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Metade dos homens alvo de assédio finge que não nota
Os chefes são os principais autores de assédio sexual no trabalho, mas clientes, fornecedores e utentes ganharam peso. Metade dos homens finge que não nota e as mulheres mostram mais desagrado. A maioria espera que a situação não se repita.
Uma em cada dez já foram vítimas de assédio sexual
Os valores registados sobre assédio sexual em Portugal (12,6%) são muito mais elevados que os registados na Europa (2%), através do European Working Conditions Survey, sublinha um estudo do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG). Em Portugal, a maioria das vítimas de assédio sexual no trabalho tem vínculos instáveis. E 82% dos autores são homens.
O que é assédio para as mulheres?
A percepção sobre o que constitui assédio evoluiu nos últimos 26 anos, revela também o estudo "Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho", que comparou os resultados de um inquérito de 2015 com os de 1989. Um olhar insinuante é agora considerado assédio pela maioria das mulheres. As dúvidas desaparecem quando a situação é mais explícita.
Superiores hierárquicos e chefias são os principais autores
Superiores hierárquicos ou chefias directas são os autores mais frequentes das situações de assédio sexual no trabalho quer quando o alvo são homens (33,3%) quer mulheres (44,7%). Em o peso era menor: 32% dos casos relatados pelas mulheres. As situações da autoria de clientes, fornecedores ou utentes também ganhou peso (de 11% para 25% segundo as mulheres).
Metade dos homens assediados finge que não nota
Mulheres e homens reagem de forma diferente. Mais de metade das mulheres (52%) diz que mostra imediatamente desagrado numa situação de assédio sexual no trabalho, quando menos de um terço dos homens (31,3%) diz ter esta reacção. O estudo revela ainda que num primeiro momento metade dos homens faz de conta que não percebe o que se está a passar.
A maioria espera que a situação não se repita
Questionados sobre a reacção não imediata ao assédio sexual no trabalho, 60,3% das mulheres e 47,9% dos homens disseram esperar que a situação não se repita. Há quem decida falar com colegas ou com pessoas influentes na empresa. Se 37,5% dos homens e 11,2% das mulheres reconhecem que não fizeram nada, 4,5% das mulheres dizem que se demitiram.
Mulheres temem consequências profissionais negativas
Cerca de um terço dos homens justifica a sua reacção com o facto de não saber a quem recorrer. O medo de sofrer consequências profissionais é a principal justificação dada pelas mulheres (26,4%), também assumida por um quarto dos homens. Um quinto das mulheres afirma que foi aconselhada a manter o silêncio e 18,4% revela que teve medo de um despedimento.