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Maria João Rodrigues: “Atravessamos uma crise de integração europeia”

“Uma crise pode ser uma oportunidade, mas pode ser uma oportunidade perdida. E esta crise pode ser a oportunidade para concluir o projecto europeu”, apontou a ex-ministra do Emprego, Maria João Rodrigues.

José Barradas/Correio da Manhã
13 de Setembro de 2013 às 12:04
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Para a antiga ministra do Emprego, a Europa está actualmente confrontada com “uma divisão profunda”, devido “àquilo a que se chama crise da Zona Euro”. Neste sentido, os Estados-membros  devem questionar o papel da Europa enquanto comunidade política, nomeadamente a possibilidade e a vontade de a Europa ser uma comunidade política.

 

Segundo Maria João Rodrigues, a União Europeia é um projecto inacabado e a actual crise que o bloco europeu atravessa pode ser a oportunidade para acabar este projecto e apaziguar as divisões que se fazem sentir.

 

“Uma crise pode ser uma oportunidade, mas pode ser uma oportunidade perdida. E esta crise pode ser a oportunidade para concluir o projecto europeu”, afirmou a docente universitária.

 

Maria João Rodrigues falava esta sexta-feira a propósito da Europa enquanto comunidade política, na conferência “Portugal Europeu. E agora?”, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, em Lisboa.

 

Para que o projecto seja concluído é necessário implementar instrumentos que permitam coordenar a economia e gerir a dívida pública, de maneira a que a crise possa ter um término. De acordo com a antiga ministra, estes instrumentos podem ser, entre outros, as Eurobonds e um orçamento específico para a Zona Euro.

 

Durante a intervenção, Maria João Rodrigues apontou ainda três caminhos que os decisores políticos europeus podem escolher para responder à crise, uma vez que até agora o “quadro de governação europeu foi incapaz de construir uma verdadeira resposta para ultrapassar a crise”.

 

“Seguir uma óptica minimalista, evitando apenas que não haja um descalabro económico”, é uma das opções apontadas. Porém, como ressalvou a docente universitária, esta opção irá criar zonas que vão ficar em recessão por muito tempo ou com um crescimento débil e, a longo prazo, este caminho penalizará os países mais ricos.

 

Outra das opções é a “descontinuação do euro”, que é “uma opção em cima da mesa”, mas que acarreta um “risco muito grande”.

 

A terceira opção apontada por Maria João Rodrigues é a “vontade de completar a união monetária”.

 

Assim, para a antiga ministra do Emprego, as soluções de resposta à crise residem na aceitação de uma hierarquia entre os vários Estados-membros – uma vez que há “parlamentos de outros países que têm mais poder de decisão do que o parlamento do próprio país e assiste-se a uma transformação da natureza política” -, na recuperação da soberania que os Estados tinham antes da adesão à união ou na vontade de terminar o projecto inacabado.

 

Porém, Maria João Rodrigues sublinha que este projecto só pode ser terminado se houver vontade por parte dos cidadãos europeus em alterar a sua vivência no espaço europeu.

A conferência, que decorre esta sexta-feira e sábado, pretende ser um momento de reflexão acerca da forma como os portugueses, as associações, as empresas e mesmo o Estado vivem a experiência europeia. 

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