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Estudo: Apenas 13% dos AL consideram colocar imóveis no arrendamento tradicional
Estudo da Nova SBE, a pedido da associação que representa o setor do alojamento local, conclui que quase metade dos proprietários tem faturação mensal abaixo de mil euros por imóvel. E que cada unidade de AL ajudou a criar 3,8 empregos.
Apenas 13% dos proprietários de Alojamento Local admitem colocar o imóvel no mercado de arrendamento tradicional caso as novas regras para o setor avancem no âmbito do Mais Habitação. As conclusões são de um estudo da Nova SBE, a pedido da associação que representa o setor (Alep).
Como solução alternativa, consideram tanto o arrendamento de médio prazo a estrangeiros (57%) como a manutenção do imóvel apenas como casa de férias e de segunda habitação (50%), de acordo com o mesmo documento intitulado ‘Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal', desenvolvido pelos economistas e investigadores Pedro Brinca, João Bernardo Duarte e João Pedro Ferreira.
Ainda sobre o pacote Mais Habitação - vetado pelo Presidente da República e que a vai voltar ao Parlamento a 21 de setembro - "um número considerável de proprietários sublinha a intenção de reduzir os custos com o trabalho e com novos investimentos" se a legislação chegar a avançar. Apesar do coro de críticas, o PS já reforçou que vai manter o diploma sem alterações.
Segundo o mesmo estudo apresentado esta terça-feira, há proprietários que destacam que existe inclusivamente o risco de encerrar a atividade caso as medidas, que incluem por exemplo uma nova taxa, entrem em vigor.
Faturação abaixo de mil euros
O mesmo estudo, que tem como objetivo fazer um retrato do setor e do seu peso para a economia, aponta ainda que quase metade dos inquiridos (46%) assegura ter uma faturação mensal inferior a mil euros por unidade. "Se considerarmos a totalidade dos alojamentos locais, 58% têm um rendimento inferior 3 mil euros por mês", lê-se no mesmo documento.
Os economistas e investigadores da Nova SBE concluem ainda que a contribuição do AL para o orçamento familiar é multifacetada, com 42% dos inquiridos a afirmar que o rendimento proveniente desta atividade corresponde a um complemento para o seu agregado familiar de cerca de 40%. Mas 40% afirma que mais de 60% do seu rendimento é proveniente do AL.
No que toca a investimento, mais de 70% refere que aplicaram, em média, 100 mil euros na aquisição do imóvel. Mas o investimento alarga-se ainda à reconversão da unidade. "De facto, a maioria dos AL resultaram de transformações ou reconversões de edificado que estava devoluto ou em mau estado de preservação", refere o documento.
AL pesou 6,2% no emprego a nível nacional
Sobre as despesas dos hóspedes e o seu "efeito multiplicador", as conclusões do estudo têm como base dados relativos até 2019.
O documento aponta para um crescimento de 57% das despesas associadas aos turistas que ficaram hospedados neste segmento entre 2016 e 2019. E detalha que em 2019 corresponderam a 10,3 mil milhões tendo em conta turistas nacionais e internacionais.
O estudo estima ainda que "o efeito multiplicador das despesas dos hóspedes alojados e em 2019 contribuiu para 6,2% do emprego nacional e 4,6% do PIB, beneficiando inúmeros setores", entre os quais a restauração e transporte.
Em termos de emprego, "o impacto das despesas dos turistas hospedados em AL contribui com 316 mil empregos na economia e, considerando estas mesmas despesas dos hóspedes do alojamento local, em média, cada unidade de AL ajuda a criar 3,8 empregos na economia nacional", segundo o mesmo estudo