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Carlos Silva: "Somos contra despedimentos na função pública"

Diálogo com a CGTP é uma prioridade do líder da UGT. Carlos Silva dmite uma greve geral conjunta se avançarem os despedimentos na função pública.

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O novo líder da UGT admite avançar para uma greve geral caso o Governo anuncie despedimentos na Função Pública. Em entrevista ao programa do Negócios na CMTV, Carlos Silva reafirma a intenção de se aproximar da CGTP, na mesma tarde em que Arménio Carlos se mostrou aberto a estabelecer pontes.

A UGT tem sido a única central sindical disposta a dialogar sobre as medidas de austeridade. Essa posição vai manter-se ou estaremos perante uma UGT mais radical?

A UGT não vai inverter o caminho que sempre foi a sua tónica. Vai, naturalmente, manter a disponibilidade para o diálogo e para a concertação. Mas diálogo, negociação e concertação têm, também, de ser compaginados com momentos de luta. A rua vai ter de ser aproveitada pelos trabalhadores para rejeitarem as políticas de austeridade que neste momento estão a violentar fortemente todos os cidadãos do nosso país.

A UGT, e em particular João Proença, tem sido acusada de muitas vezes de estar mais próxima dos patrões do que propriamente dos trabalhadores. Isso vai mesmo mudar?

Permita-me discordar. É algo que aqueles que discordam da postura da UGT facilmente martelam na comunicação social. Fazem comunicados, tentam desprestigiar. Nem sempre os acordos que a UGT tem celebrado com os vários e sucessivos governos têm passado na sua mensagem construtiva. Temos de saber explicar aos trabalhadores porque é que fazemos acordos. E, quando se fazem acordos, é porque não nos resta outra solução se não fazê-los.

Assumiu na sua intervenção no fim-de-semana a sua militância no PS desde a juventude. Uma acusação que é feita à UGT é de, por vezes, servir de muleta do Governo. Receia que essa afirmação possa vir a ser interpretada como a UGT passar a ser uma muleta do PS?

Se há alguma coisa que defendo na vida política, e não ando na vida política há muitos anos, é a transparência. (...) Eu assumi-me como aquilo que sempre fui: sou socialista desde os 18 anos.

Uma das situações que tem sido falada e que poderá ir para a frente são os despedimentos na administração pública. Qual é a sua posição e da UGT relativamente a esta matéria?

Não podem ser sempre os trabalhadores a pagar e a assumir responsabilidades por políticas de austeridade que já se provou estarem erradas para o país. Não foram os trabalhadores os culpados de o Tribunal Constitucional ter decretado quatro normas inconstitucionais que provocaram um rombo no orçamento de 1.300 milhões de euros. O Governo tem de apresentar aos parceiros sociais, em sede de concertação social, as suas propostas de medidas, mas passíveis de discussão. Somos radicalmente contra os despedimentos na administração pública.

Em relação à GCTP, está disposto a retomar o diálogo depois de anos de afastamento?

No momento que estamos a atravessar, não faz sentido que o movimento sindical esteja de costas voltadas. Há coisas em que nós nunca nos entenderemos. Poderão estar esgotadas algumas portas do diálogo, mas julgo que há sempre uma porta aberta à tentativa de encontrarmos consenso e pontos de convergência. Era inaceitável que isso não acontecesse.

Acha provável que cheguem a um acordo para uma greve geral?

Acho provável. Há caminho para tudo, inclusivamente para isso [greve geral], se esse for o caminho e se a questão que me foi colocada em relação aos eventuais despedimentos na administração pública possa prosseguir como uma medida concreta que o Governo nos venha a apresentar.

Vai lutar, portanto, por essa convergência?

Lutarei por todas as formas de convergência, não apenas com a CGTP, porque há outros actores na sociedade portuguesa recém-criados que nós não podemos escamotear e ignorar. Eles existem. (...) No ano passado, participei no congresso das alternativas, que tem figuras importantes da sociedade portuguesa ligadas ao movimento sindical, como Carvalho da Silva, ao movimento académico, como José Reis e Jorge Leite.

O Conselho de Ministros vai discutir e aprovar, presume-se, um plano dirigido ao crescimento económico. Consegue nomear três medidas que gostaria de ver integradas nesse plano?

Em primeiro lugar, é preciso financiar a economia e, portanto, tem de ser o Governo a encontrar com a banca a forma de esta financiar as empresas em Portugal. Os custos de financiamento que estão disponibilizados pela banca são elevados. Eu venho do sector bancário e, portanto, sei que os apoios às PME têm taxas de juros elevadíssimas. É fundamental renegociar o memorando com a troika e, aí, tem de ser o Governo a evitar uma certa submissão em relação à Alemanha, à troika e ao FMI, que entraram em Portugal e implementaram medidas que está provado estarem erradas. Não esqueçamos que a UGT já fez algumas propostas na área da reabilitação urbana e da reindustrialização do país.

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