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Amado: “Não se fala da Merkollandia, mas ela existe”

Sendo um político “responsável e experiente”, Hollande demorou apenas dois meses a realinhar as suas políticas com o que tinha sido acordado entre Sarkozy e Merkel, analisa o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.

"Temos todas as probabilidades de permanecer no euro"
22 de Janeiro de 2013 às 17:29
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“Não se fala da Merkollandia, mas ela existe”. E é “decisivo” para toda a Europa e para a resolução da crise do euro que exista um entendimento sólido entre os governos alemão e francês, agora dirigidos por Angela Merkel e François Hollande, que sucedeu em Junho no Eliseu a Nicolas Sarkozy.

 

A afirmação é de Luís Amado, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, que encerrou hoje um debate em Lisboa organizado pelas embaixadas de França e da Alemanha, para assinalar o 50º aniversário da assinatura do Tratado do Eliseu, que selou, em 1963, o compromisso de construir um destino comum entre os dois ancestrais inimigos.

 

“É certo que hoje não se fala tanto da Merkollandia, mas ela existe. A Merkollandia não está na agenda mediática com a mesma dimensão crítica que tinha o fenómeno Merkozy, mas existe e existiu muito rapidamente”.

 

Na análise de Luís Amado, como político “responsável e experiente”, François Hollande demorou apenas dois meses a ajustar as suas promessas eleitorais à realidade, compreendendo que a França tinha de convergir, agora no domínio da política orçamental e fiscal como o fizera no passado na domínio monetário e cambial, para o quadro de disciplina e rigor que ficara plasmado no Tratado orçamental, que eleva a “regra de ouro” - Orçamentos públicos devem, em norma, equilibrar receitas e despesas - à categoria de norma constitucional ou para-constitucional  (em Portugal, será integrada na Lei de Enquadramento orçamental, depois de o PS não ter viabilizado o pedido do Governo para a inscrever na Constituição).

 

“Havia uma grande expectativa na esquerda francesa e até europeia de que, após longos anos de oposição, (Hollande) pudesse ter uma voz luminosa sobre alguns dos aspectos mais delicados da crise”. Mas, acrescentou Amado, “como dirigente responsável e político experiente que é, Hollande em dois meses reajustou a sua política, em termos fiscais e orçamentais, com a política determinada pela negociação difícil e complexa entre Sarkozy e Merkel” em torno do Tratado orçamental.

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