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Governos polaco e checo procuram solução para disputa sobre mina de carvão
Os líderes dos Governos da Polónia e da República Checa mantiveram esta terça-feira negociações intensas na tentativa de resolver uma disputa de anos que ressurgiu recentemente sobre uma mina de carvão polaca.
25 de Maio de 2021 às 15:47
O Governo checo diz que a mina de carvão Turow, localizada no sudoeste da Polónia, perto das fronteiras checa e alemã, está a poluir as águas subterrâneas, causando danos ambientais na região.
O caso foi levado ao tribunal da União Europeia, que na semana passada ordenou a Polónia a interromper imediatamente a extração de carvão no local, enquanto se aguarda a decisão final da justiça.
Desde segunda-feira e durante o dia de hoje, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, e o primeiro-ministro checo, Andrej Babis, têm discutido a questão de Turow, aproveitando uma cimeira da UE em Bruxelas.
A disputa sobre esta mina salienta o potencial do carvão como um fator de perturbação nas relações entre as nações da União Europeia (UE), em particular no momento em que a comunidade europeia procura metas ambiciosas para se tornar neutra em carbono até 2050.
A Polónia fez alguns progressos no desenvolvimento de energia verde e no encerramento de minas de carvão, mas o processo tem sido lento e dificultado pela dependência histórica do país em relação ao carvão, que é muito usado para aquecer residências e para a indústria de energia.
O Governo polaco prolongou recentemente a licença para extração de carvão em Turow até 2044, mas as autoridades checas consideram que essa decisão foi tomada sem uma consulta prévia, o que a Polónia nega.
"Não há nenhum acordo ainda (com o lado polaco), mas espero que o consigamos em breve", disse hoje Babis.
O ministro polaco com a pasta dos ativos estatais, Jacek Sasin, disse também hoje que uma estrutura para um acordo já foi elaborada, para tratar das preocupações de Praga e garantir fundos conjuntos para as necessidades ambientais locais.
"Temos a boa vontade dos nossos vizinhos checos", reconheceu Sasin, salientando que o cumprimento da ordem judicial de encerramento da mina seria um "golpe desastroso para a energia da Polónia, para a economia da Polónia".
A Polónia argumenta que não está a ser tratada de forma justa, já que a República Checa e a Alemanha operam várias minas de lignite perto das fronteiras da Polónia, sem que tenham sido confrontados com obstáculos.
Cerca de 48% da energia da Polónia é originária do carvão negro e 17% do lignite (ou carvão castanho), com 25% originária de várias fontes renováveis e de biocombustíveis e 10% de gás e de outras fontes.