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Sindicato dos impostos acusa Fisco de ignorar suspeitas vindas de outros países
"O Fisco português até recebe informações sobre casos suspeitos, mas não investiga, pois dentro de casa não são trabalhadas". Palavras de Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Impostos, ao Jornal Económico.
Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Impostos, acusa a Autoridade Tributária de ignorar informações que recebe de outras jurisdições, segundo declarações ao Jornal Económico.
"O Fisco português até recebe informações sobre casos suspeitos, mas não investiga, pois dentro de casa não são trabalhadas", afirmou Paulo Ralha àquela publicação.
A declaração não é única e é repetida pelo sindicalista: "Há informações de outras jurisdições que chegam à Autoridade de Tributária e pura e simplesmente não são trabalhadas".
Ou seja, na óptica do líder do sindicato dos trabalhadores dos impostos, as informações entre os países até são trocadas (o que é essencial no caso de transferências transfronteiriças), mas o Fisco português falha depois na análise e averiguação internas.
Segundo diz Paulo Ralha ao Jornal Económico, há, por exemplo, incapacidade para fazer a observação de um universo global de operações de uma empresa. A justificação é a falta de meios. Esse é, aliás, um tema muito referido pelo sindicalista, que tem vindo a pedir mais recursos para a Autoridade Tributária.
A acusação acontece um ano depois da divulgação de uma nova onda de informação confidencial por parte do consórcio de jornalistas denominado ICIJ ligada a paraísos fiscais: os Paradise Papers. Tinha sido este mesmo grupo de jornalismo de investigação a fazer a revelação dos Panamá Papers.
Os paraísos fiscais são jurisdições onde há um regime de tributação favorável ou inexistente, beneficiando a aplicação de dinheiros que, noutras geografias, seria taxada.