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Berardo enfrenta Carlos Alexandre. MP não pede prisão preventiva

Arranca esta quinta-feira o primeiro interrogatório a Joe Berardo, que passou duas noites no estabelecimento prisional anexo à PJ. Idade, problemas de saúde e práticas antigas livram o empresário da prisão preventiva.

Joe Berardo será presente esta quarta-feira ao juiz Carlos Alexandre, que determinará as medidas de coação.
Miguel Baltazar
01 de Julho de 2021 às 10:06
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Arranca esta quinta-feira, 1 de julho, o primeiro interrogatório a Joe Berardo, detido esta semana pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas sobre a forma como conseguiu obter financiamentos junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD). O Ministério Público não deverá pedir a prisão preventiva do empresário.

O empresário madeirense foi detido na terça-feira, juntamente com André Luiz Gomes, um dos seus advogados, por suspeita da prática de crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

Em causa, a forma como Berardo conseguiu obter, entre 2006 e 2009, empréstimos no valor total de 439 milhões de euros junto da CGD, que, anos depois, ainda representavam perdas avultadas para o banco público. Isto porque o empresário "tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar". Mas não só: na tese apresentada pelo Ministério Público, Joe Berardo terá causado um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.

É neste contexto que o empresário será interrogado por Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa. Isto depois de já ter passado duas noites no estabelecimento prisional anexo à PJ e de na véspera ter sido presente ao juiz, tendo sido feita a sua identificação. A diligência foi suspensa pelas 20:00. Pelas 22:00, Saragoça da Matta e João Costa Andrade, advogados de Berardo e de André Luiz Gomes, respetivamente, ainda estavam a consultar o processo nas instalações do tribunal.

Segundo avança o Público, o Ministério Público não tem intenção de pedir a prisão preventiva de Joe Berardo, tendo em conta a sua idade - está prestes a completar 77 anos -, os seus problemas de saúde e o facto de parte das práticas objeto de investigação já serem muito antigas. O mais provável, adianta o jornal, é que os procuradores peçam ao juiz para decretar uma caução elevada.

Família sob suspeita

Entretanto, vão sendo conhecidos mais detalhes sobre o caso. Avança o Observador que uma parte da família de Joe Berardo também está sob suspeita. O irmão Jorge Sabino Berardo, mas também o filho Renato e a filha Cláudia são suspeitos de terem ajudado o empresário a dissipar o património, nomeadamente a Coleção Berardo, para que não fosse alvo de execução por parte da CGD, BCP e Novo Banco.

Em investigação está ainda a forma como Berardo usa diversas instituições de utilidade pública, como a Fundação José Berardo, para sustentar a sua família. O empresário é ainda suspeito de ter desviado cerca de 140 mil euros, em notas, de uma das empresas, enquanto André Luiz Gomes está inidiciado pelo alegado crime de fraude fiscal qualificada, no valor de cerca de 1 milhão de euros.

Já o Jornal de Notícias dá conta de que Berardo é suspeito de ter montado, juntamente com André Luiz Gomes, um labirinto de associações e empresas, incluindo a constituição de sociedades "offshore", nas ilhas Caimão, em nome de alegados testas de ferro.

11 arguidos, dois detidos

O processo que envolve Joe Berardo conta com um total de 11 arguidos (incluindo o empresário madeirense), dos quais seis são empresas e cinco individuais. Dos cinco arguidos individuais, só Berardo e André Luíz Gomes estão detidos.

Além destes, os restantes arguidos são Renato Berardo (filho do empreário madeirense), Carlos Santos Ferreira (ex-presidente da CGD e do BCP), Fátima Teixeira (contabilista no Funchal), a sociedade de advogados de André Luiz Gomes, a Metalgeste, duas associações ligadas à Coleção Berardo, a Moagens e Associadas e a sociedade imobiliária ATRAM.
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