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FMI: pior conjuntura externa afecta "significativamente" Portugal

O Fundo Monetário Internacional avaliou a economia ao abrigo do Artigo IV. Gostaria de ver o esforço de ajustamento orçamental concretizado mais cedo e pede cuidado para evitar a erosão das reformas do passado.

Presidente do BCE: Christine Lagarde
EPA
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Se a conjuntura externa se degradar – um risco que a turbulência em Itália veio evidenciar – Portugal será "significativamente afectado". O aviso é do Fundo Monetário Internacional, que até acredita que Portugal vai crescer ao ritmo prometido pelo Governo, mas que defende que o Executivo deveria antecipar o esforço de ajustamento face ao que tem programado.

 

"Um enfraquecimento do crescimento da zona euro afectaria significativamente Portugal, uma economia aberta cuja presença das exportações tem aumentado de forma bem sucedida nos mercados", lê-se no comunicado da equipa de peritos do FMI, publicado esta terça-feira, 29 de Maio, no final da missão de avaliação do país ao abrigo do artigo IV.

 

O FMI nota que o aumento da incerteza em termos internacionais é um "lembrete" de como as condições externas, ainda favoráveis, se podem degradar. E, nesse caso, os choques externos na economia portuguesa seriam "amplificados" pelas vulnerabilidades internas que o país ainda tem.

 

Assim sendo, apesar de apresentar projecções de crescimento económico e de défice orçamental alinhadas com as do Governo para este ano (o Fundo espera um crescimento de 2,3% e diz que a meta de 0,7% para o défice é "alcançável"), os peritos do FMI defendem que o Executivo deveria mudar a sua estratégia orçamental e evitar a "erosão" das reformas feitas no passado. Até porque para os anos seguintes as projecções do FMI apontam para um abrandamento do crescimento: 1,8% em 2019 e um ritmo cada vez mais lento até aos 1,4% no médio prazo.

 

Sobre a estratégia orçamental, o FMI não identifica esforço de ajustamento estrutural em 2018 e 2019, notando que está concentrado antes no final do horizonte de projecção, em 2020 e 2021. Ora, os peritos recomendam que esse esforço seja antecipado já para este ano e para o próximo, uma vez que as actuais condições favoráveis que se verificam para a sua aplicação poderão não existir a partir de 2020.

 

Já sobre reformas estruturais, os peritos frisam que é importante que estas não sofram "erosão", recomendando que se evite a criação de rigidez no mercado de trabalho, até porque o staff do FMI atribui o bom desempenho do mercado de trabalho às reformas do período de ajustamento. "A introdução de nova rigidez, ou a reintrodução de antigas formas de rigidez, comprometeria a competitividade e a produtividade, e dificultaria a capacidade das empresas para reagir a flutuações de procura", lê-se no comunicado.

Num comunicado emitido depois do relatório do FMI, o Ministério das Finanças "reafirma o seu empenho em prosseguir um esforço reformista, colmatando falhas passadas e projetando o futuro, consciente dos riscos que o FMI identifica como maioritariamente externos. Para esse fim, o Governo apoiar-se-á na implementação do Programa Nacional de Reformas, orientado para aumentar o crescimento potencial da economia e consolidar os progressos alcançados no setor financeiro, no mercado de trabalho, e no equilíbrio das contas públicas e das contas externas".

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