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César das Neves: Referendo traduz "estrondoso sucesso" da Europa
A União Europeia constitui "um triunfo notável e gritante a cada dia que passa", e o referendo britânico é prova disso mesmo, argumenta o economista em artigo de opinião no Diário de Notícias.
Ganhe o Brexit ou o Bremain, o referendo que esta quinta-feira se realiza no Reino Unido é reflexo de "um estrondoso sucesso" da União Europeia, um projecto politicamente impossível mas que todos os dias faz a sua prova de vida. A opinião é do economista João César das Neves e está esta quinta no Diário de Notícias.
César das Neves começa por enquadrar que a União Europeia é politicamente impossível de concretizar, mas, ainda assim, move-se. Se quando surgiu parecia "um sonho ingénuo de idealistas visionários", a verdade é que avançou e que constitui hoje em dia o mais influente e profundo exemplo de integração económica do globo. Só isso já basta para dizer que, mesmo que a UE "acabasse já e ingloriamente, seria certamente invocada e recuperada durante milénios".
Precisamente porque a UE está longe de ser perfeita, o que é demonstrado pelo facto de ter vivido várias crises quase fatais, é que a sua sobrevivência é tão notável.
É nesse sentido que o referendo no Reino Unido é um sinal de força da UE. Primeiro porque é um caso raro (se houvesse muito descontentamento tinham-se multiplicado os referendos, coisa que não aconteceu); depois porque no debate sobre o Brexit ninguém conseguiu avançar com argumentos económicos a favor da saída.
"Os argumentos para a mudança são sobretudo ideológicos e nacionalistas, prometendo perdas socioeconómicas reduzidas e negando a catástrofe que prenunciam os adeptos da permanência", diz César das Neves, que continua que "é de tal forma evidente que, se sair, o país sofrerá forte queda no poder económico-financeiro e influência internacional, que (…) que até os mais fanáticos admitem esses prejuízos, alegadamente compensados pela autonomia recuperada".
Outro argumento a favor da tese do sucesso da UE é o facto de estar toda a gente, dentro e fora da Europa, com medo das consequências de um Brexit.