A presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, foi entrevistada por Miguel Frasquilho e Marta Dhanis.
"A expansão e a internacionalização da Euronext nos últimos 20 anos foi impressionante. O núcleo inicial foi criado em 2000, com três mercados, França, Holanda e Bélgica. Seguiu-se Lisboa em 2002, e hoje, são sete mercados totalmente integrados na mesma plataforma de liquidez, e 18 países, se contarmos a presença em mercados integrados e não integrados", referiu Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, desde 2019, ao programa do Negócios "Economia Sem Fronteiras" transmitido no canal Now.
Em 2007 deu-se um passo que juntou as bolsas de dois lados do Atlântico Norte, a Euronext e New York Stock Exchange. Este sonho desfez-se sete anos depois e a Euronext foi adquirida por uma série de investidores europeus e passou a ser também uma empresa cotada. A separação foi provocada pela constatação que as sinergias e os objetivos de de-senvolvimento não se tinham concretizado, havia diferenças operativas, de regras de mercado, de regulação e até de dimensão, porque a Euronext "não tinha a dimensão atual", reconhece Isabel Ucha.
Em 2014, deu-se uma nova etapa de expansão. A Euronext tinha cerca de 600 colaboradores e estava em quatro países, passou para cerca de 3 mil colaboradores e em 18 países, tendo adicionado a Bolsa da Irlanda em 2018, da Noruega em 2019, uma operação de mercado na Dinamarca em 2020 e o grande grupo de bolsas de mercado em Itália em 2021.
Presença "tech" em Portugal
Este caminho de crescimento e de integração, deve-se muito ao que Isabel Ucha chamou "o mercado único de capitais", que só foi possível "porque há um conjunto de legislação europeia que está harmonizada", que permite "a verdadeira integração dos mercados" e que uma empresa cotada, em qualquer país, ou independentemente do investidor, onde quer que ele esteja, aceda "a esta plataforma com as mesmas regras e a mesma infraestrutura tecnológica". Isabel Ucha recorda ainda que este movimento também foi suportado pela criação do euro como moeda única.
Estas condições aumentaram as possibilidades de negociação, a liquidez e a qualidade da formação de preço das empresas que estão cotadas, "que é extraordinariamente importante para melhorar as condições de financiamento de uma empresa, incluindo as portuguesas. Se for num mercado com mais liquidez, com mais investidores, com mais intermediários, é naturalmente muito mais fácil e mais eficiente", complementa Isabel Ucha.