Notícia
Jornal alemão garante que Centeno está de saída do Eurogrupo
O influente Frankfurter Allgemeine Zeitung noticia esta sexta-feira que o ministro das Finanças não se vai recandidatar à liderança do Eurogrupo e escreve que o português tem merecido amplas críticas dos seus pares europeus.
Mário Centeno não estará mesmo disponível para continuar à frente do Eurogrupo e já decidiu que não se irá recandidatar a um segundo mandato à frente daquela instituição informal, noticia esta sexta-feira o influente jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
A publicação germânica escreve que os pares de Centeno no Eurogrupo comentam em circuito fechado que o português já decidiu não se apresentar às próximas eleições para a liderança do bloco do euro. O mandato do economista português termina a 13 de julho.
De acordo com o FAZ, Mário Centeno acusa o desgaste provocado pelo exercício do exigente cargo, agravado pelo facto de ao contrário dos seus antecessores na presidência do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker e Jeroen Dijsselbloem, o português é oriundo da periferia da União Europeia e, como tal, em termos normais, é obrigado a constante viagens.
Em resposta ao Negócios, fonte do Eurogrupo salienta que a decisão sobre o próximo líder da instituição terá de ser tomada nunca depois do encontro de julho e garante que Mário Centeno comunicará a decisão sobre se se recandidata ou não em tempo útil. Para já, a mesma fonte nota que o ministro está focado no trabalho enquanto presidente do Eurogrupo, "extremamente exigente" nestes tempos de crise.
Nos últimos vezes foram várias as notícias sobre a pretensa intenção de Centeno sair do Governo para suceder a Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, cujo mandato termina a 9 de julho. Em março, após conversa com o Presidente da República, em Belém, Mário Centeno deu garantias de que não abandonaria funções durante a crise provocada pela Covid-19.
Ministros das Finanças descontentes com Centeno
Além da indisponibilidade para prosseguir à frente da instituição, o jornal alemão faz também referência ao crescendo de descontentamento entre os restantes 18 ministros das Finanças do euro relativamente ao desempenho de Centeno.
Com base em fontes diplomáticas, o FAZ dá conta de críticas à forma como Mário Centeno se apresentava mal-preparado nas reuniões e à incapacidade demonstrada para se assumir como real promotor de compromissos.
Nesse sentido recorda a longa reunião de 16 horas do passado dia 8 de abril que chegou ao fim sem que os ministros das Finanças fossem capazes de chegar a acordo sobre a resposta aos efeitos causados pela pandemia.
A propósito dessa reunião em que ficou patente a divisão entre os países que, como Itália, admitiam o acesso à linha cautelar do fundo de resgate do euro apenas sem condicionalismos, e os que, como a Holanda, não abdicavam de ligar o apoio a condições, o FAZ revela que Centeno interrompeu diversas vezes a videoconferência para conversas individuais. Isso terá gerado descontentamento nos ministros que iam sendo obrigados a esperar largos minutos.
Foi já dois dias depois que o Eurogrupo acordou a criação de três redes de segurança (Estados-membros, emprego e empresas) no valor de 540 mil milhões de euros, contudo a publicação alemã nota que o compromisso só foi alcançado graças à intervenção da chanceler Angela Merkel e do presidente francês, Emmanuel Macron, assim como às intervenções dos seus ministros das Finanças, respetivamente Olaf Scholz e Bruno Le Maire.
O Eurogrupo tem nova reunião por videoconferência marcada para as 14:00 (hora de Lisboa) desta sexta-feira, sendo que o FAZ refere desconhecer se Centeno pretende hoje comunicar as suas intenções aos restantes ministros.
O ministro das Finanças estará convicto de que poderá ainda concluir as negociações em curso para a criação de um fundo de recuperação económica da UE, porém o FAZ salienta que tal pretensão não é realista tendo em conta que o processo está agora nas mãos da Comissão Europeia.
A Comissão ficou de apresentar uma proposta no passado dia 6 de maio, contudo as persistentes divisões sobre o grau de partilha de riscos na resposta comunitária continuam a emperrar o processo, tal como avançou o Negócios.
Calviño na liderança do Eurogrupo?
Por fim, entre outros candidatos possíveis, o FAZ adianta que a ministra das Finanças espanhola, Nadia Calviño, se perfila como a favorita à sucessão de Centeno. Uma eventual candidatura de Calviño beneficiaria do mesmo equilíbrio geográfico e partidário que ajudou Centeno, sendo ambos próximos dos socialistas europeus.
Por outro lado, a ministra espanhola conhece bem os meandros de Bruxelas, tendo sido diretora-geral do orçamento da Comissão Europeia entre 2014 e 2018.
(Notícia atualizada às 11:55 com reação do gabinete de imprensa do Eurogrupo)
A publicação germânica escreve que os pares de Centeno no Eurogrupo comentam em circuito fechado que o português já decidiu não se apresentar às próximas eleições para a liderança do bloco do euro. O mandato do economista português termina a 13 de julho.
Em resposta ao Negócios, fonte do Eurogrupo salienta que a decisão sobre o próximo líder da instituição terá de ser tomada nunca depois do encontro de julho e garante que Mário Centeno comunicará a decisão sobre se se recandidata ou não em tempo útil. Para já, a mesma fonte nota que o ministro está focado no trabalho enquanto presidente do Eurogrupo, "extremamente exigente" nestes tempos de crise.
Nos últimos vezes foram várias as notícias sobre a pretensa intenção de Centeno sair do Governo para suceder a Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, cujo mandato termina a 9 de julho. Em março, após conversa com o Presidente da República, em Belém, Mário Centeno deu garantias de que não abandonaria funções durante a crise provocada pela Covid-19.
Ministros das Finanças descontentes com Centeno
Além da indisponibilidade para prosseguir à frente da instituição, o jornal alemão faz também referência ao crescendo de descontentamento entre os restantes 18 ministros das Finanças do euro relativamente ao desempenho de Centeno.
Com base em fontes diplomáticas, o FAZ dá conta de críticas à forma como Mário Centeno se apresentava mal-preparado nas reuniões e à incapacidade demonstrada para se assumir como real promotor de compromissos.
Nesse sentido recorda a longa reunião de 16 horas do passado dia 8 de abril que chegou ao fim sem que os ministros das Finanças fossem capazes de chegar a acordo sobre a resposta aos efeitos causados pela pandemia.
A propósito dessa reunião em que ficou patente a divisão entre os países que, como Itália, admitiam o acesso à linha cautelar do fundo de resgate do euro apenas sem condicionalismos, e os que, como a Holanda, não abdicavam de ligar o apoio a condições, o FAZ revela que Centeno interrompeu diversas vezes a videoconferência para conversas individuais. Isso terá gerado descontentamento nos ministros que iam sendo obrigados a esperar largos minutos.
Foi já dois dias depois que o Eurogrupo acordou a criação de três redes de segurança (Estados-membros, emprego e empresas) no valor de 540 mil milhões de euros, contudo a publicação alemã nota que o compromisso só foi alcançado graças à intervenção da chanceler Angela Merkel e do presidente francês, Emmanuel Macron, assim como às intervenções dos seus ministros das Finanças, respetivamente Olaf Scholz e Bruno Le Maire.
O Eurogrupo tem nova reunião por videoconferência marcada para as 14:00 (hora de Lisboa) desta sexta-feira, sendo que o FAZ refere desconhecer se Centeno pretende hoje comunicar as suas intenções aos restantes ministros.
O ministro das Finanças estará convicto de que poderá ainda concluir as negociações em curso para a criação de um fundo de recuperação económica da UE, porém o FAZ salienta que tal pretensão não é realista tendo em conta que o processo está agora nas mãos da Comissão Europeia.
A Comissão ficou de apresentar uma proposta no passado dia 6 de maio, contudo as persistentes divisões sobre o grau de partilha de riscos na resposta comunitária continuam a emperrar o processo, tal como avançou o Negócios.
Calviño na liderança do Eurogrupo?
Por fim, entre outros candidatos possíveis, o FAZ adianta que a ministra das Finanças espanhola, Nadia Calviño, se perfila como a favorita à sucessão de Centeno. Uma eventual candidatura de Calviño beneficiaria do mesmo equilíbrio geográfico e partidário que ajudou Centeno, sendo ambos próximos dos socialistas europeus.
Por outro lado, a ministra espanhola conhece bem os meandros de Bruxelas, tendo sido diretora-geral do orçamento da Comissão Europeia entre 2014 e 2018.
(Notícia atualizada às 11:55 com reação do gabinete de imprensa do Eurogrupo)