regularmente depósitos de um milhão de dólares na conta bancária de Pearse em Abu Dhabi. No seu depoimento, Pearse revelou que dividiu com Subeva pelo menos dois milhões de dólares recebidos de Boustani.

 

Os empréstimos a Moçambique foram arranjados pelo Credit Suisse e pelo banco russo VTB. O dinheiro devia ter sido empregue em atividades relacionadas com a pesca de atum, estaleiros e segurança costeira, mas, segundo o Ministério Público, esses projetos nunca se concretizaram.

 

Moçambique processou Safa, bilionário de origem franco-libanesa, em Londres em agosto, sob acusações de fraude. Um porta-voz de Safa disse na época que o empresário nega qualquer irregularidade e que os tribunais britânicos não têm jurisdição sobre ele.

 

Ndambi Guebuza, filho do ex-presidente moçambicano Armando Guebuza, foi preso em fevereiro, devido ao escândalo dos empréstimos. Ele está a defender-se das acusações.

 

(Texto original: Ex-Credit Suisse Banker Pearse Says Love Helped Fuel His Fraud)

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