Notícia
Governo não pode relaxar na execução, a começar pelas Finanças, diz Duarte Cordeiro
Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro afirma que o cumprimento dos compromissos orçamentais de 2021 é essencial para a criação de condições de confiança nas negociações do Orçamento para 2022.
26 de Agosto de 2021 às 07:15
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares considera "bastante aceitável" o grau de execução do Orçamento do Estado deste ano, mas adverte que o Governo não pode relaxar, a começar pelo Ministério das Finanças.
Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro afirma que o cumprimento dos compromissos orçamentais de 2021 é essencial para a criação de condições de confiança nas negociações do Orçamento para 2022 com os parceiros parlamentares dos socialistas: PCP, PAN e PEV, entre os quais também inclui o Bloco de Esquerda, e remete para o final de setembro novo balanço sobre a execução orçamental com essas forças políticas.
No início de junho, num discurso que proferiu enquanto líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, Duarte Cordeiro alertou para os perigos do "isolacionismo e do facilitismo" em política.
Interrogado se o Governo e o PS correm esses riscos na segunda metade da presente legislatura, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares diz esperar que não, mas acrescenta que o seu executivo "não pode relaxar em relação às suas responsabilidades".
"Não podemos relaxar na execução do Orçamento do Estado. Pela parte do Governo, é muito importante a demonstração em relação à concretização dos compromissos que fomos assumindo com os vários partidos no âmbito do Orçamento. Por outro lado, é muito importante -- e eu tenho visto isso da parte dos membros do Governo -- o compromisso e o empenho no que diz respeito ao combate à pandemia, à aplicação de medidas para a rápida recuperação do país ou à motivação do executivo para começar a implementar os projetos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O Governo tem de continuar a estar empenhado na concretização destes objetivos. Não podemos relaxar em relação às nossas responsabilidades neste momento", defende.
Para Duarte Cordeiro, ao Governo compete executar o Orçamento, "garantindo o seu cumprimento e a criação de condições de confiança para a negociação do Orçamento do próximo ano".
"É um compromisso não apenas meu [enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares] mas de todo o Governo, a começar pelo Ministério das Finanças e tocando em todos os ministérios que têm medidas negociadas no âmbito do Orçamento", frisa.
Confrontado com as críticas sobre a evolução da execução orçamental deste ano, Duarte Cordeiro realça, no entanto, que no início de julho foram feitas "reuniões unicamente destinadas a efetuar um balanço sobre a execução do Orçamento relativamente ao primeiro semestre do ano" e sustenta que "a execução é bastante aceitável e melhor do que em anos anteriores".
"Isso permitiu-nos iniciar as conversas com os partidos relativamente ao Orçamento para 2022. No final do mês de setembro, antes da apresentação do Orçamento para 2022, vamos voltar a fazer um novo ponto da situação. Queremos que exista essa confiança para salvaguardar as negociações do Orçamento do próximo ano", refere o membro do Governo.
Ainda sobre as críticas de que o seu executivo é alvo em matéria de execução orçamental, Duarte Cordeiro desdramatiza-as: "Os partidos fazem a sua parte e são exigentes connosco".
"Fazem intervenções relativamente à garantia das medidas negociadas. Muitas vezes as medidas acabam por não ser cumpridas na altura que os partidos esperam, outras vezes não são exatamente como esperam. Mas temos um ano para executar o Orçamento e não é expectável que se execute todo no primeiro semestre. Compete aos partidos manterem esse nível de exigência -- e aceitamos isso com naturalidade", sustenta.
Autárquicas não foram "consideradas" nas negociações do OE
Questionado sobre em que medida os resultados das eleições autárquicas de 26 de setembro vão influenciar as negociações do Orçamento para 2022 com os partidos parceiros do PS no parlamento, sobretudo com o PCP, Duarte Cordeiro separa esses dois planos.
"No passado, já tivemos a circunstância de ter eleições autárquicas e de haver entendimentos políticos no âmbito do Orçamento do Estado. No final de julho, tivemos reuniões com os diferentes partidos e com as deputadas não inscritas [Joacine Katar-Moreira e Cristina Rodrigues] com quem viabilizámos os últimos orçamentos. E nessas reuniões ficaram claros os objetivos e as prioridades que os partidos têm para o Orçamento do Estado para 2022", refere.
Com o PCP, em concreto, Duarte Cordeiro declara que ficaram claros os objetivos dos comunistas: "O que eles entendem que é insuficiente e quais as suas prioridades".
"Esse tema [eleições autárquicas] não foi um elemento considerado. Compete-nos ter em conta aquilo que foi transmitido nessas reuniões por parte desses partidos", advoga o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Já sobre a possibilidade de a direção do PCP perder condições políticas internas para negociar com o Governo novo Orçamento, designadamente em consequência de um eventual mau resultado nas eleições autárquicas, Duarte Cordeiro repete a tese de que eleições autárquicas e negociações orçamentais "são planos distintos".
"Acho que a avaliação deve ser feita em função dos objetivos que foram alcançados nos orçamentos negociados e aprovados e em função daquilo que foi possível conseguir para o país. Devo dar nota de que os entendimentos que foram possíveis à esquerda e também com o PAN permitiram um conjunto de respostas e de resultados que melhoraram muito a vida dos portugueses", sustenta.
Governo está a trabalhar para um entendimento também com o Bloco
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares afirma que o Governo está a trabalhar para incluir o Bloco de Esquerda na viabilização do Orçamento para 2022, instrumento que considera essencial para a recuperação do país pós-pandemia.
Estas posições foram assumidas por Duarte Cordeiro em entrevista à agência Lusa, depois de questionado se há reais condições políticas para o Bloco de Esquerda voltar a viabilizar uma proposta do Governo de Orçamento do Estado, depois de ter votado contra no ano passado.
"Esperamos que sim. Temos a expectativa de que existem essas condições para um entendimento", declara o membro do executivo.
Neste ponto, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares defende que "o país vive um momento de recuperação para o qual é necessário haver um Orçamento que permita a preservação de um conjunto de respostas e, simultaneamente, apostar no investimento público, na retoma e em projetos inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)".
"Esses projetos devem permitir que o país saia da crise da pandemia mais forte do que estava antes desta crise. Há condições políticas para isso. Esperamos que haja capacidade para nos entendermos. Estamos a trabalhar nesse sentido", assinala.
Questionado sobre o facto de o Bloco de Esquerda, em sucessivas intervenções públicas, se revelar mais contundente do que o PCP nas críticas ao Governo, designadamente em debates parlamentares com a presença do primeiro-ministro, António Costa, Duarte Cordeiro secundariza esses episódios.
"Tivemos reuniões de trabalho com o Bloco de Esquerda que decorreram em clima muito semelhante ao de anos anteriores. Dessas reuniões resultou um conjunto de objetivos e de prioridades. Ficámos de trabalhar sobre elas e voltar a reunir no final deste mês ou início de setembro. A nossa expectativa é continuar este trabalho e procurar alcançar um entendimento", salienta.
Interrogado se PS e o Governo vão pôr "uma pedra" sobre aquilo que aconteceu no ano passado com o Bloco de Esquerda, quando optou pelo voto contra o Orçamento para 2021, Duarte Cordeiro advoga que o seu partido "fez uma avaliação política" dessa decisão do BE de chumbar o Orçamento.
"E o PS continua a fazer essa avaliação. O PS entende que foi fundamental a aprovação do último Orçamento, porque permitiu inscrever um conjunto de medidas que, sem elas, Portugal poderia não estar em condições de combater a crise nos mesmos termos. No entanto, disponibilizámo-nos para conversar e trabalhar com o Bloco de Esquerda, tal como fizemos no passado. O Bloco de Esquerda também demonstrou disponibilidade. Tivemos já reuniões e estamos a trabalhar", afirma.
De acordo com a generalidade das sondagens, apesar de o Bloco de Esquerda ter chumbado o Orçamento para 2021, a relação de forças entre este partido e o PS praticamente não se alterou ao longo do último ano.
Duarte Cordeiro apresenta uma explicação para esse indicador resultante da generalidade dos estudos de opinião.
"Não houve nenhuma crise porque houve partidos que aprovaram o Orçamento para 2021. Portanto, felizmente, essa avaliação é feita num contexto em que foi possível o Governo adotar um conjunto de medidas fundamentais, como o lay-off a 100%, que preservou o emprego e os rendimentos, o aumento do salário mínimo e a extensão de um conjunto de medidas de apoios sociais", sustenta.
Interrogado se está convencido de que se o Orçamento para 2021 não tivesse sido aprovado, os indicadores traduziriam uma penalização eleitoral do Bloco de Esquerda, o dirigente socialista responde: "Felizmente, o Orçamento foi aprovado, tornando possível uma resposta diferente à crise".
"Ainda estamos num contexto de combate à pandemia e os portugueses esperam que o Governo esteja concentrado nesse combate. Esperam também que estejamos concentrados numa rápida recuperação da economia e na concretização das condições existentes -- condições que só foram possíveis porque negociámos um conjunto de pacotes de fundos europeus, como o PRR e o novo quadro comunitário -- que permitam a resolução de problemas estruturais do país", acrescenta.
Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro afirma que o cumprimento dos compromissos orçamentais de 2021 é essencial para a criação de condições de confiança nas negociações do Orçamento para 2022 com os parceiros parlamentares dos socialistas: PCP, PAN e PEV, entre os quais também inclui o Bloco de Esquerda, e remete para o final de setembro novo balanço sobre a execução orçamental com essas forças políticas.
Interrogado se o Governo e o PS correm esses riscos na segunda metade da presente legislatura, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares diz esperar que não, mas acrescenta que o seu executivo "não pode relaxar em relação às suas responsabilidades".
"Não podemos relaxar na execução do Orçamento do Estado. Pela parte do Governo, é muito importante a demonstração em relação à concretização dos compromissos que fomos assumindo com os vários partidos no âmbito do Orçamento. Por outro lado, é muito importante -- e eu tenho visto isso da parte dos membros do Governo -- o compromisso e o empenho no que diz respeito ao combate à pandemia, à aplicação de medidas para a rápida recuperação do país ou à motivação do executivo para começar a implementar os projetos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O Governo tem de continuar a estar empenhado na concretização destes objetivos. Não podemos relaxar em relação às nossas responsabilidades neste momento", defende.
Para Duarte Cordeiro, ao Governo compete executar o Orçamento, "garantindo o seu cumprimento e a criação de condições de confiança para a negociação do Orçamento do próximo ano".
"É um compromisso não apenas meu [enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares] mas de todo o Governo, a começar pelo Ministério das Finanças e tocando em todos os ministérios que têm medidas negociadas no âmbito do Orçamento", frisa.
Confrontado com as críticas sobre a evolução da execução orçamental deste ano, Duarte Cordeiro realça, no entanto, que no início de julho foram feitas "reuniões unicamente destinadas a efetuar um balanço sobre a execução do Orçamento relativamente ao primeiro semestre do ano" e sustenta que "a execução é bastante aceitável e melhor do que em anos anteriores".
"Isso permitiu-nos iniciar as conversas com os partidos relativamente ao Orçamento para 2022. No final do mês de setembro, antes da apresentação do Orçamento para 2022, vamos voltar a fazer um novo ponto da situação. Queremos que exista essa confiança para salvaguardar as negociações do Orçamento do próximo ano", refere o membro do Governo.
Ainda sobre as críticas de que o seu executivo é alvo em matéria de execução orçamental, Duarte Cordeiro desdramatiza-as: "Os partidos fazem a sua parte e são exigentes connosco".
"Fazem intervenções relativamente à garantia das medidas negociadas. Muitas vezes as medidas acabam por não ser cumpridas na altura que os partidos esperam, outras vezes não são exatamente como esperam. Mas temos um ano para executar o Orçamento e não é expectável que se execute todo no primeiro semestre. Compete aos partidos manterem esse nível de exigência -- e aceitamos isso com naturalidade", sustenta.
Autárquicas não foram "consideradas" nas negociações do OE
Questionado sobre em que medida os resultados das eleições autárquicas de 26 de setembro vão influenciar as negociações do Orçamento para 2022 com os partidos parceiros do PS no parlamento, sobretudo com o PCP, Duarte Cordeiro separa esses dois planos.
"No passado, já tivemos a circunstância de ter eleições autárquicas e de haver entendimentos políticos no âmbito do Orçamento do Estado. No final de julho, tivemos reuniões com os diferentes partidos e com as deputadas não inscritas [Joacine Katar-Moreira e Cristina Rodrigues] com quem viabilizámos os últimos orçamentos. E nessas reuniões ficaram claros os objetivos e as prioridades que os partidos têm para o Orçamento do Estado para 2022", refere.
Com o PCP, em concreto, Duarte Cordeiro declara que ficaram claros os objetivos dos comunistas: "O que eles entendem que é insuficiente e quais as suas prioridades".
"Esse tema [eleições autárquicas] não foi um elemento considerado. Compete-nos ter em conta aquilo que foi transmitido nessas reuniões por parte desses partidos", advoga o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Já sobre a possibilidade de a direção do PCP perder condições políticas internas para negociar com o Governo novo Orçamento, designadamente em consequência de um eventual mau resultado nas eleições autárquicas, Duarte Cordeiro repete a tese de que eleições autárquicas e negociações orçamentais "são planos distintos".
"Acho que a avaliação deve ser feita em função dos objetivos que foram alcançados nos orçamentos negociados e aprovados e em função daquilo que foi possível conseguir para o país. Devo dar nota de que os entendimentos que foram possíveis à esquerda e também com o PAN permitiram um conjunto de respostas e de resultados que melhoraram muito a vida dos portugueses", sustenta.
Governo está a trabalhar para um entendimento também com o Bloco
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares afirma que o Governo está a trabalhar para incluir o Bloco de Esquerda na viabilização do Orçamento para 2022, instrumento que considera essencial para a recuperação do país pós-pandemia.
Estas posições foram assumidas por Duarte Cordeiro em entrevista à agência Lusa, depois de questionado se há reais condições políticas para o Bloco de Esquerda voltar a viabilizar uma proposta do Governo de Orçamento do Estado, depois de ter votado contra no ano passado.
"Esperamos que sim. Temos a expectativa de que existem essas condições para um entendimento", declara o membro do executivo.
Neste ponto, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares defende que "o país vive um momento de recuperação para o qual é necessário haver um Orçamento que permita a preservação de um conjunto de respostas e, simultaneamente, apostar no investimento público, na retoma e em projetos inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)".
"Esses projetos devem permitir que o país saia da crise da pandemia mais forte do que estava antes desta crise. Há condições políticas para isso. Esperamos que haja capacidade para nos entendermos. Estamos a trabalhar nesse sentido", assinala.
Questionado sobre o facto de o Bloco de Esquerda, em sucessivas intervenções públicas, se revelar mais contundente do que o PCP nas críticas ao Governo, designadamente em debates parlamentares com a presença do primeiro-ministro, António Costa, Duarte Cordeiro secundariza esses episódios.
"Tivemos reuniões de trabalho com o Bloco de Esquerda que decorreram em clima muito semelhante ao de anos anteriores. Dessas reuniões resultou um conjunto de objetivos e de prioridades. Ficámos de trabalhar sobre elas e voltar a reunir no final deste mês ou início de setembro. A nossa expectativa é continuar este trabalho e procurar alcançar um entendimento", salienta.
Interrogado se PS e o Governo vão pôr "uma pedra" sobre aquilo que aconteceu no ano passado com o Bloco de Esquerda, quando optou pelo voto contra o Orçamento para 2021, Duarte Cordeiro advoga que o seu partido "fez uma avaliação política" dessa decisão do BE de chumbar o Orçamento.
"E o PS continua a fazer essa avaliação. O PS entende que foi fundamental a aprovação do último Orçamento, porque permitiu inscrever um conjunto de medidas que, sem elas, Portugal poderia não estar em condições de combater a crise nos mesmos termos. No entanto, disponibilizámo-nos para conversar e trabalhar com o Bloco de Esquerda, tal como fizemos no passado. O Bloco de Esquerda também demonstrou disponibilidade. Tivemos já reuniões e estamos a trabalhar", afirma.
De acordo com a generalidade das sondagens, apesar de o Bloco de Esquerda ter chumbado o Orçamento para 2021, a relação de forças entre este partido e o PS praticamente não se alterou ao longo do último ano.
Duarte Cordeiro apresenta uma explicação para esse indicador resultante da generalidade dos estudos de opinião.
"Não houve nenhuma crise porque houve partidos que aprovaram o Orçamento para 2021. Portanto, felizmente, essa avaliação é feita num contexto em que foi possível o Governo adotar um conjunto de medidas fundamentais, como o lay-off a 100%, que preservou o emprego e os rendimentos, o aumento do salário mínimo e a extensão de um conjunto de medidas de apoios sociais", sustenta.
Interrogado se está convencido de que se o Orçamento para 2021 não tivesse sido aprovado, os indicadores traduziriam uma penalização eleitoral do Bloco de Esquerda, o dirigente socialista responde: "Felizmente, o Orçamento foi aprovado, tornando possível uma resposta diferente à crise".
"Ainda estamos num contexto de combate à pandemia e os portugueses esperam que o Governo esteja concentrado nesse combate. Esperam também que estejamos concentrados numa rápida recuperação da economia e na concretização das condições existentes -- condições que só foram possíveis porque negociámos um conjunto de pacotes de fundos europeus, como o PRR e o novo quadro comunitário -- que permitam a resolução de problemas estruturais do país", acrescenta.