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Bloco diz que Portugal ganha "quando não é submisso"
"Não era a Comissão Europeia que dizia que acabar com os cortes nos salários e nas pensões ou aumentar o salário mínimo nacional era um perigo?", questionou a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
A Coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse na noite de quinta-feira, na Lousã, que "Portugal ganha quando não é submisso", como prova o trajecto percorrido pelo país desde 2015.
"O percurso que fizemos desde 2015, desde as eleições legislativas de 2015", provou que "Portugal ganha quando não é submisso", que "Portugal ganha quando pensa nas necessidades das suas populações muito mais do que na aprovação de Bruxelas", sustentou Catarina Martins.
"Não era a Comissão Europeia que dizia que acabar com os cortes nos salários e nas pensões ou aumentar o salário mínimo nacional era um perigo?", questionou a coordenadora do Bloco de Esquerda, que falava em Foz de Arouce, na Lousã, numa sessão de apresentação de candidatos do partido a autarquias dos concelhos da Lousã e de Condeixa-a-Nova, no distrito de Coimbra.
Quando "houve coragem para recuperar rendimentos e direitos de quem vive e trabalha" em Portugal, a economia do país ficou melhor, sublinhou.
"A aprovação de Bruxelas não é o que nós precisamos para saber se um programa é bom ou mau", disse a coordenadora do BE, defendendo que "o que nós precisamos é de saber que estamos a criar condições na economia para quem cá vive, para quem cá trabalha".
Mas, "o caminho feito até agora ainda é pequeno", defendeu Catarina Martins, realçando que ainda há muito desemprego e precariedade, salários que "nos ofendem" e tantas pensões que "humilham quem tem uma vida inteira de trabalho" ou um "sistema financeiro que fica com grande parte dos nossos recursos e da nossa riqueza" e um país "desigual demais" e "sacrificado demais", exemplificou.
"A solução não é seguir o que determina Bruxelas", mas "defender a economia de quem trabalha em Portugal", advogou.
O programa do Governo, "tanto quanto percebemos até agora, nas linhas gerais, não ataca as posições conjuntas que foram assinadas [pelos partidos que apoiam a actual solução governativa]", mas é preciso ter a "coragem de dar o passo determinante para sair da crise em Portugal", designadamente para que "não fique ninguém para trás", advertiu a dirigente bloquista.
Esse passo exige que se deixe de ver o défice que Bruxelas determina como "o princípio e o fim de todas as coisas", sustentou Catarina Martins, referindo que "falta muita coisa" e é preciso investir no Serviço nacional de Saúde e na educação.
Também "está na altura de fazer justiça fiscal, respeitando o que está na posição conjunta [dos partidos], aumentando a progressividade do IRS", de combater a precariedade, de descongelar as carreiras profissionais e de garantir pensões por inteiro a quem tem 60 anos e começou a trabalhar antes dos 16 anos de idade.
"Que país somos nós se não conseguirmos garantir a reforma por inteiro aos 60 anos a quem começou a trabalhar com menos de 16 anos, já este ano?", questionou Catarina Martins, considerando também que quem "começou a trabalhar em criança" deve ter direito à reforma por inteiro, "seja qual for a idade que tenha", porque "não se pode roubar a ninguém a infância e a velhice".