Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

CGTP-IN critica "Governo dos grupos económicos"

PS, BE, PCP e PAN marcaram presença no tradicional desfile do 1.º de Maio, em Lisboa, e defenderam aumentos salariais e melhores condições para os trabalhadores.

LUSA_EPA
01 de Maio de 2024 às 18:35
  • ...
O secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, afirmou esta quarta-feira que Portugal tem "um Governo dos grupos económicos" e que é "urgente uma rutura" que faça o país crescer, para que todos consigam viver e trabalhar condignamente.

"Temos muito caminho pela frente, muito caminho para trilhar. Temos um Governo dos grupos económicos [...], mas ainda na semana passada tivemos uma das maiores manifestações de sempre em defesa e afirmação dos valores de Abril", disse Tiago Oliveira perante milhares de pessoas concentradas nos jardins da fonte Luminosa, na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa.

Quando se assinala o Dia do Trabalhador, o secretário-geral da CGTP-IN deixou a garantia de que a intersindical vai estar atenta e alertou no sentido de esclarecer e mobilizar os trabalhadores para a luta.

"Cabe a todos nós, em cada empresa, em cada local de trabalho, lutarmos por uma vida melhor", disse. Recordou a manifestação por ocasião do 25 de Abril, que classificou como "uma das maiores de sempre em defesa e afirmação dos valores de Abril", para defender que a manifestação de hoje, que juntou milhares de pessoas, é a prova de que "Maio afirmou Abril".

"Hoje, como há anos, dizemos aqui estamos e estaremos sempre, na luta por um mundo melhor, mais justo e solidário, onde o valor do trabalho seja reconhecido, para pertencer ao povo o que o povo produzir", defendeu.

Destacou que o poder de mudança está nas mãos dos trabalhadores e na sua capacidade de luta e mobilização, apontando que cada um é construtor de tudo o que de bom existe na sua vida e que "é possível uma vida melhor".

"É imperioso prosseguir a intensificar a luta porque é urgente uma rutura, uma real mudança, que coloque o país a produzir e a crescer, que garanta a todos os que aqui querem viver e trabalhar as condições que hoje são negadas", disse Tiago Oliveira.

Para o líder da CGTP-In, "é urgente" que os salários tenham um "geral e significativo" aumento porque esse é o "elemento central" para conseguir a rutura pela qual a intersindical luta, uma vez que só isso "garante o combate às desigualdades" ou a valorização de profissões e carreiras.

Tiago Oliveira frisou que "é possível aumentar os salários com o nível de riqueza que hoje se produz", deixando novamente a reivindicação de um aumento salarial de 15% a que corresponda pelo menos 150 euros em todos os ordenados, além do aumento do salário mínimo nacional para mil euros.

Além do aumento dos salários, a CGTP quer também que haja uma redução do tempo de trabalho para 35 horas sem quaisquer perdas de remuneração, bem como o "reforço e melhoria dos serviços públicos".

Durante o seu discurso, Tiago Oliveira aproveitou para exigir, logo no início da sua intervenção, que "parem de tocar os tambores da guerra", defendendo que "a solução dos conflitos deve ser feita pela via política" e aproveitando para enviar a "todos os povos do mundo, uma palavra de fraternidade".

Na opinião do secretário-geral da CGTP, a guerra de Israel na Palestina -- "responsável por mais de 34 mil mortes, quase metade crianças" -- é a prova de que "não são os povos, não são os trabalhadores que promovem as guerras".

No final, a CGTP-In aprovou, por unanimidade, uma resolução que exige o aumento dos salários, o combate à exploração e a garantia de direitos, que inclui, entre outros, a reposição do direito da contratação coletiva, o aumento das pensões de reforma ou o reforço do investimento nos serviços públicos.

PS, BE, PCP e PAN defendem aumento dos salários e melhores condições para trabalhadores

PS, BE, PCP e PAN marcaram presença no tradicional desfile do 1.º de Maio, em Lisboa, e defenderam aumentos salariais e melhores condições para os trabalhadores.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou que os trabalhadores enfrentam questões como "baixos salários, longos horários de trabalho, muita precariedade, muitos contratos a prazo".

"Queremos menos tempo de trabalho, melhores salários e condições mais estáveis de vida, porque no fim é só isso que procuramos para ter uma vida melhor e um futuro melhor", defendeu, considerando que "o país se torna mais forte, cresce mais, é mais igual, se for capaz de pagar melhores salários, dar melhores condições de trabalho, dar mais estabilidade no emprego, mas também menos horas de trabalho".

A líder do BE destacou algumas propostas do seu partido, nomeadamente o aumento do salário mínimo para 900 euros e a implementação da semana de quatro dias de trabalho e de leques salariais.

Mariana Mortágua acusou o Governo de dar "sinais contrários" e referiu que "não há um compromisso sério com o aumento do salário mínimo, nem nenhuma proposta para aumentar os salários médios".

Na ocasião, a coordenadora do BE foi também questionada sobre a exoneração da provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e afirmou que a "troca de cadeiras" não resolve "os problemas do país", acusando o executivo de "confusão atrás de confusão" e de ainda não ter feito nada de concreto desde que iniciou funções.

Também presente na marcha entre o Martim Moniz e a Alameda D. Afonso Henriques, o secretário-geral do PCP considerou que esta é "uma grande demonstração de força", na qual os trabalhadores reivindicam "justas exigências por uma vida melhor, por mais salários, mais direitos, contra a precariedade, por horários dignos" e por mais justiça "na distribuição da riqueza".

O dirigente comunista avisou que o Governo "não está de mãos livres" e defendeu que aqueles "que trabalham todos os dias são os que põem o país a funcionar, são os que põem a economia a funcionar, e merecem respeito, valorização e uma vida melhor e mais salário".

"Era bom que o Governo, de uma vez por todas, cumprisse as promessas que fez a vários setores profissionais" e "deixasse de se submeter aos interesses de outros, nomeadamente Bruxelas e se submetesse aos interesses da maioria", afirmou Paulo Raimundo.

A cabeça de lista do PS às eleições europeias, Marta Temido, assinalou que o 1.º de Maio é "uma festa, uma festa de celebração do trabalho e da importância do trabalho como valor fundamental da estruturação das sociedades".

A deputada assinalou "a importância do trabalho na agenda europeia" e apontou que os candidatos ao Parlamento Europeu têm "uma grande responsabilidade em relação a um conjunto de compromissos, com uma agenda de trabalho mais digno, melhores salários, naturalmente, sempre com mais emprego, mas também com melhores condições de vida para os trabalhadores".

"Aquilo que a Europa assumiu e que Portugal traduziu para as suas metas nacionais em relação à taxa de emprego, em relação à taxa de população adulta a fazer formação que permita lidar com os novos desafios do mundo trabalho, em relação à diminuição da pobreza, são desafios que não são só para ficar no papel", indicou a candidata e dirigente do PS.

Também questionada sobre a provedora da Santa Casa, a antiga ministra da Saúde disse que este processo "suscita apreensões" e que é preciso aguardar as explicações dos envolvidos no parlamento "para perceber o que é que de concreto se passou".

A porta-voz do PAN considerou que é preciso "garantir a dignidade e valorização dos trabalhadores" e defendeu uma "agenda do século XXI", que se reflita numa "economia de felicidade e bem-estar".

A deputada única do Pessoas-Animais-Natureza referiu também ser "fundamental que se retome a negociação relativamente à valorização de várias carreiras, como enfermeiros, professores e forças de segurança", pedindo ao Governo que saia "da política da propaganda".

Inês de Sousa Real insistiu ainda na atualização dos escalões de IRS tendo em conta a inflação, defendendo a necessidade de "aliviar a carga fiscal, que é demasiado pesada para os trabalhadores".

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio