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Merkel perde interesse no BCE e deixa corrida à sucessão de Draghi em aberto

Jens Weidmann, apontado como favorito na corrida à liderança do BCE, pode não contar com o apoio do governo alemão, que pretende garantir a presidência da Comissão Europeia. A sucessão de Draghi está agora em aberto.

Reuters
23 de Agosto de 2018 às 19:00
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A passagem de testemunho na liderança do Banco Central Europeu (BCE) está a mais de um ano de distância. Mas o cenário, para muitos, já estava traçado: o italiano Mario Draghi daria lugar, no cargo de presidente, ao alemão Jens Weidmann, actual governador do banco central da Alemanha, o Bundesbank, com o alto patrocínio de Angela Merkel, chanceler da maior e mais influente economia europeia.

Agora, porém, há mais dúvidas do que certezas. Isto porque Angela Merkel não estará disponível a apostar todas as fichas na liderança do banco central da Zona Euro, preferindo, em vez disso, investir os seus esforços para assegurar a presidência da Comissão Europeia.

A notícia, avançada na quarta-feira pelo jornal alemão Handelsblatt, significa que a corrida à sucessão de Mario Draghi, que ocorrerá em Outubro de 2019, está agora totalmente em aberto, não existindo um potencial candidato que reúna o mesmo consenso que o líder do Bundesbank.

Weidmann, há muito apontado como favorito, é defensor de uma postura mais "hawkish" – favorável ao aperto da política monetária – personificando os anseios da Alemanha por uma normalização mais acelerada dos juros na região do euro.

No entanto, mesmo sem Weidmann na liderança, não é certo que o BCE altere o rumo já definido, até porque Draghi já preparou caminho para a retirada dos estímulos à economia e para a subida gradual dos juros a partir do segundo semestre do próximo ano.

"Na minha perspectiva, a surpresa é Merkel ter decidido tão cedo. Que as hipóteses de Weidmann eram curtas não é grande surpresa para mim", afirma Holger Schmiedling, economista-chefe do Berenberg, citado pela Bloomberg. "Mas isto não significa que o próximo presidente será menos ‘hawkish’. Os outros membros do Conselho não são ‘paus mandados’".

Apesar do apoio a Weidmann ser dado anteriormente como certo, o governo alemão já tinha manifestado dúvidas sobre a disponibilidade de apostar tudo na presidência do BCE, num ano em que estão em jogo as lideranças de tantas instituições de peso na Europa.

Entre eles contam-se a presidência da Comissão Europeia e a presidência do Conselho Europeu.

 

Em Abril, um ranking da Bloomberg baseado num inquérito a economistas, mostrava que a seguir a Weidmann na corrida pela sucessão estava o francês François Villeroy de Galhau e o irlandês Philip Lane, que desistiu da vice-presidência do BCE, deixando o caminho livre ao espanhol Luis de Guindos. O quarto lugar era da actual directora-geral do FMI, Christine Lagarde. 

Com a vitória de Weidmann menos garantida, surgem agora novos potenciais candidatos à liderança do BCE, como o antigo governador do banco central da Finlândia, Erkki Liikanen, e também Olli Rehn, antigo comissário europeu dos Assuntos Económicos, que lidou com a crise das dívidas soberanas.

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